Esta terça-feira (25), foi o segundo e último dia do desfile das escolas de Campo Grande – que desde domingo (24), levaram foliões para a Praça do Papa, na passarela do samba na Av. dos Crisântemos –, Vila Carvalho e Igrejinha completam o especial de enredos divulgados desde a semana passada pelo caderno Artes&Lazer.
“O enredo da escola é ‘Unidos com a Consciência Negra’. Estamos falando da negritude, vamos falar sobre os quilombolas e dessa consciência. Vamos tratar da chegada da raça negra aqui ao Brasil. Unidos da Vila Carvalho montando a história”, explica José Carlos de Carvalho, presidente da Vila Carvalho.
Sendo o segundo ano de desfiles sem um grupo de acesso, com a Vila Carvalho levando o título de 2019 com o enredo que celebrava seus 50 anos, para 2020 José Carlos revela que: “As expectativas são as de sempre. Trabalhando muito e tentando chegar mais uma vez ao título, como as outras estão trabalhando também. Todo o trabalho é árduo e bonito”, finaliza.
Para brigar de frente com a atual campeã, a Igrejinha, que acumula no currículo 23 títulos no carnaval da Cidade Morena, sobre o enredo deste ano o diretor artístico, Jefferson Vasauez, conta que: “Lá no início de 2019 surgiu a ideia após termos a inspiração, com a Acadêmicos do Salgueiro (RJ), foi feito um desfile cujo nome era Xangô e aí a gente ficou impressionado com um enredo tão forte, bonito e crítico. Porque, querendo ou não, vivemos em uma sociedade muito preconceituosa, com intolerância religiosa também”.
“Nossa primeira inspiração foi a Salgueiro, que trouxe muito a questão do candomblé para a escola e essa é a nossa proposta também, porque o candomblé se resume em humildade, caridade, em ajudas espirituais. Essa ideia do humilde e do rico poder que a fé tem, fomos trabalhando nessa levada. O fato mais predominante de termos escolhido levar Xangô para a avenida é que ele é o Rei de Oyó, de uma aldeia africana, e é o Deus da Justiça, algo que a gente fala muito, que é importante para a vida num todo, pessoal, social… e, querendo ou não, existem coisas que são injustas, então é muito forte. Sem falar elementos, como fogo, raios, trovões, então é algo que brilha os olhos do povo. Depois fomos conversando com outros pais de santo e abrindo mais ainda a nossa mente”, ressalta ainda Jefferson.
Sendo o primeiro ano como diretor ao lado da escola, Jefferson ainda destaca que: “Este ano foi muito difícil, em relação às verbas; matéria-prima; alegorias, vários setores… acho que a gente vai vir pela fé, pela força e justiça, de ser um ano muito difícil e estarmos aqui resistindo para fazer o povo assistir nossa Igrejinha”.
“O samba-enredo está incrível, todos cantando, é uma coisa que naturalmente sai e penetra na cabeça das pessoas, começam a cantar, levar esse amor, e esse samba traz muita resistência, muita força e garra, que são características da Igrejinha”, finaliza Jefferson.
Serviço: A Apuração das notas do desfile das escolas de samba acontece nesta quarta-feira (26), no Teatro de Arena do Horto Florestal, localizado na Av. Fábio Zahran, 216, às 18h
(Texto: Leo Ribeiro/ publicação no site por Karine Alencar)