Existem algumas maneiras de tornar seus problemas menores do que eles realmente são e, dessa forma, pequeninos, tornam-se mais fáceis de serem resolvidos, sanados. Um deles é adotando sempre uma postura firme e determinada de tocar a vida com altivez e garra, enfrentando sem medo e de cabeça erguida, todo e qualquer obstáculo que a vida lhe impuser.
Outra forma, a mais eficiente e recomendável, é de uma maneira indireta e está fundamentada no exemplo e ensinamentos de Jesus Cristo. Em Lucas (22:27), Ele nos indica o caminho: “Entre vós sou como aquele que serve”.
Servir é ajudar os que necessitam de auxílio e quando fizerdes o mesmo, ajudando a resolver os problemas dos outros, concluirá que os seus problemas, por maiores que pareçam, tornam- -se pequeninos e, consequentemente, fáceis de resolver. Servir é amar ao próximo e este é o segundo grande mandamento de Deus (“Amarás o teu próximo como a ti mesmo”- Marcos 12:31). O indivíduo que cumpre essa determinação recebe muitas bênçãos importantes, como o aumento da sua capacidade de amar, tornando-se menos egoísta. E ao pensar nos problemas alheios, seus problemas, automaticamente parecem muito menores e menos graves. Além disso, tornas merecedor da ajuda do Senhor para resolvê-los.
Conheci a história de um cidadão de nome Paulo, um Cristão que ficou paraplégico em um acidente. Alguns homens em situação como essa tornam-se amargos e inúteis, mas Paulo decidiu pensar nos outros. Aprendeu uma profissão e ganhou dinheiro suficiente para comprar uma casa. Ali ele e a esposa abrigaram muitas crianças sem lar, que ninguém queria. Alguns tinham graves deficiências físicas. Até sua morte, 20 anos depois, ele serviu essas e outras pessoas. Em troca, foi muito amado e manteve a mente afastada das pernas aleijadas. Ele se aproximou do Senhor e não se abalava com as pedras do caminho.
A um amigo em desespero por ter sido diagnosticado diabético, inconformado e triste com a mudança de hábito a que seria obrigado se submeter doravante na vida, contei essa história e a de uma amiga, de nome Lúcia, diagnosticada em 2011 com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), doença degenerativa que não tem cura e causa a perda de movimentos do corpo ao longo do tempo.
Hoje Lúcia, com 62 anos, se comunica apenas com os olhos, pois perdeu os movimentos dos membros, do corpo e até a fala. Entretanto, nem por isso ela se sente uma coitada, infeliz. Pelo contrário, a doença não lhe tirou o prazer de viver e nem lhe apagou do rosto seu belo e carinhoso sorriso.
Um tempo depois, o amigo deu graças a Deus por contrair uma doença que pode ser controlada. Disse também que olhou para traz e até para os lados e viu quantas pessoas vivem em situação muito pior que ele, sem esperança de amar e viver bem a vida. Prometeu que nunca mais iria murmurar e que seguiria a vida contente mesmo com os pesados fardos que teria que carregar. Lembrei a ele que o Senhor alivia nossos fardos, desde que O busquemos.
Quanto à amiga Lúcia, não pensem que se trata de uma “pobre coitada”, portadora de uma doença que parece ter-lhe tirado tudo. Isso não é verdade e quem diz isso é ela mesma que tem sido um exemplo na família e na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Ala Júlio de Castilhos em Campo Grande) onde frequenta todos os domingos pela manhã. Lúcia tem grande fé em Deus e amor à vida. Criou muito bem seus seis filhos e hoje curte a presença de todos com muita alegria, inclusive seus 17 netos.
Sua alegria de viver, mesmo sem o corpo em movimento, tem despertado interesse até da mídia de Mato Grosso do Sul, como um jornal diário, que lhe dedicou uma página inteira recentemente, no Caderno B, para falar dela e de como alegremente toca a vida. A matéria começa com uma frase sua, escrita letra por letra indicadas apenas com o olhar:
“Alegria, alegria! Tem pessoas que acham que eu preciso ficar longe de minha mãe (com Alzheimer em estado avançado) para descansar ou dormir; que preciso de descanso, mas não penso assim. Quero barulho, bagunça de crianças, gente falando alto e rindo. Quero vida, alegria, aumentar o número de amigos e rir bastante. Não quero isolamento, tristeza, chatice, angústia e morte. Quero alegria! alegria!”. (Wilson Aquino)
Wilson Aquino: Jornalista e Professor