Antes de dar ou receber animais de presente é preciso considerar as demandas que vem com a adoção
Com a chegada das festas de final de ano e período de férias, o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de Campo Grande alerta para a alta incidência de abandono de animais que acontece nesta época. De acordo com dados do órgão, entre janeiro e setembro de 2025, já foram recebidas 130 denúncias neste sentido, número que tende a aumentar, seja porque alguns pets ficam sozinhos durante viagens em família, seja porque são dados como presente e logo depois rejeitado por quem recebeu.
Para evitar que gatos, cachorros e outros pets sofram com o abandono, o Controle de Zoonoses orienta que, antes de adotar ou receber um animalzinho de presente, o futuro tutor tome essa decisão de forma consciente, garantindo o bem-estar do animal a ser adotado.O CCZ ainda esclarece que em Campo Grande não há um espaço público específico para receber animais rejeitados, o que reforça a necessidade da adoção ser uma escolha bem pensada.
Em consonância com as orientações do CCZ, a médica-veterinária especialista em pequenos felinos, Celisse Garcia, destaca que antes de adotar um animal ou aceitá-lo como presente, é preciso saber que este é um compromisso a longo prazo, já que eles podem viver uma média de 15 anos e demandam cuidados e atenção do tutor.
“O ideal é toda pessoa, antes de ter ou dar de presente um animal, analisar as condições para ter um pet, porque ele vai precisar de vacina, consultas periódicas, exames e tratamento dentário, e pode acontecer dele ficar doente. Então, é preciso fazer essa análise”, disse.
A veterinária ainda frisa que se a pretensão é dar o animal como presente para uma criança, é importante pedir permissão aos responsáveis e saber se ela conseguirá cuidar de forma adequada.
“Se for dar um animal de presente não o trate como um objetivo, porque é um ser vivo que demanda cuidados. Então, se não a criança ou adulto não está preparado para ter um pet, opte por outros presentes. É interessante adquirir um animalzinho se a pessoa tiver condições, porque ele vai viver durante anos e vai precisar cuidar e investir nele para que tenha saúde e uma boa vida”, orientou.
Celisse ainda faz um apelo para que as pessoas que não tenham condições de cuidar do animal ganhado não o abandone na rua, evitando que ele sofra com doenças e com outros problemas.
“E caso a pessoa ganhe um animal e não possa ficar com ele, não o jogue na rua. Procure uma outra pessoa que possa adotar e que vá cuidar deste animalzinho, mas não o abandone, porque ele vai sofrer, vai passar fome, pode ser atropelado. É um ser vivo que também tem sentimentos, então, a gente precisa ter uma consideração com eles também”, destacou.

Foto: divulgação
Cuidados para fim de ano
O final do ano também traz outros desafios aos tutores de pets, que precisam preparar seus animais para o momento da soltura de fogos de artifício, comuns na noite de Natal e no Réveillon, bem como para as férias em família, quando muitos optam por deixá-los em casa.
Neste sentido, é importante que os animais não fiquem desassistidos mesmo na ausência da família, já que deixar o ambiente sujo e em condições insalubres, a irregularidade na alimentação e a falta de cuidados básicos podem configurar como abandono e maus-tratos.
Celisse reforça que para manter o animal sadio e dentro da rotina, o tutor pode optar por pedir auxílio para amigos e familiares para que façam visitas regulares aos pets, bem como hospedá-los em hotéis especializados, onde irá receber todos os cuidados necessários.
“Esse animal precisa de troca de água, alimentação, um ambiente seguro e de monitoramento. Tem a opção dele ficar em um hotelzinho, mas também pode chamar uma pessoa para cuidar. Na cidade temos serviços de pet sitter, que é bem útil, porque esses profissionais podem até passear com os animais”, sugeriu.
Já para as noites em que os fogos de artifício podem incomodar os animais, a veterinária orienta que é preciso deixá-los em algum local seguro e longe do barulho, se possível, já que tendem a ficar assustados.
“É importante que os animais não fiquem sozinhos em casa, porque podem passar mal por causa do barulho, então, os hoteizinhos também são uma boa opção”, disse.
Ainda por causa do incômodo causado pelos fogos, a veterinária lembra que é importante deixar os pets em locais fechados e com difícil acesso à rua, já que podem fugir por causa do estresse causado, estando sujeitos à atropelamento ou desaparecimento.
“Nesses momentos de festas é preciso deixar os animais em locais que eles não consigam fugir, porque acontece muita fuga de animal e temos muitos casos de animais atropelados e perdidos. Então, é preciso ter cuidado e deixá-los em algum lugar sem acesso à rua para que não tenha riscos”, concluiu.
Por Ana Clara Julião
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