Sendo um grupo de mulheres unidas, em prol da arte, do ativismo e do mútuo apoio entre sí, o Coletivo Clandestisnas vem também em busca da mudança e da quebra de antigos paradigmas, consolidados há muito por um modelo de sociedade patriarcal que por séculos levanta mulheres e às une com um mesmo propósito por anos à fio na história, seja com as pinturas de Frida Kahlo, com as revoltas nas fábricas de linhas ou ainda com encenações feitas pela Capital da Cidade Morena, em busca de uma sociedade mais igualitária e menos opressora.
“É o objetivo do coletivo a união feminina. O Clandestinas busca só fazer através da união feminina. O que motivou a criação do coletivo foram as coisas que a gente viveu e presenciou como mulheres. Através da arte foi a forma que encontramos de abordar algo que precisa ser dito e, é através dela que sentimos que a nossa voz precisa ser dita e é a maneira que a gente encontra até, muitas das vezes para denunciar muitas ações”, explica a clandestina Nathália Andrade.
Sobre o atual cenário da arte na Capital, o grupo que – há dois anos – luta como um dos primeiros (e possivelmente único) laboratório experimental unicamente feminino, à trabalharem tendo como foco a parcela de mulheres da Capital, organizando-se para o crescimento social e profissional, inclusive ministrando oficinas gratuitas, como o workshop de Economia Criativa, ministrada pela micro-empre Nathalia Ferreira; ou ainda a de confecção de máscaras artísticas, por Brigitty Zelinski, feminista, atriz/performer/pesquisadora, para que esse público sinta-se verdadeiramente abraçadas pela sororidade do Coletivo Candestinas. “Dentro do cenáriao a gente encontra uma recepção melhor. Conhecemos outras mulheres que se sentem representadas; que aparecem para somar… mas fora do cenário a gente encontra resistências”, aponta Nathalia.
“Como por exemplo no Joaquim Murtinho, onde o proprio professor que realizava o evento tentou barrar a gente de diversas maneiras no dia, colocando músicas, falando ao microfone em cima da performance. Agora nos meios onde não tem essa vertente cultural, a gente encontra barreiras por conta do esteriótipo negativo que foi criado em cima do feminismo”, pontua Nathalia Andrade.
Sobre lutar onde se é necessário, Nathalia destaca que mesmo em “terreno duro e árido” é possível extrair vitórias. “Mesmo em meio a isso a gente consegue encontrar respostas possitivas, os meninos consguem se enxergar, observar atitudes que tem… uma minoria, mas sim, conseguem. E também meninas que se sentem acolhidas, que vem conversar com a gente”, conta sobre o processo de apresentação que aconteceu em 2018 na escola Joaquim Murtinho.
“É um processo longo e demorado. Não sei se é um resultado que a gente vai conseguir viver tão breve, mas é muito uma questão comportamental mesmo, social”.
Dos comportamentos sociais que são reproduzidos e que perpetuam um preconceitos e uma misogenia, Nathalia chama atenção dizendo que: “acho dificil responder, porque são muitos, são ideias, são coisas que estão até em um plano mais subjetivo. Coisas muitos sutis, comportamentos sutis que a gente não percebe… e digo a gente porquê mulheres também reproduzem, já que é uma ideia social”.
Trazendo, no dia 10 de novembro na Praça Bolívia a performance “Deus é Mulher” – que tem como convidada a atriz Rah Conde – Nathalia Andrade, ao lado também de Alessandra Mathias, apresentam colagens de canções de Elza Soares, além de textos próprios e poesias, do fruto artístico que sai do ventre e mais profundas entranhas dessas mulheres, Nathalia conta que essa: “é a forma que a gente encontra de pôr para fora o que nos oprime e pontuar pontos que a gente acha que precisam de mudança, além de mostrar para outras pessoas que elas não estão sozinhas, mostrar que a gente pode ser uma rede de apoio e de mudança”.
“O que a gente sempre enfatiza nas apresentações é importante sabermos que não estamos sós, que não somos inimigas e que a gente é capaz. União, empatia e crescimento”, finaliza.
Serviço: “Deus é Mulher”, pelo Coletivo Clandestinas, será encenado no domingo dia 10 de novembro, na Feira da Bolívia na Praça que fica localizada no bairro Coophafe.
(Texto: Leo Ribeiro)