O Hospital São Julião realizou, no último sábado (25), um mutirão de saúde ocular que atendeu 124 crianças da Rede Municipal de Ensino de Campo Grande. A ação garantiu exames oftalmológicos completos para estudantes de 18 escolas e a confecção gratuita de óculos para aquelas diagnosticadas com necessidade de correção visual.
As crianças atendidas foram previamente triadas em sala de aula por professores capacitados para identificar sinais de dificuldades visuais, como esforço para enxergar a lousa, dores de cabeça e aproximação excessiva dos olhos ao ler ou escrever. A formação foi oferecida a docentes de 18 escolas municipais, entre elas as escolas Prof. Licurgo de Oliveira Bastos, Coronel Antonino e Nerone Maiolino.
A triagem permitiu identificar precocemente problemas visuais e encaminhar os estudantes para o atendimento especializado no mutirão, que contou com a parceria da Asoft (Associação Sul-Mato-Grossense de Oftalmologia), Hospital São Julião, Universidade Uniderp e Semed (Secretaria Municipal de Educação).
Atendimento
Os atendimentos foram realizados por 20 residentes em oftalmologia do Hospital São Julião, sob coordenação do Dr. Marcos Rogério Mistro Piccinin, e com o apoio de cinco acadêmicos de medicina da Uniderp, que auxiliaram nas avaliações e na recepção das famílias.
Segundo o Dr. Marcos Piccinin, coordenador do Serviço de Oftalmologia do Hospital São Julião, o projeto tem um impacto direto no aprendizado e no futuro das crianças.
“A importância é evitar que crianças deixem de aprender simplesmente porque não enxergam por falta de um óculos. Se conseguíssemos fazer isso com todas as crianças da rede municipal no primeiro ano de ensino, evitariamos muitos casos de baixo rendimento e até evasão escolar. Além disso, conseguimos detectar doenças como estrabismo, glaucoma e ceratocone, que passam a ser tratadas adequadamente aqui no hospital. É uma campanha muito bonita, que precisa ser ampliada e mantida”, destacou o médico.
A enfermeira Silvana de Oliveira dos Santos, mãe da estudante Kevillyn Yasmin dos Santos, uma das crianças atendidas, contou que só percebeu a dificuldade visual da filha após a observação feita pela escola.
“Em casa ela nunca reclamou, mas na escola disse que não conseguia enxergar direito o quadro. As professoras comentaram que isso poderia estar atrapalhando o aprendizado. Como mãe e profissional da saúde, vejo que um projeto como esse é muito importante”, afirmou.
Kevillyn, de 13 anos, aluna do 5º ano da Escola Nerone Maiolino, contou à reportagem sobre a sua dificuldade. “Eu pedi pra professora me colocar na frente, mas mesmo assim não conseguia enxergar muito bem. Às vezes eu pedia pra minha amiga me ajudar a copiar. Agora vou usar óculos porque quero enxergar melhor. Acho que vai melhorar muito na escola”, disse a estudante.
A ação também revelou casos mais complexos, como o de Vinícios Emanoel, de oito anos, diagnosticado com miopia acentuada e catarata. A irmã dele, Isabelly Vitória da Silva, acompanhou o atendimento e ressaltou a importância da iniciativa.
“Foi a primeira vez que meu irmão fez um exame oftalmológico. Ele reclamava de dor e dificuldade para enxergar, o que atrapalhava muito o aprendizado. O mutirão foi essencial, porque conseguimos atendimento rápido e agora ele vai iniciar o tratamento correto”, relatou.
O vereador Dr. Lívio, esteve presente na ação e defendeu a continuidade do projeto. “A ideia é transformar essa iniciativa em um projeto contínuo. Estimamos que entre 10% e 15% das crianças em idade escolar precisam de óculos, e isso não pode ser negligenciado”, destacou o parlamentar.
A Asoft foi responsável pela doação de 100 óculos, que serão entregues gratuitamente aos alunos diagnosticados com necessidade de correção visual. As crianças passaram pela sala da ótica, onde foram feitas as medições. Assim que os óculos estiverem prontos, a Semed fará a entrega nas escolas.
Por Geane Beserra
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