Bebê morre durante parto e família acusa maternidade de negligência na Capital

Foto: Allan Gabriel
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Parentes afirmam que gestante foi submetida a parto normal mesmo com exames mostrando bebê grande; profissional teria dito que casal “pode ter outro filho”

O nascimento de Ravi, esperado para esta quinta-feira (16), terminou em luto na Maternidade Cândido Mariano, em Campo Grande. Cláudia Batista da Silva, de 32 anos, havia sido internada na quarta-feira (15) com 40 semanas de gestação e bolsa rompida. A família afirma que, apesar de exames indicarem que o bebê estava acima do peso, o parto foi conduzido como normal.

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Segundo os familiares, mesmo com esses exames em mãos, Cláudia foi submetida a parto normal. O último toque realizado por volta das 3h30 da madrugada indicava que a gestante ainda apresentava apenas seis centímetros de dilatação — insuficiente para um parto seguro. Por volta das 8h, o médico responsável autorizou o início do procedimento, orientando o pai, José Eduardo de Souza, a pressionar o abdômen da gestante para auxiliar a saída do bebê.

Durante o parto, Ravi sofreu complicações graves. José Eduardo relatou que houve esmagamento na cabeça do bebê, resultando na formação de um coágulo. “Tentaram reanimar por cerca de 40 minutos, mas ele não resistiu. Não chorou, não respirou, nada”, contou. A mãe recebeu acompanhamento psicológico dentro da unidade, mas permanece profundamente abalada pelo ocorrido.

A família também denuncia que não foi informada sobre o nome do médico responsável pelo parto. Segundo a avó paterna, Miriam Souza da Silva, “nem para nós, nem para ela nos disseram quem conduziu o parto. Só lembramos que era um profissional mais velho, com outras pessoas entrando e saindo da sala. Queremos saber quem foi, é nosso direito”.

Além disso, a avó do recém-nascido relatou que após o parto o médico teria comentado que, por se tratar de um casal jovem, eles poderiam tentar ter outro filho, e que o bebê teria apresentado risco de complicações neurológicas caso tivesse sobrevivido. A declaração gerou revolta na família, que considera a atitude insensível e desrespeitosa diante da perda.

O episódio deixou Cláudia emocionalmente abalada. A gestante optou por permanecer sozinha no quarto, embora tenha recebido apoio de psicólogos e acompanhamento da equipe hospitalar. A família afirma que o atendimento na maternidade careceu de informações claras e diálogo, tanto durante o trabalho de parto quanto após o desfecho.

O caso foi registrado na Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), onde a família busca que a conduta da equipe médica seja investigada. Miriam reforçou que acredita ter havido negligência: “O que aconteceu com minha nora e com meu neto é um crime. Nenhum ser humano merece passar por isso, e precisamos que os responsáveis sejam identificados”.

A equipe do Jornal O Estado entrou em contato com a Maternidade Cândido Mariano para ouvir a versão da instituição, mas até o momento da publicação desta matéria não houve retorno.

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