Semana contará com show, palestra e mostra artística
Começou nesta segunda-feira (3) e vai até a sexta-feira (7), o Festival Africanidades, promovido pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), em celebração da cultura afro-brasileira. O evento abre o calendário do Mês da Consciência Negra, e nasce de uma parceria entre a universidade e o Instituto Projeto Livres, que há anos busca transformar vidas por meio da arte, da educação e da sustentabilidade.
O festival traz a exposição ‘Raízes em Movimentos’, do Coletivo Enegrecer, que completa sete anos de atuação em 2025. A mostra reúne obras de artistas como Érika Pedraza, Lumar, Auriellen Leonel, Glenda Ryan Nefertari, Dauzaker, Renan Rogério, Vitória Lorrayne, Gabriel Mendes, Gabriel Kogg e Rogério Ribeiro, e ficará em cartaz durante todo o mês de novembro na Galeria do Teatro Luís Felipe de Sousa.
Nos dias 4, 5 e 6 de novembro, a UFMS promove uma programação acadêmica com palestras e rodas de conversa reunindo pesquisadores e convidados de 13 países africanos, debatendo temas como identidade, ancestralidade e protagonismo negro nas artes, na educação e na ciência.

Foto: Roberto Kelsson/divulgação
A gastronomia afro-brasileira também faz parte do festival com os sabores marcantes de Zezé do Acarajé, figura querida nas feiras e eventos de Campo Grande, que leva o tradicional acarajé baiano e quitutes típicos, além das geleias e licores artesanais de Marileida, produzidos localmente. O alimento também é memória, identidade e resistência.
Na cultura afro-brasileira, a comida ultrapassa o prato, é reza, é oferenda, é herança viva que atravessa séculos. Entre os sabores mais simbólicos, o acarajé se destaca como alimento sagrado das tradições afro-baianas, ligado aos orixás e às mãos habilidosas das baianas que transformam grãos e fogo em expressão de fé e cultura.
O encerramento acontece no dia 7 de novembro, na Concha Acústica da UFMS, com o Sarau “África na Concha”, das 17h às 19h30. O encontro contará com apresentações de Kelly Lopes, Preta Princesa, Associação Cultural Resiliência Capoeira, Liga Breaking e Fael Versos 67, além de um palco aberto para quem quiser mostrar seu talento. Haverá ainda espaço de gastronomia, artesanato e economia criativa, em um ambiente de convivência e celebração coletiva.
* A Liga Breaking, que há mais de 16 anos vem fortalece lindo a Cultura Hip Hop através da arte e principalmente da dança Breaking no estado Mato Grosso do Sul, e pelo Brasil e países da América do Sul levando encontros, batalhas, oficinas, graffiti, palestras, rimas e muit mais, é um verdadeiro encontra de ritmo dos tambores e na herança afro-brasileira uma linguagem que transcende o solo e abraça a liberdade.
* A Associação Cultural Resiliência Capoeira, de Campo Grande–MS, atua na preservação e difusão da capoeira como expressão artística, educativa e cultural afro-brasileira. Em cada roda, carrega-se a memória da resistência, da liberdade e da coletividade,valores que atravessam gerações. No Sarau África na Concha, o grupo traz essa energia para o palco, transformando a Concha Acústica da UFMS em um grande encontro de música, dança e ancestralidade.
* Preta Princesa, figura que celebra a representatividade negra na contação de histórias, na dança e na cultura afro-brasileira, sobe ao palco do Sarau África na Concha com uma performance de dança afro ao vivo, movida por tambores, canto e corpo em movimento.
* Fael MC – Versos 67 chega ao Sarau África na Concha para apresentar o rap que ecoa memória, periferia e ancestralidade. O “Versos 67” em seu nome artístico faz alusão ao DDD do Mato Grosso do Sul, demonstrando orgulho de suas raízes regionais, participou de importantes festivais de rap nacional, mostrando que a cena de MS também tem espaço e voz.
No sábado (8), ainda haverá uma programação ‘bônus’, a partir das 8h30, no Parque da Ciência, com o evento ‘Sábado no Parque especial Africanidades’.
Abertura
A abertura oficial foi realizada ontem (3), no Teatro Glauce Rocha, com o espetáculo “Show Africanidades”, da Banda BatuqueCanta – um grupo formado por alunos e educadores do Instituto Projeto Livres.
“Quando o batuque ecoa, a gente se reconhece. É o som do pertencimento, da resistência e da alegria. A cada tambor feito de material reciclável, contamos uma nova história”, afirma a professora Rosimara Ribeiro, idealizadora do Instituto Projeto Livres.
Desde 2020, a Batuquecanta desenvolve um trabalho artístico que une educação ambiental, musicalidade e ancestralidade afro-brasileira, utilizando instrumentos confeccionados com lixo seco e materiais reaproveitados. No palco, o grupo mistura coco, maracatu, samba-reggae, forró e baião, em um repertório vibrante que une canções autorais – como Bate Lata e Pinte sua Tela – a grandes clássicos da música negra brasileira, de Dona Ivone Lara, Leci Brandão e Lazzo Matumbi.
O show também contou com a participação especial do Coletivo Tarja Preta, que trouxe performances poéticas e cênicas que evocaram memórias ancestrais e resistência negra, com as artistas Eva Vilma e Carmem Lúcia.
Durante o intervalo, o público também prestigiou o Desfile Afro Sustentável, com a Coleção Fashion Livres – um projeto de moda e reaproveitamento criativo desenvolvido por mulheres da comunidade. As modelos são, em sua maioria, mães de alunos do Instituto, incluindo Lara Ferraz (Miss Mato Grosso do Sul Petit) e Lorayne Cristina (Miss Mirim).
“Ver nossas mulheres desfilando com aquilo que elas mesmas criaram é emocionante. É sobre autoestima, pertencimento e a beleza que nasce da coletividade”, reforça a professora Rô.
Este show integra Projeto Som do Afoxé 2025, que oferecerá oficinas gratuitas de percussão sustentável para crianças e jovens da periferia de Campo Grande. A iniciativa é uma realização do Centro Cultural Instituto Projeto Livres e conta com investimento da PNAB (Política Nacional Aldir Blanc), do Governo Federal, através do MinC (Ministério da Cultura), operacionalizado pela Prefeitura de Campo Grande, por meio da Fundac (Fundação Municipal de Cultura).
Por Carolina Rampi
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