Ação registra bastidores, trajetórias e desafios de diretores e diretoras do projeto Vizinhança na Praça
A TransCine – Cinema em Trânsito ampliou a circulação do cinema sul-mato-grossense ao disponibilizar 24 videocasts com diretores e diretoras que participaram do projeto Vizinhança na Praça. Originalmente exibidos em praças e espaços públicos de Campo Grande e cidades próximas, os filmes agora chegam a qualquer lugar por meio do canal do coletivo no YouTube, permitindo que o público conheça mais de perto o trabalho dos realizadores locais.
Os episódios revelam os bastidores da produção audiovisual no estado, mostrando como cada filme é pensado, os desafios da produção independente e a conexão das histórias com a região em que foram criadas. A série vai além da entrevista tradicional, oferecendo reflexões sobre cinema, identidade cultural e os caminhos de quem dedica a vida à arte cinematográfica no Mato Grosso do Sul.
O projeto Vizinhança na Praça ganhou uma extensão natural com os videocasts, que preservam o diálogo com o público mesmo fora dos encontros presenciais. A iniciativa permite que histórias exibidas nas praças continuem vivas, ao mesmo tempo em que fortalece a memória audiovisual da região e aproxima ainda mais os espectadores do cinema local.
Disponíveis gratuitamente, os episódios reforçam o compromisso da TransCine com a formação de público e a valorização do cinema produzido no estado. Os interessados podem acessar todos os vídeos pelo canal oficial do coletivo no YouTube, criando um espaço permanente de consulta e apreciação da produção cinematográfica sul-mato-grossense.
Ideia Inicial
Para o Jornal O Estado, Lucas Arruda, um dos organizadores e produtores executivos do projeto Vizinhança na Praça, explicou que a iniciativa teve início no ano passado, a partir de um edital da Lei Paulo Gustavo. Desde então, o projeto vem sendo desenvolvido pela TransCine, coletivo que atua desde 2012 com a missão de exibir e valorizar o cinema regional e local em Mato Grosso do Sul.

Gustavo Santana – Curupira O Herói da Mata – Foto: Assessoria
Segundo ele, a realização do projeto envolveu uma chamada pública que recebeu cerca de 70 inscrições de filmes produzidos no estado. A partir desse número, foi feita uma curadoria que selecionou 28 obras, todas exibidas durante o Vizinhança na Praça e contempladas com apoio financeiro, fortalecendo a cadeia produtiva do audiovisual sul-mato-grossense.
Dentro desse contexto, surgiu a ideia de transformar as entrevistas com os diretores e diretoras em uma série de videocasts no YouTube. O objetivo foi ampliar o alcance do projeto para além das sessões presenciais e criar um registro permanente dos processos criativos, trajetórias e desafios enfrentados pelos realizadores locais.
“O projeto nasceu a partir da Lei Paulo Gustavo, e a TransCine sempre teve essa missão de exibir filmes regionais desde 2012. Foram cerca de 70 filmes inscritos, selecionamos 28 e cada diretor recebeu apoio para a exibição. Com tantos artistas envolvidos, achamos essencial conversar com eles e tornar essas entrevistas públicas, para que a sociedade, universidades, pesquisadores e interessados em cinema possam entender melhor como o audiovisual está sendo criado aqui no Mato Grosso do Sul”.
A produtora audiovisual Mariana Sena, coordenadora da TransCine, destaca que os videocasts reforçam o compromisso do coletivo com a democratização do audiovisual.
“O Vizinhança na Praça levou o cinema até as pessoas, mas os videocasts levam as histórias dos realizadores para ainda mais longe. Eles criam pontes entre quem faz e quem assiste, revelando os bastidores, os afetos e as urgências que atravessam cada obra”, explica.
Mariana ressalta ainda a importância do material como ferramenta educativa e cultural. “Esses conteúdos podem ser usados em escolas, universidades, cineclubes e pesquisas acadêmicas. Eles ajudam a construir um olhar mais amplo sobre o audiovisual sul-mato-grossense, fortalecendo a cena local e incentivando novos realizadores”, destaca.
Vizinhança na Praça
O principal objetivo do projeto Vizinhança na Praça é levar o cinema a pessoas que não têm acesso a salas de exibição, especialmente em bairros afastados e em cidades do interior. A TransCine atua hoje como um cinema itinerante, promovendo sessões gratuitas em espaços públicos.
Durante o projeto, a equipe percorreu seis municípios do entorno de Campo Grande; Rochedo, Nova Alvorada do Sul, Terenos, Sidrolândia, Jaraguari e Ribas do Rio Pardo, e encerrou a programação na capital, no bairro Jardim Carioca. As exibições aconteceram em praças públicas, reunindo moradores e criando momentos de convivência e troca.
Além das sessões, o projeto também incentivou o diálogo com o público por meio de debates após as exibições. Esses encontros permitiram que os espectadores compartilhassem impressões sobre os filmes, muitas vezes com a presença dos próprios diretores, fortalecendo a relação entre quem produz e quem assiste ao cinema local.
“O objetivo principal da TransCine é levar o cinema para quem não tem acesso. A gente foi para praças de várias cidades e bairros afastados, onde muitas vezes nem existe cinema. Exibimos curtas-metragens locais que dificilmente entram no circuito comercial, e isso é importante para que as pessoas se vejam na tela e percebam que é possível fazer cinema de qualidade aqui, mesmo fora dos grandes eixos comerciais do país”, explica Lucas.
Espaços Públicos
Para Lucas, a exibição de filmes em espaços públicos aproximou o público do cinema ao revelar histórias, cenários e realidades locais. Ao assistir às produções feitas em diferentes cidades de MS como Aquidauana, Dourados, Fátima do Sul e Campo Grande, o público passou a se reconhecer tanto nos lugares exibidos quanto nas narrativas apresentadas.
Além disso, o contato com essas produções ajudou a ampliar o interesse pelo audiovisual, especialmente em um momento em que o estado conta com formação universitária na área. O projeto, ao levar o cinema para fora dos espaços tradicionais, colaborou para o fortalecimento da cena audiovisual sul-mato-grossense.
“Quando as pessoas veem esses filmes feitos aqui, elas reconhecem os locais, os cenários das cidades e também as histórias, que são muito próximas da realidade delas. Isso gera um sentimento de pertencimento, de entender que esse audiovisual existe aqui e que quem tem vontade também pode fazer. Mostrar o que está sendo produzido no estado ajuda a fortalecer ainda mais o cinema sul-mato-grossense”, finaliza.
Para conferir os videocasts dos filmes exibidos durante o projeto, acesse o canal oficial do TransCine.

O curta-metragem Àguas

Filipi Silveira em Retrato do Artista Quando Coisa
Por Amanda Ferreira
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