Assim como a covid, vacina da dengue vai reduzir casos graves

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Qdenga estará disponível na rede privada a partir de julho, na Capital

A vacinação é a forma mais eficaz e segura de adquirir proteção contra uma doença infecciosa, assim como aconteceu com a covid-19, que teve uma alta demanda pelas doses no auge na pandemia, no caso da dengue, que é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que causa sintomas tanto leves quanto graves e pode levar à morte, a chegada do imunizante traz um alívio em meio à alta incidência de casos. A vacinação elimina ou reduz drasticamente o risco de adoecimento, ou de manifestações graves, que podem levar à internação e até mesmo à morte. Mato Grosso do Sul já registra 17 mortes pela doença neste ano e a vacina Qdenga, aprovada para uso, em março, pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que, por enquanto, estará disponível apenas na rede privada, conforme noticiado na edição de ontem (23), pode ser forte aliada na redução de mortes por dengue.

Segundo a superintendente em saúde da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), Veruska Ladho, o imunizante será importante, visto, justamente, que ele trará todos os benefícios de qualquer outra vacina. “Reduzir as chances de complicações decorrentes de uma infecção, reduzir internações e óbitos”, reafirmou. Fato este que vai reduzir a busca por internação na rede primária de saúde.

Atualmente, o Estado está com alta incidência da doença, pois são mais de 32 mil casos confirmados e 18 mortes, mas o número de vítimas em decorrência da dengue pode ser maior, tendo em vista que existem 10 mortes em investigação por parte da Secretaria de Estado de Saúde (SES). Os dados atualizados são do boletim epidemiológico da SES, divulgado na última quarta-feira (21). 

Para o presidente do SinMed/ MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Marcelo Santana, o imunizante será mais uma ferramenta contra a doença. “É uma forma de prevenção, no Brasil e, no caso de Mato Grosso do Sul, uma área endêmica, com certeza é uma arma interessante a ser usada.”

 

A doença

De acordo com Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), cerca de 500 milhões de pessoas nas Américas correm o risco de ter dengue. Em termos mundiais, aproximadamente metade da população está sob risco de contrair a doença.  O número de casos de dengue nas Américas aumentou de 1,5 milhão, na década de 1980,  para 16,2 milhões, na década de 2010-2019. Desde 2009, os pesquisadores do Butantan estudam a produção da vacina contra o vírus da dengue e os ensaios clínicos já  estão na fase 3. O imunizante foi administrado em mais de 16 mil pessoas e, atualmente, a equipe acompanha os últimos voluntários incluídos.

Conforme o instituto, na fase 1 do ensaio clínico, houve 100% de geração de anticorpos em pessoas que já tiveram dengue, e 90% de geração de anticorpos em indivíduos que nunca haviam tido contato com o vírus.  Já na fase 2, quando os voluntários receberam duas doses, foi 100% de taxa de soroconversão, que significa o início do desenvolvimento de anticorpos específicos, após a primeira dose em pessoas que já tiveram dengue, 92,6% de taxa de soroconversão em indivíduos que nunca foram infectados e 80% dos voluntários produziram anticorpos contra os quatro sorotipos. Ainda conforme o Butantan, a vantagem da vacina tetravalente contra a dengue do instituto é que ela contém os quatro tipos do vírus atenuados. Inclusive, é um diferencial entre todos os imunizantes atualmente em uso contra a doença. “Por estarem enfraquecidos, os vírus atenuados induzem à produção de anticorpos, sem causar a doença e com poucas reações adversas”, assegura.

Disponibilidade no SUS

Para que a vacina Qdenga seja disponibilizada na rede pública, o imunizante deve ser avaliado pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde), que analisa a incorporação de novas tecnologias ao SUS, avaliando aspectos como eficácia, efetividade, segurança e impacto econômico da nova tecnologia com base nas melhores evidências científicas disponíveis. Inclusive, questionadas as secretarias estadual e municipal, ambas informaram que o Ministério da Saúde que tem que disponibilizá-las e ainda que sua aplicação tem que ser aprovada dentro do PNI (Plano Nacional de Imunização. “Desta forma, não é competência do município, mas do governo federal”, disse a Sesau, em nota.

Já o Ministério da Saúde garantiu que está acompanhando atentamente o avanço do setor de pesquisas e novas tecnologias que desenvolvem estudos relacionados ao imunizante contra a dengue. “Diante da aprovação do registro sanitário do imunizante pela Anvisa e da aprovação do teto de preço feito pela Cmed (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos), o produto deve ser avaliado pela Conitec”, reiterou.

Por Rafaela Alves- Jornal O Estado do MS.

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