Projeto da Águas Guariroba em parceria com o poder público municipal monitora mananciais que deságuam no lago
Não é novidade que um dos tradicionais pontos turísticos da cidade, responsável por reunir visitantes diariamente, abriga um grande ecossistema. O Lago do Amor, como é conhecido, é um lago artificial que atrai casais, famílias, esportistas e diversos moradores que passam pelo local todos os dias. Mas, para além do lazer, existe ali também a fauna local, que depende do controle de um bem essencial para a vida: a água.
Em Campo Grande, o projeto Córrego Limpo, uma parceria entre a Águas Guariroba e a Prefeitura da Capital, monitora a qualidade da água nos córregos da cidade. No caso do Lago do Amor, dois córregos deságuam no local: o Cabaça e o Bandeira. Ambos fazem parte da microbacia do Bandeira, que possui cerca de 15 km² e também recebe drenagem do Córrego Portinho Pache.
O esgoto não tratado pode causar prejuízos ao meio ambiente, como morte de peixes e outros animais, proliferação de algas (eutrofização), redução de oxigênio na água e contaminação da cadeia alimentar. Animais podem adoecer ao ingerir água ou alimentos contaminados e também se enroscar em lixo. No entanto, a realidade em Campo Grande é diferente. Com índice de qualidade da água considerado bom, os córregos não apresentam níveis elevados de efluentes. Em 3 de junho de 2025, a parceria entre o poder público municipal e a Águas Guariroba foi renovada, reforçando a proteção dos córregos e, consequentemente, da vida local.

Córrego Cabaça desagua no Lago do Amor e está com índice bom de qualidade da água segundo o projeto Córrego Limpo. Foto: Carlos Bastos
As placas, que passaram por revitalização em 2023, trazem as classificações das análises trimestrais dos córregos divididas em cinco categorias: ótimo, bom, regular, ruim e péssimo. A população também pode conferir pelo QR Code disponível nas placas os dados completos das análises. Os córregos Cabaça e Bandeira estão dentro da Microbacia do Bandeira. Nela foram distribuídos nove pontos de amostragem, sendo seis no Bandeira, dois no Cabaça e um no Portinho Pache.
Abaixo é possível ver o curso dos córregos até o Lago do Amor.

Foto: (Mapas adaptados de LE BOURLEGAT, 2000, DNIT-BR e Google Maps).
Lago Urbano abriga até visitantes
O esgoto tratado ajuda a preservar toda a biodiversidade. Só no Lago do Amor, por exemplo, já foram catalogadas 231 espécies de animais residentes e visitantes ocasionais, sendo 150 de aves, 30 de mamíferos, 23 de répteis, 19 de peixes e 9 de anfíbios. Tudo isso em um lago totalmente inserido na área urbana, conforme demonstrado pelo estudo elaborado pelo professor Fernando Rogério de Carvalho, do Inbio (Instituto de Biociências), que resultou no Guia de Identificação dos Vertebrados do Lago do Amor.
Entre os animais do local estão a perereca-verde-pontilhada e o frango-d’água-azul. Os anfíbios são considerados ótimos indicadores de qualidade ambiental, por serem muito sensíveis a mudanças no ambiente.

A perereca-verde-pontilhada é encontrado na Lago do Amor. (Foto: Reprodução/Diego Santana)

O Frango-d’água-azul é uma espécia visitante no Lago. (Foto: Reprodução/Rudi Laps)
Para o engenheiro ambiental Yan Almeida Mores, 30 anos, que atua com tratamento de efluentes, e mauseuio de recursos hídricos, tornar público os índices de qualidade dos córregos é essencial para a população. Esses córregos urbanos que passam pela cidade e deságuam no lago, estão no meio da cidade. É extremamente importante apresentar esses índices, para a população comum, para ver que está tendo uma gestão eficaz e eficiente para que todo esse ecossistema, para que todo esse recurso se mantenha em equilíbrio.” pontua.
Segundo a última atualização do projeto, houve aumento de 22% nas classificações consideradas boas e redução de 16% nos registros classificados como ruim.
O engenheiro explica que, ao longo do percurso dos córregos, diversos testes são realizados para comprovação de parâmetros físicos, químicos e biológicos, desde a nascente até o ponto de deságue. “São feitas análises de pH, coliformes totais, DQO (Demanda Química de Oxigênio), DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), temperatura, turbidez, oxigênio dissolvido, sólidos e sedimentos. Todos esses parâmetros precisam estar de acordo com a legislação ambiental do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e também com a legislação federal. Isso garante que os corpos d’água estejam aptos a receber o selo de índice de qualidade da água e que se mantenha o equilíbrio da região de influência do Lago do Amor.”
Segundo a Águas Guariroba, são mais de 83 pontos de coleta espalhados pela cidade. A partir deles, o Projeto Córrego Limpo realiza análises trimestrais. A Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente) também realiza fiscalizações para detectar ligações irregulares ou clandestinas.
Nesse cuidado com a água que circula pelos córregos, um fator que vai além das instituições é fundamental: o socioambiental. Grande parte da boa conduta de não jogar lixo ou resíduos sólidos nos córregos depende da população.
Yan reforça que medidas educacionais são indispensáveis para um controle realmente eficaz. A questão dos recursos hídricos está diretamente ligada à gestão de resíduos sólidos. “Uma gestão eficiente depende de educação ambiental em escolas, instituições privadas, órgãos públicos e comunidades.” finaliza.

Foto: Carlos Bastos
O Projeto Córrego Limpo também trabalha a conscientização ambiental, contribuindo para o desenvolvimento urbano sustentável.
Por Carlos Bastos
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