Fazendeiros acusados de ataque a indígenas vão a júri popular em MS

Christian Braga/CIDH
Christian Braga/CIDH

Cinco fazendeiros denunciados pelo Ministério Público Federal pelo ataque a uma comunidade guarani- -kaiowá na fazenda Yvu, em Mato Grosso do Sul, serão julgados pelo Tribunal do Júri. A decisão é da 1ª Vara da Justiça Federal, em Dourados (MS).

Conhecido como Massacre de Caarapó, o ataque aconteceu em 2016 e causou a morte de um indígena. Outros seis foram feridos por armas de fogo.

O grupo responde pelos crimes de homicídio qualificado, tentativa de homicídio qualificado, formação de milícia armada, dano qualificado e constrangimento ilegal.

Em depoimentos, os fazendeiros Nelson Buaianin Filho, Virgílio Mettifogo, Jesus Camacho, Dionei Guedin e Eduardo Yoshio Tomonaga negaram todas as acusações

O julgamento em Tribunal do Júri foi um pedido do Ministério Público Federal, apresentado nas alegações finais do processo.

Segundo a denúncia, os cinco fazendeiros organizaram, promoveram e executaram o ataque à comunidade indígena Tey Kuê. As investigações apontaram que 40 caminhonetes, com o auxílio de três pás-carregadeiras e mais de 100 pessoas, muitas delas armadas, retiraram à força um grupo de 40 indígenas de uma propriedade ocupada por eles. Os indígenas entraram na área reivindicando-a, como terra tradicional guarani- -kaiowá.

O agente de saúde guarani-kaiowá Clodiode Aquileu Rodrigues de Souza, 26, foi morto com um tiro no abdômen e outro no tórax, durante o ataque. Outros seis indígenas foram atingidos por disparos, entre eles, uma criança de 12 anos. 

Nas alegações finais do caso, no entanto, o Ministério Público Federal afirmou que o conjunto de provas demonstra a existência de crime doloso contra a vida e indícios suficientes de autoria para que os réus fossem levados a Tribunal do Júri

O local do conflito foi uma das áreas declaradas como terra indígena nas últimas semanas da gestão da ex- -presidente Dilma Rousseff (PT). Segundo a Funai divulgou na época, o território tem 55,5 mil hectares e atenderia cerca de 5,8 mil indígenas guarani-kaiowá de quatro comunidades diferentes, entre os municípios de Caarapó, Laguna Caarapã e Amambai, todos em Mato Grosso do Sul.

A violência contra os guarani-kaiowá é constante há anos na disputa de território na região. Desde 2003, ao menos dez lideranças foram assassinadas no Estado, contabiliza a Apib.

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