Sean Connery saiu de cena, mas deixou obras que marcaram

É sempre com grande tristeza que recebo a notícia da morte de um grande artista, e não foi diferente com Sean Connery. Falecido no sábado (31) aos 90 anos, Connery causou grande comoção no meio artístico e recebeu inúmeras homenagens. O ator foi imortalizado por ser o primeiro intérprete de James Bond nos cinemas, porém teve uma carreira marcada por outros papéis de sucesso. Entre eles, destaco o imortal Juan Ramirez, de “Highlander, o Guerreiro Imortal” (1986), o monge William de Baskerville de “O Nome da Rosa” (1986), o policial Jim Malone, de “Os Intocáveis” (1987), o professor Henry Jones, pai do arqueólogo em “Indiana Jones e a Última Cruzada” (1989), o capitão Markus Ramius, de “Caçada ao Outubro Vermelho” (1990), e Allan Quatermain, em a “Liga Extraordinária” (2003).

Voltando a falar sobre James Bond, Connery tinha certa bronca em ser associado a 007 e certa vez, em entrevista concedida a um jornalista, rasgou o verbo. “Eu odiava Bond. Fiquei terrivelmente deprimido por anos, pensando em como Bond havia tomado minha vida. Digo, não é que eu não gostasse do dinheiro que ganhei ou de toda a atenção que eu estava recebendo, eu só me sentia frustrado por ser identificado constantemente com esse personagem – o que, se você é um ator sério, é tipo a morte. Eu me senti preso. Mas era tudo o que o público queria me ver fazendo, e passei anos tentando convencer os cineastas de que eu poderia quebrar a imagem de Bond.”

O ator escocês relatou, ainda, como fez as pazes com o agente secreto. “Pensei que havia matado minha carreira ao ter passado muito tempo com um mesmo personagem – durante os anos 70, nenhum de meus amigos ousava tocar nesse assunto, porque eu estava realmente amargurado. Mas então fui capaz de reverter esse processo atuando nos papéis que pensei que atuaria com trinta ou quarenta e poucos anos. Afinal das contas, fiz as pazes com Bond. Ele é tipo um velho camarada que se parecia comigo.”

O primeiro filme em que Sean Connery atuou como o agente secreto galanteador foi em “007 Contra o Satânico Dr. No”. Na sequência fez “Moscou Contra 007”, de 1963, “007 Contra Goldfinger”, de 1964, “007 Contra a Chantagem Atômica”, de 1965, e “Com 007 Só Se Vive Duas Vezes”, de 1967. Connery deu adeus à franquia depois desses cinco filmes quando estava no auge do sucesso internacional. Foi substituído pelo australiano George Lazenby em 1969. A troca não caiu no gosto dos fãs, e os executivos conseguiram que o escocês retornasse em “007 – Os Diamantes São Eternos”, de 1971, com um adiantamento de US$ 1 milhão.

(Confira mais na página C2 da versão digital do jornal O Estado)

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