Educadores relatam desafios e conquistas da profissão

Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal

Profissionais pontuam conquistas e desafios consolidados após o período de pandemia

 Por Michelly Perez e Camila Farias

Com origem no latim “professus”, a palavra professor significa “aquele que declarou em público” e vem do ver “profitare”, que representa professar ou “declarar publicamente ou afirmar perante todos”. Neste sábado 15 de outubro é celebrado o Dia dos Professores, profissão que sempre teve uma influência em todas as demais, já que todas nascem do saber. Para conhecer de perto a realidade e as conquistas consolidadas por estes profissionais, a equipe do O Estado conversou com alguns deles para entender a realidade vivenciada durante e pós pandemia.

Há 16 anos atuando como professora de língua portuguesa, Indianara Holsbach, 38 anos, conta que o sonho de ser professora nasceu na infância e mesmo tentando mudar seu destino, a faculdade de letras ganhou seu coração e a partir do primeiro dia em sala de aula, entendeu que estava no caminho certo. Ela explicou ainda que durante esse tempo de magistério o estudante tem deixado de se interessar pelo estudo e isso acaba demandando mais dos profissionais da educação, para reverter tal situação.

“Antes, o prazer pela leitura, o desafio de produzir um texto e até mesmo as dificuldades com a gramática, eram, por si só, fatores que os motivavam a estudar. Hoje, precisamos buscar diversificar a metodologia o tempo inteiro para atrair a atenção deles, pois estão muito focados nos aparelhos tecnológicos. Além disso, no período pandemia, as aulas remotas foram um grande desafio, mas, principalmente, um grande aprendizado para todos nós”, afirmou Indianara.

A professora destaca que para mantê-los atentos, foi necessário utilizar várias ferramentas e metodologias diferenciadas, pois o que dava certo em uma aula nem sempre significava sucesso na outra. “Eu utilizei ferramentas que priorizavam o trabalho interativo, realizei um projeto de leitura, no qual convidamos a escritora Ariadne Cantú para uma roda de conversa online, participamos da Olimpíada de Lingua Portuguesa, realizávamos debates online, entre outras ações que favoreciam o estreitamento do vínculo entre professora e alunos”, disse.

Para Katia Camargo, 49 anos, atua como professora há 29 anos e atualmente além

de regente de turma, passou a dar aulas de reforço, para poder ajudar os alunos que necessitam de um pouco mais de atenção para aprender. “Eu penso que durante a pandemia, muitos alunos deixaram as aulas passar, sem querer acompanhar e isso acabou refletindo em uma certa defasagem no aprendizado. Mas existe quem realmente focou e conseguiu seguir e mesmo assim precisa de reforço, isso porque o aluno quando não está em grupo acaba não se dispersando e aprendendo com mais facilidade”, explica.

Indianara aponta ainda que as condições de trabalho dentro de uma escola, contribuem diretamente para que o profissional consiga exercer sua função de maneira satisfatória. “Gosto muito mais das condições humanas, e isso está diretamente relacionado à gestão de cada escola. O professor tem boas condições de trabalho quando ele se sente seguro, amparado, acolhido, apoiado e valorizado em suas práticas pedagógicas. Se tiver tudo isso, as dificuldades relacionadas caso haja falta de estrutura são superadas coletivamente”, afirmou.

Com o fim das restrições e o retorno dos alunos e professores para a sala, foi possível notar tamanha defasagem dos estudantes e a partir disso novos problemas começaram a aparecer. “Eu não tive muita estrutura emocional para lidar com a demanda de trabalho. Imagina um estudante do 6° ano que ainda não está plenamente alfabetizado. Eu precisava dar conta dessa lacuna. E de tantas outras. E essa sobrecarga, somatizada a tudo o que enfrentamos nos dois anos pandêmicos, trouxe um tremendo impacto a minha saúde emocional”, contou Inidianara.

Além da defasagem de aprendizado, muitos alunos deixaram de comparecer as aulas, pois além de uma crise de saúde, o país passou a enfrentar uma crise econômica, onde muitas pessoas perderam o emprego e esses jovens ingressaram no mercado de trabalho para ajudar a compor a renda familiar. Então ainda é uma situação a ser observada.

 

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