Questionamentos sobre os valores e faixa etária de aplicação estão sendo recorrentes
A nova aliada no combate à dengue, a vacina Qdenga (TAK003), já está disponível na rede particular de Campo Grande, desde junho. No entanto, as clínicas de imunização informaram que a população, neste primeiro momento, tem procurado mais por informações sobre o imunizante do que pela aplicação em si. Em levantamento feito pelo jornal O Estado, as clínicas de imunização Imunitá, Sabin e Vaccini apontaram que as principais dúvidas da população, são: qual o valor da vacina; contra quais doenças ela protege; quantas doses são necessárias e qual o intervalo; e, ainda, qual a faixa etária indicada.
Este é o caso da confeiteira, Regiane Dantas, 38, que ainda não sabia que o novo imunizante estava disponível. “Eu não sabia sobre a vacina e a partir de quantos anos já pode tomar. Vou pesquisar sobre os testes e a eficácia. Já tive dengue duas vezes”, revelou.
Conforme a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a vacina Odenga, desenvolvida pela empresa Takeda Pharma, do Japão, é um novo imunizante que combate os quatro tipos de vírus da dengue (DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4). Seu registro foi aprovado em março deste ano, por meio da resolução RE 661/23.
A vacina é recomendada para pessoas entre 4 e 60 anos de idade. O medicamento é aplicado em duas doses, no intervalo de três meses (90 dias), para o ciclo completo de proteção. Na Capital, o imunizante está disponível desde junho deste ano, na rede particular.
O valor médio de cada dose é R$ 600, podendo variar diante de convênios, pacotes ou forma de pagamento. Fora da faixa etária recomendada, a aposentada Helia Souza Luiz, 71, lamentou não poder ser imunizada. “Sempre considerei importante a vacinação, ainda mais agora, que a idade vai avançando e precisamos nos cuidar ainda mais. Uma pena que não posso tomar devido a minha idade e também que essa vacina não tenha chegado na rede pública. Há mais de 10 anos tive dengue hemorrágica e quase morri”, relembrou a aposentada.
O diretor técnico da Imunitá, Dr. Alberto Jorge Félix Costa, explicou que não há estudos clínicos fora da faixa etária indicada. “Pode se vacinar quem já teve e quem não teve a doença. Vale lembrar que existem diferentes cepas virais e, às vezes, a pessoa já teve infecção por uma das variantes e não tem imunidade para as demais. Por isso, é importante se vacinar para ampliar a capacidade imunológica”, ponderou. Todas as clínicas informaram que a demanda pelo imunizante está alta e contam com um bom estoque da vacina. Sendo assim, não há risco de faltar doses. Mas a população pode adquirir o pacote completo de imunização, contendo as duas doses.
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Diretor técnico da Imunitá, Dr. Alberto Jorge Félix Costa. Fotos: Nilson Figueiredo
Sobre a vacina
A nova vacina Qdenga, diferente da sua antecessora Dengvaxia, pode ser aplicada em pessoas que ainda não foram infectadas pela dengue e, de acordo com a Anvisa, a vacina é indicada para crianças acima de 4 anos de idade, adolescentes e adultos até 60 anos. O esquema vacinal inclui duas doses, com o intervalo de 90 dias entre as aplicações.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), não existe tratamento específico para as formas de dengue ou dengue grave. Sendo assim, além da imunização, a vigilância epidemiológica, o diagnóstico e atendimento médico precoces são os mais adequados para a redução da mortalidade.
A nova vacina foi produzida a partir do tipo 2, vírus mais grave da doença, e tem proteção contra os quatro tipos de vírus – DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4 – sendo os tipos 1, 2 e 4 os mais comuns no Brasil. Já o tipo 3 não causa epidemias no país há cerca de 15 anos.
Conforme os estudos clínicos, o novo imunizante previne cerca de 80% dos casos gerais de dengue, cerca de 15% a mais do que vacinas anteriores, com redução em mais de 90% das hospitalizações.
Por fim, é importante reforçar que a nova vacina não elimina a necessidade de adoção das outras medidas que evitam a proliferação do mosquito, como: eliminar os criadouros do inseto, encher os pratinhos dos vasinhos de plantas com areia, tampar caixas d’água, cisternas e quaisquer reservatórios de água, limpar calhas e ralos, guardar garrafas e outros recipientes com a boca para baixo.
Casos da doença
Em Mato Grosso do Sul, até o momento, foram registradas 31 mortes por dengue e outros nove casos estão sendo investigados. Esse é o maior número de mortes dos últimos três anos, já que em 2021 foram registrados 14 óbitos e em 2022, 24 óbitos.
Em 2023, os casos confirmados da doença já passam dos 34 mil (34.639) e outros 48 mil são considerados casos prováveis. Dos 79 municípios do Estado, 73 apresentam alta incidência de dengue, conforme a SES/ MS (Secretaria Estadual de Saúde).
Já na Capital, do dia 1º de janeiro a 24 de junho foram notificados 13.391 casos de dengue no município, destes 8 foram casos graves e houve 4 óbitos e outra morte segue em investigação. Neste mesmo período, foram registrados seis casos de zika e oito de chikungunya.
Com alta incidência da doença, estão os bairros: Caiobá, Chácara dos Poderes, Los Angeles, Nova Campo Grande, Noroeste, Núcleo Industrial, Popular e Tijuca.
[Suelen Morales– O ESTADO DE MS]
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