O que temos a aprender com a ciência política e com as relações internacionais?

Déborah Silva do Monte
Foto: Divulgação

O Dia Mundial da Filosofia, data instituída pela Unesco, a ser comemorado neste ano, em 16 de novembro, nos chama a atenção sobre a urgência e a relevância de pensarmos os caminhos que nós, seres humanos e cidadãos, temos trilhado. Mais do que pensar em termos abstratos, as categorias e os padrões de comportamento, somos instigados a destacar o papel das ciências humanas no saber científico e, sobretudo, no diálogo com outros ramos do conhecimento e com a sociedade em geral.

Dentro das ciências humanas, a ciência política e as relações internacionais buscam entender e explicar as relações de poder, dentro de um país ou entre os países no ambiente internacional. O poder político é o que institui os governos e que dá legitimidade para as decisões que nos afetam diretamente: os rumos da economia, as prioridades da agenda política e como elas se traduzem, ou não, em políticas públicas, são exemplos de como o poder se apresenta a nós, cidadãos comuns.

Quando olhamos para o ambiente internacional, percebemos que o que se decide lá fora influencia o nosso cotidiano: o preço da gasolina, que varia de acordo com o preço internacional do petróleo, o preço do pão, que depende das nossas relações com a Argentina, e como laços de identificação e solidariedade são criados com outros seres humanos, em contextos bem diferentes dos nossos, apesar das fronteiras e das nacionalidades.

Seja ao olhar para dentro do país, ou para a relação entre eles, entender os princípios e o funcionamento dessa dinâmica nos ajuda a fazer escolhas mais acertadas na hora do voto e da participação política. Pode, inclusive, incentivar novas soluções e propostas, quando aquelas que estão sobre a mesa não mais nos agradam. Nos ajuda também a ter empatia e superar rivalidades que nem sempre têm um fundamento e a entender que, do outro lado da fronteira, seja ela ideológica ou nacional, há seres humanos com toda sua complexidade.

Nem todas as pessoas possuem a vocação para a política, mas todos são por ela afetados. Nem todos têm que entender profundamente as relações de cooperação e conflito entre os países, mas todos vivem em mundo cada vez mais interconectado, em que os problemas locais, como as enchentes e as grandes chuvas que afetam nosso país, possuem uma faceta global, como as mudanças climáticas. Entender o mundo com as lentes explicativas das ciências humanas nos ajuda a avançar e pensar em soluções para velhos e novos problemas sociais.

Por Déborah Silva do Monte, doutora em relações internacionais e pesquisadora das teorias da democracia. Professora da Universidade Federal da Grande Dourados, nos cursos de graduação em relações internacionais e de pós-graduação em fronteiras e direitos humanos. E-mail: [email protected].

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