Brigada indígena atua ao lado do IHP no combate a incêndio que já devastou mais de 20 mil hectares na Serra do Amolar

Foto: Edu Clicks/Divulgação/IHP
Foto: Edu Clicks/Divulgação/IHP

A Serra do Amolar, uma das regiões mais preservadas e de maior importância ecológica do Pantanal, enfrenta um dos piores incêndios florestais do ano. Desde o dia 28 de setembro, as chamas consomem a vegetação em áreas de difícil acesso, desafiando o trabalho de brigadistas e instituições ambientais.

Na linha de frente do combate, estão a Brigada Uberaba Guató, formada durante os incêndios de 2024, e a Brigada Alto Pantanal, mantida pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP). A ação conjunta é reforçada pela integração da brigada indígena ao Prevfogo/Ibama, o que possibilita uma resposta coordenada e mais ampla à emergência ambiental.

Segundo o Chefe da Brigada Uberaba TI Guató, Matheus Gediel AssunçãoAlém Ferreira, também vice-cacique da comunidade, o trabalho tem sido árduo e de grande importância para proteger tanto a biodiversidade quanto o território indígena.

“Temos um ano como brigadistas voluntários e agora estamos contratados via Prevfogo. Na Aldeia Uberaba, temos um esquadrão para atividades de prevenção e outro atuando na Serra do Amolar. É um serviço muito importante, pois o fogo vem cada vez mais próximo do nosso território. Somos guardiões do Pantanal e queremos fazer um trabalho muito bem feito”, afirmou.

O incêndio teve início no topo de uma morraria a quase 900 metros de altitude, o que dificulta o deslocamento das equipes e a chegada de equipamentos. A fumaça se espalha por diversas regiões do Pantanal desde o começo de outubro, afetando comunidades e a fauna local.

As condições climáticas extremas agravam a situação: ventos acima de 40 km/h, temperaturas superiores a 35°C e a ausência de chuvas significativas impedem o controle das chamas.

As primeiras detecções por satélite apontavam cerca de 900 hectares queimados no início da ocorrência. Pouco mais de dez dias depois, o Painel do Fogo já registra 20,5 mil hectares atingidos, com mais de 70 focos ativos e um índice de propagação de 187 hectares por hora.

Força-tarefa no Pantanal

Atuam atualmente 30 brigadistas no combate — sendo 13 do IHP, 7 da Brigada Uberaba (Prevfogo) e 10 do Prevfogo de Corumbá —, com apoio diário de um helicóptero do Ibama e duas aeronaves da Defesa Civil Estadual, utilizadas para o lançamento de água sobre os focos mais intensos. Ainda não há previsão de encerramento dos trabalhos.

Brigada Uberaba TI Guató: a força indígena no combate ao fogo

Criada em setembro de 2024, a Brigada Uberaba TI Guató é composta por 24 homens e mulheres da aldeia Uberaba, localizada no Território Indígena Guató, extremo norte de Mato Grosso do Sul, na divisa com a Bolívia e o estado de Mato Grosso.

A formação e estruturação da equipe foi resultado de uma parceria entre o Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Funai, Ibama/Prevfogo, ADM (por meio do programa ADM Cares) e a própria Aldeia Uberaba. O objetivo é capacitar a comunidade para atuar na prevenção e combate a incêndios, fortalecendo a autonomia indígena e a proteção ambiental.

Por se tratar de uma região isolada, o acesso à aldeia é feito por via aérea ou em viagem de barco que dura mais de oito horas pelo rio Paraguai, a partir de Corumbá (MS). O trabalho da brigada é essencial para garantir a segurança das mais de 100 famílias que vivem no território e proteger uma das áreas mais ricas em biodiversidade do Pantanal.

“Defender o Pantanal é defender a nossa casa”, resume Matheus, em meio à rotina exaustiva de combate ao fogo.

Enquanto as equipes seguem mobilizadas, o alerta permanece: as condições climáticas e a estiagem prolongada ainda representam risco elevado de novos focos de incêndio na região.

 

Com informações do IHP

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