Centro terapêutico aposta na reinserção social como resposta à dependência química

Foto: Divulgação
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Conheça o método que já impactou pacientes de todo o Brasil — e até do exterior

No coração da cidade de Itu (SP), um modelo pioneiro de tratamento para dependência química vem transformando a vida de pacientes e suas famílias. O Centro Terapêutico Novo Mundo aposta na reinserção social como parte essencial da reabilitação, com um método personalizado, multidisciplinar e, acima de tudo, humanizado.

Em entrevista ao O Estado, Francisco Zanetti,que é farmacêutico de formação e gestor do espaço, conta que há mais de uma década acompanha de perto a jornada de centenas de pessoas em busca de recomeço.

Aqui o paciente não fica institucionalizado. Ele não está isolado numa fazenda. Está em um espaço urbano, com acesso à equipe técnica e às experiências sociais que o ajudam a retomar a vida em sociedade”, explica.

O Novo Mundo recebe de 9 a 14 pacientes por vez, o que garante um atendimento altamente personalizado com uma equipe de mais de 25 profissionais. O tratamento, batizado de reabilitação biopsicossocial, integra atividades clínicas com experiências práticas: idas ao shopping, academia, viagens, aulas de tênis e até busca ativa por emprego, tudo sob acompanhamento técnico.

Reabilitação com prazo flexível e vínculos duradouros

Um dos diferenciais do espaço está no tempo de permanência. Enquanto outras instituições impõem estadias de seis meses, o Novo Mundo oferece **tratamento customizado**, com permanência mínima de 30 dias.

“Dentro desses primeiros 30 dias, nossa equipe desenvolve o Projeto Terapêutico Personalizado (PTP), que é apresentado ao paciente e sua família com metas, justificativas e possibilidades de ampliação do tempo de reabilitação”, explica Zanetti.

O vínculo, no entanto, não se encerra ao final do processo presencial. Os pacientes têm acesso ao atendimento ambulatorial e continuam recebendo suporte remoto, podendo inclusive agendar estadias curtas no centro sempre que sentirem necessidade.

Tratamento também é para a família

Um dos maiores desafios no tratamento da dependência química, segundo Zanetti, é a reconstrução dos laços familiares.

“Muitas vezes, a família já não acredita mais que aquela pessoa possa mudar. Por isso, nosso trabalho também envolve atendimento aos familiares, para que eles compreendam o processo, se fortaleçam e caminhem junto com o paciente.”

A filosofia da casa é clara: cada paciente é protagonista da própria história. E para isso, é preciso que a equipe e os entes queridos estejam alinhados com a proposta do tratamento.

Unissex, mas com estrutura segura para as mulheres

O centro recebe homens e mulheres, mas com protocolos específicos para cada gênero. As pacientes do sexo feminino são atendidas apenas em suítes individuais, com uma equipe exclusiva formada por mulheres, disponível 24 horas por dia.

“É uma questão de segurança e acolhimento. Elas nunca ficam desamparadas”, afirma o gestor.

Alta performance e vida qualificada

Zanetti também fala sobre o público que mais busca o Novo Mundo: empresários, médicos, advogados e profissionais de alta performance. Gente acostumada a trabalhar sob forte pressão e, muitas vezes, recorrer a substâncias como fuga.

“O grande desafio para esses pacientes é aprender a dizer não. Não ao álcool, à droga, ao convite. E sim à vida, à saúde, ao trabalho, à família”, diz.

O centro oferece, inclusive, a possibilidade de acompanhamento terapêutico em eventos sociais ou corporativos, garantindo que o processo de reabilitação continue mesmo fora das paredes da instituição.

Casos que marcam

Cada paciente carrega uma história única, mas algumas experiências são especialmente simbólicas.

“Já vimos casamentos serem salvos, empresas se reerguerem, pais voltarem para o convívio com os filhos, executivos que retomaram suas carreiras internacionais após anos no alcoolismo. Isso é o que nos motiva”, conta emocionado.

O Centro Novo Mundo é referência nacional, mas também atende pacientes da Europa e dos Estados Unidos. A maioria chega por indicação médica ou por outros pacientes que vivenciaram o tratamento. O público predominante é de classe média alta.

Além do espaço físico e do atendimento presencial, o projeto inclui um programa de televisão voltado à prevenção, videoaulas educativas e uma constante busca por atualização científica.

“Se houver uma nova técnica eficaz no mundo, o Novo Mundo vai adotar”, garante Francisco.

Para Francisco Zanetti, ainda há muito preconceito e desinformação sobre a dependência química. Mas a mensagem que ele deixa às famílias é clara:

“Não tenham vergonha. Busquem ajuda profissional e qualificada. O Brasil tem excelentes especialistas. A recuperação é possível.”

Dependência química no Brasil

Mais de 3,5 milhões de brasileiros apresentam transtornos relacionados ao uso de substâncias, segundo a Fiocruz.
O álcool é a droga mais consumida e a principal causa de internações por dependência.
A média de idade para início do uso de drogas ilícitas no país é de 13 anos.
Apenas 1 em cada 10 dependentes busca tratamento especializado.
A dependência química afeta toda a família: em 85% dos casos, há impacto direto nas relações familiares, segundo o Ministério da Saúde.

O que oferece o Centro Novo Mundo:

Tratamento biopsicossocial personalizado
Atendimento humanizado com equipe multidisciplinar
Acompanhamento familiar
Apoio ambulatorial no pós-tratamento
Atividades práticas para reinserção social
Estrutura especializada para pacientes femininas
Atendimento a brasileiros e estrangeiros

Suelen Morales

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