De acordo com levantamento realizado pela Ecoa a partir de imagens de satélite, o Pantanal já teve mais de 240 mil hectares queimados em 2024. O trabalho realizado pela especialista Fernanda Cano considera todo o bioma e toma por base uma série de informações, incluindo checagem de campo com membros da 23 Brigadas Comunitárias criadas com a participação da Ecoa, do Prevfogo e o apoio do WWF Brasil.
Após o desastroso ano de 2020, mais 4 milhões de hectares devastados, as indicações são de que 2024 pode ser ainda pior. Antes de terminar o primeiro semestre de 2024 e iniciar o período crítico de incêndios entre julho a outubro, foram detectados 2.168 focos de calor, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Ainda de acordo com o INPE, o mês de junho de 2024 é o pior mês em relação aos anos anteriores, com 1.269 focos de calor. Até então esse recorde era de 2005, com 435 focos de calor, ano que também marcou o Pantanal pelos incêndios florestais.
Assim como em 2020, o ano de 2024 está sendo marcado por condições hidrológicas e climáticas extremas. O calor e os ventos criam condições para propagação do fogo. O rio Paraguai está muito baixo e recebeu pouca água de suas sub-bacias neste ano e, por isso, não ocupou territórios como o faz em tempos de ‘normalidade’. A vegetação, a biomassa (acúmulo de matéria orgânica) facilita ainda mais a propagação de incêndios.
Na última cheia no Pantanal, em 2018, a régua de medição da Marinha do Brasil em Bela Vista do Norte, na Ilha Insua, nas proximidades de fronteira entre MT, MS e Bolívia, chegou a marcar quase 6 metros no primeiro semestre de 2018. Em 2020, ano marcado por grandes incêndios, no mesmo local e período, a régua marcou a máxima de 4,10 metros. Em 2024, o cenário é delicado, pois o nível máximo no primeiro semestre foi 3,50 metros e o nível está diminuindo rapidamente – no dia 15 de junho último marcava 3,48, mais baixo, portanto, do que 2020.
Os incêndios no Pantanal iniciaram entre maio e junho de 2024, já consumindo mais de 240 mil hectares, principalmente na região de fronteira do Brasil (Corumbá, MS) e Bolívia (Puerto Quijarro e Puerto Suárez), região do Paraguai-mirim, do Forte Coimbra e fronteira do Brasil (Porto Murtinho, MS) e Paraguai.
Vale registrar que em 2020 prevaleceu o fenômeno La Niña – resfriamento das águas do Pacífico equatorial que afeta o clima planetário. Para o ano de 2024, La Niña tem 65% de probabilidade de desenvolver-se durante agosto-setembro. Um indicativo de que o quadro deve se agravar
Com Informações Ecoa
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