Em bloco unificado, região composta por 14 municípios pretende acelerar o desenvolvimento
A precariedade das rodovias estaduais, a baixa integração entre os municípios e a falta de investimentos estratégicos impulsionam uma nova articulação entre lideranças políticas, empresariais e da sociedade civil do Conesul de Mato Grosso do Sul. A região, composta por 14 municípios, quer agir como um bloco unificado para cobrar ações concretas do poder público e acelerar o desenvolvimento regional, com foco em logística, infraestrutura, agricultura e atração de investimentos.
Para o vereador de Iguatemi, Aguinaldo Zorba, a situação das estradas é hoje o principal gargalo. “Consideramos como demanda mais urgente a recuperação e ampliação das rodovias estaduais, especialmente por meio de obras de restauração e da construção de terceiras faixas. Isso é essencial para garantir segurança e eficiência no escoamento da produção e no deslocamento da população”, afirma.
A deputada estadual Mara Caseiro, que participou da audiência pública realizada no último dia 16 em Iguatemi, reforça a urgência da pauta. “As prioridades imediatas incluem a recuperação e melhoria das rodovias estaduais, com destaque para a MS-180, essencial para o escoamento da produção e ligação entre municípios estratégicos.”
Segundo a parlamentar, há obras em andamento. “De acordo com representantes da Agesul, já existem projetos de revitalização em andamento, como os da MS-289 e MS-156, e a recuperação da MS-180 já se encontra em fase de licitação. Isso indica que essas obras estão entre as prioridades do Governo do Estado e contam com previsão de recursos orçamentários.”
Audiência Pública
O movimento pela valorização do Conesul ganhou força após a audiência pública, que reuniu representantes do Governo do Estado, deputados estaduais, vereadores e integrantes do setor produtivo. “Estamos elaborando documentos formais que serão protocolados junto à Assembleia Legislativa e ao Governo do Estado. Também será criada uma comissão técnica para dar seguimento às propostas discutidas”, explica Zorba.
Outro ponto central do debate é a necessidade de fortalecer a cooperação regional entre os municípios. O ex-prefeito de Iguatemi, José Roberto, destaca a importância de unir forças: “Está se iniciando aqui uma organização dos vereadores do Conesul, das 14 câmaras municipais. Foi apresentado o exemplo da Socipar de Paranavaí, uma associação que deu certo a nível de desenvolvimento regional. Agora queremos ver se conseguimos criar uma estrutura parecida aqui, organizada paralelamente em apoio ao trabalho dos vereadores, para buscar conquistas conjuntas.”

Foto: Roberta Martins
Referência
Durante o encontro em Iguatemi, foi apresentado como modelo de referência o Polo de Agricultura Irrigada do Noroeste do Paraná, coordenado por Demerval Silvestre, presidente da Socipar, da Apip e do grupo gestor do polo agrícola daquela região. Para ele, o Conesul tem condições de seguir caminho semelhante. “É possível criar um ambiente mais favorável à geração de empregos e ao aproveitamento dos recursos locais. O exemplo do Paraná mostra que a cooperação regional pode trazer resultados sólidos”, defende.
Silvestre avalia que o avanço socioeconômico depende diretamente da organização da sociedade civil. “Essa região está como nós estávamos há dez anos: com dificuldades. Mas quando a sociedade se organiza, começa a impor respeito, e o governo passa a enxergar que ali tem projeto, tem ideia, tem demanda real.”
Segundo ele, o modelo paranaense começou de forma modesta. “Tudo começou com um grupo pequeno. Hoje temos ligação direta com a presidência da Copel e conseguimos resolver questões como queda de energia e infraestrutura.” Ele destaca que “100% das reivindicações que fizemos foram atendidas pela Copel — algumas já implantadas, outras em fase de implantação.”
A chave, diz, é não depender apenas do poder público: “A sociedade tem uma força incrível, mas precisa se organizar. Não pode ficar só esperando do governo.” Silvestre vê com bons olhos os primeiros passos dados no MS: “Fizemos a primeira reunião aí. Já percebi que as lideranças estão se movimentando. É preciso centralizar em alguém que coordene esse processo.”
Outra preocupação apontada por ele é a insegurança fundiária. “O que vi aí me preocupou. Onde tem conflito fundiário, as terras perdem valor. Ninguém investe numa região insegura.” Para reverter esse cenário, ele defende a estrutura técnica: “Tudo exige respaldo técnico e jurídico. A gente precisa ter estudos, apresentar dados, senão não decola.”
Silvestre também chama atenção para o papel estratégico da comunicação. “A imprensa é fundamental para dar visibilidade e credibilidade. Quando mostramos que temos organização, conseguimos apoio — inclusive de secretários, deputados e senadores.”
A deputada Mara Caseiro destaca que o papel da Assembleia Legislativa é justamente atuar como ponte entre as demandas regionais e o governo estadual. “Tenho trabalhado ativamente como interlocutora entre os municípios do Conesul e o Governo do Estado, cobrando celeridade nos investimentos.”
Ela reforça que a Assembleia seguirá acompanhando de perto os projetos. “Estamos atentos ao orçamento estadual e à execução das obras prioritárias, para garantir que saiam do papel e beneficiem nossa gente.”
Infraestrutura crítica
A avaliação sobre o estado atual da infraestrutura é unânime: a situação é crítica. “As más condições das rodovias causam prejuízos econômicos e colocam vidas em risco. A situação é grave e exige respostas imediatas”, alerta Zorba.
A expectativa das lideranças locais é que o Governo do Estado inicie ainda este ano as ações mais urgentes. “Há sinalização de que as propostas discutidas com os técnicos do governo comecem a sair do papel no segundo semestre de 2025.”
Zorba também reforça o papel fundamental da mobilização popular. “Houve engajamento na primeira audiência e vamos manter esse diálogo ativo com novas reuniões e consultas públicas. A população está cansada de esperar e quer ver resultados.”
Polo estratégico
Com forte vocação agropecuária, o Conesul quer se posicionar como um polo estratégico para a economia sul-mato-grossense — desde que receba a atenção proporcional à sua importância. “Esperamos que os governos estadual e federal reconheçam o valor estratégico da nossa região e priorizem os investimentos. Chegou a hora de sair da promessa e partir para a ação”, conclui o vereador.
Como resume Demerval Silvestre, “não se pode subestimar a sociedade civil. Se tiver liderança e organização, dá pra transformar qualquer região.”
Por Suelen Morales
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