Erva-mate é destaque e representa o elo entre memória, trabalho, ritualidade e pertencimento
Pela primeira vez, Mato Grosso do Sul participa da Jornada Estadual do Patrimônio Cultural. A ação inédita integra as comemorações do Dia Estadual de Valorização do Patrimônio Cultural sul-mato-grossense, celebrado em 17 de agosto, e se alinha ao Dia Nacional do Patrimônio Cultural, homenageando o legado do criador do SPHAN (atual IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Rodrigo Melo Franco de Andrade.
Realizada pela FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul), em parceria com o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e o CAU-MS, o evento traz o tema ‘Caminhos da Memória: Territórios, Saberes e Resistências’, envolvendo 14 municípios e contabilizando 51 ações culturais, entre seminários, oficinas, exposições, rodas de conversa, festivais, atividades educativas e apresentações artísticas.
A abertura foi realizada ontem (11), às 17h30, no Arquivo Público Estadual, com a exposição fotográfica ‘Erva Mate – Nos tempos dos Ervais por Hélio Serejo’. A exposição traz o acervo do Arquivo Público Estadual, Instituto Histórico e Geográfico de MS e de Helta Barbosa Serejo, numa parceria do acervo de objetos e documentos referentes a Hélio Serejo.
“Esta primeira edição representa um marco histórico para as políticas culturais do Estado. Estamos demonstrando que a preservação do patrimônio cultural pode ser democrática, participativa e transformadora”, afirma o diretor-presidente da Fundação de Cultura de MS, Eduardo Mendes Pinto.
O tema deste ano convida à reflexão sobre os percursos históricos e os modos de vida das comunidades sul-mato-grossenses, com ênfase em experiências vividas por povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pantaneiros e urbanos. “A escolha da erva-mate como fio condutor não foi casual. Ela representa a essência da sociabilidade sul-mato-grossense e conecta diferentes territórios e gerações em torno de uma tradição compartilhada”, afirmam os curadores da exposição Rita Natalia Serenza e Douglas Alves da Silva. A curadoria da exposição, que tem como fio condutor a obra de Helio Serejo, foi elaborada conjuntamente com o Instituto Histórico e Geográfico de MS, com a jornalista Lu Tanno e a historiadora Madalena Greco, componentes da instituição.
As ações acontecem em todas as regiões do Estado e são desenvolvidas por instituições públicas, coletivos culturais, universidades, escolas, comunidades tradicionais e artistas locais. Da tradição oral aos processos de pesquisa acadêmica, a programação revela o protagonismo dos territórios e a força da articulação comunitária.
“O que mais nos emociona é ver como as comunidades abraçaram a Jornada. Temos desde o tradicional Festival da Rapadura da comunidade quilombola de Jaraguari até pesquisas acadêmicas da UFMS, todas valorizando nossa diversidade cultural através da mesma iniciativa”, destaca a diretora de Memória e Patrimônio Cultural da FCMS, Melly Fátima Goes Sena.
Entre os eixos temáticos abordados, estão os caminhos indígenas e quilombolas, roteiros de fé, festas e oralidades, paisagens culturais pantaneiras, patrimônio arquitetônico e arqueológico, literatura e artes regionais, além da Rota da Erva-Mate como experiência sensorial e de pertencimento.
“A Jornada do Patrimônio de MS durante o mês alusivo ao Patrimônio Cultural é uma forma de trazer o protagonismo para as referências culturais que identificam nossa diversa e rica sociedade sul-mato-grossense, seja por meio da valorização e promoção do patrimônio material e/ou imaterial, pela forte presença da participação social, bem como nas ações de educação patrimonial, que é a base de todo o trabalho em defesa da preservação do legado cultural para as gerações futuras”, diz João Santos, superintendente do IPHAN/MS.
A Jornada se consolida como um espaço anual de escuta, mobilização e visibilidade do patrimônio cultural sul-mato-grossense, fortalecendo políticas públicas e promovendo conexões entre poder público, sociedade civil e comunidades locais.
Confira a programação:
12 de agosto (terça-feira) – 17h30:
* Exibição do documentário ‘Caá – a força da Erva’, de Lu Bigatão, seguido de bate-papo com a diretora, no Auditório do Museu da Imagem e do Som.
13 de agosto (quinta-feira) – 17h30:
* Tereré Literário – ‘Pesquisa e produção científica referente à Erva Mate e ao tereré’, com os professores Carla Villamaina Centeno e Carlos Barros Gonçalves; abertura com apresentação musical de Fábio Kaida, na Biblioteca Estadual Isaías Pasim;
14 de agosto (quinta-feira) – 17h30:
* Tereré Literário – ‘Em memória a Hélio Serejo’. Convidados: Ciro Ferreira – contação de histórias para adultos – ‘Dos Hélios, o Serejo’ e Helita Serejo, filha de Hélio, na Biblioteca Isaías Paim;
15 de agosto (sexta-feira) – 17h30:
* Tereré Literário – “A presença da erva-mate e do Tereré em MS – do plantio ao consumo”. Convidados: David Lourenço (Coordenador Certificação da Secretaria de Agricultura Familiar do Governo de MS) e Raquel M. K. Rossignoli Barizon (Mestranda UFMS, integrante no núcleo de pesquisa “Terapia e Ergogênese da Erva Regional TERERÉ”), mediação Prof. Me. João Santos (IPHAN/MS). Abertura com apresentação musical de Maurício Brito & Humberto Yule, também na Biblioteca Pública;
16 de agosto (sábado) – 17h30:
* Encerramento: Exposição de Artes Visuais – um apanhado do acervo adquirido através da PNAB pela FCMS; apresentação do Grupo Conterrâneo Capoeira – Mestre Liminha; Feirinha do Laricas – Laricas da Lú; Massas Capivara; Comidinhas e bebidas Food Truk, Zezé do Acarajé; Show Matú Miranda às 19 horas; Grupo TEZ intervenção Baile Charme – “O Baile é Nosso e o Charme é Preto” (Letícia dos Santos TGB DJ), na Superintendência Estadual do IPHAN.
Por Carolina Rampi
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