Tem um minutinho para palavra de The Midnight Gospel ?

** Filipe Goncalves

Quando se assiste muitos filmes podemos fazer duas coisas para melhorar nossa experiência com o cinema ou séries, nesse quesito tanto faz. Afinar a nossa curadoria e saber dar um tempo para nosso cérebro. Por mais que queiramos o próximo título, outra experiência enriquecedora para nossas mentes, também existe um tempo. Um tempo para processar tudo aquilo que vimos, etiquetar o que está sendo finalizado em algum canto do cérebro.Você pode assistir filmes mais leves, séries bem divertidas pelo tempo que quiser sem culpa, pelo tempo que está desempenhando nessa tarefa. Há uma centena de ideias novas em algum Streaming, ou em livro, e até mesmo na cabeça de alguém, mas isso requer tempo. Segure-se,recline a cadeira e embarque na próxima viagem que o ‘Stand By’ vai te proporcionar.

Em tempos de COVID-19 é difícil desligar das notícias, ficar em casa é pode ser um martírio, depois de alguns dias e a vontade de sair pode falar mais alto, depois de rever alguma série, ou vários filmes legais dos anos 80. Recentemente a Netflix produziu “The Midnight Gospel – 2020”, uma das melhores animações dessa década se não a melhor — e não fique preso há nenhum tipo de preconceito as coisas mais incríveis podem vir de uma animação, sim —. Essa série foi elaborada em parceria entre Duncan Trussell e Pendleton Ward o criadores de “Hora de aventura – 2010/2018” e esse estilo é muito recorrente aqui, alguns personagens lembram os traços e o modo como agem. Mas se você não teve nenhum contato com essa série que passava no Cartoon Network, e claro não faz diferença, a única correlação é como os mundos são como se fossem tirados de uma viagem lisérgica e alguns personagens são bem expressivos e realistas.

A série é gira em torno de episódios de Podcast que são gravados com as mais diversas criaturas. Acompanhamos Clancy Gilroy que seguindo a tradição é dublado pelo cocriador Duncan Trussell, o rapaz possui uma máquina que fabrica realidades, onde ele pode entrar em uma espécie de sessão junto com os drones para gravar os podcasts. Os temas são bem variados, e são o ponto forte da trama, tratam de vida, morte, desapego, ego, e meditação que é um tema recorrente entre todos os oito episódios.

Caro leitor, nesses meses em que tenho escrito sobre cinema para aqueles que acompanham essa coluna, que está situada nessa mesma página aos sábados, gostaria de acautelar que sempre virão textos que estimulam a busca do pensar, em temas aqui abordados. Desenvolver um pensamento crítico sobre as artes é de suma importância, essa coluna sempre vai de mão contrária a vir nesse zeloso espaço dar respostas sem argumentos bem fundados, ou críticas superficiais sobre um filme mais comerciais, sobre clássicos também. E sim fazer com que você busque estes filmes, séries, ou uma boa Graphic Novel e sinta orgulho de ter encontrado algo interessante que acrescente em sua vida, diante do mar de informações e opiniões, muitas delas desencontradas diga se de passagem. Foi se o tempo em que um jornalista viria aqui soltar o verbo sobre determinada obra e gerar alguma polêmica sobre algo sem tanta importância. O breve desabafo tem a ver com boa parte desta maravilhosa obra, deixar a vida escorrer diante da não percepção do tempo presente.Algo não iluminado pela cultura popular, e até mesmo as fervilhantes redes sociais que pipocam tudo menos as relações verdadeiras e o tempo presente.

É inevitável construir qualquer texto ou linha de raciocínio sem mencionar ‘Coronavírus’, não sabemos por quanto tempo mais veremos as páginas dos jornais mundo afora cheias de manchetes expondo as baixas do dia. Depois dos escombros deixados por toda avalanche veremos a luz do dia mais uma vez é claro, mas qual será os valores que levantaremos?

** Cinéfilo, podcaster, colaborador da TV O Estado e autor da coluna “Quentinhas do Cinema”

 

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