RJ: Segundo dia de desfile marca a noite das favoritas

Foto: Marcelo Fonseca/Folhapress
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Pintou a campeã?

Cinco escolas de samba passaram pela Marquês de Sapucaí na noite de ontem (23), com muito samba no pé, na garganta, e aquele turbilhão de emoções. Os destaque ficaram para a Majestade do Samba, Portela, para a Unidos da Tijuca, e para a favorita da noite, a Grande Rio.

Foto: Marcelo Fonseca/Folhapress

A primeira agremiação a pisar no Sambódromo foi a Paraíso do Tuiuti, que levou para a Avenida o enredo “Ka ríba tí ÿe – Que Nossos Caminhos se Abram”, do carnavalesco Paulo Barros. O desfile homenageia as mulheres e os homens pretos que marcaram a história da humanidade. O pavilhão Amarelo e Azul cantou alto com um samba que funcionou bem, a comissão de frente empolgou com a criação do mundo pelos orixás. A escola também mostrou um conjunto estético bem bonito, porém confuso. A agremiação encerrou o desfile com drama, e extrapolou 2 minutos do tempo regulamentar, o que irá fazer a escola começar a apuração com -2 décimos.

Em seguida veio ela, com o enredo “Igi Osè Baobá”, a Portela trouxe um tema africano nas mãos dos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage, que mostraram que a Majestado é fruto e raiz da árvore-símbolo da ancestralidade – o baobá. O enredo homenageia os fundadores da Azul e Branco, e relembra de forma emocionante o baluarte Monarco, que nos deixou em dezembro de 2021. Se existia alguma dúvida que o samba não iria pegar, por ser difícil de cantar, vimos uma escola com harmonia impecável, foliões cantando aos plenos pulmões, em especial no trecho que fala “Meu povo é resistência feito um nó na madeira do cajado de Oxalá. Força africana, vem nos orgulhar”. O mestre Nilo mandava as bossas da Tabajara em momentos chaves, mas não clichês, além de caprichar no ijexá. Porém, mesmo com alegorias bem acabadas e fantasias lindas que deixaram um tapete colorido na Avenida, a Portela soma problemas que podem tirar o título da Águia Altaneira. O calcanhar de Aquiles da escola, a comissão de frente, mais um vez sofreu e é provável que não gabarite, pois um bailarino caiu na frente da 1ª cabine de jurados. A agremiação também teve um problema em uma alegoria, que foi danificada ao passar pelo viaduto na concentração. O destaque ficou para o 1º casal de mestre-sala e porta-bandeira, com o show de Lucinha Nobre e Marlon Lamar. As baianas, todas de lilás em alusão à Nanã, também chamaram atenção. Além disso, a rainha Bianca Monteiro deu um show de samba no pé e simpatia à frente da consagrada bateria.

Foto: Lucas Neves/Agência Enquadrar/Folhapress

A Mocidade Independente de Padre Miguel foi a terceira escola de samba a passar pela Sapucaí. Com o enredo Batuque ao Caçador, o carnavalesco Fábio Ricardo presta homenagem aos ritmistas de ontem, de hoje e de sempre que compõem a alma da escola Verde e Branca. A bateria tocou para Oxossi e forrou um tapete nas cores da agremiação. A escola abriu um buraco considerável na frente da cabine dupla dos jurados e teve que correr com três carros alegóricos, o que irá tirar pontos de evolução.

Foto: Lucas Neves/Agência Enquadrar/Folhapress

O pavão da Unidos da Tijuca foi a quarta escola a pisar a Passarela do Samba, com o enredo Waranã – A Reexistência Vermelha, e que é uma ode aos povos indígenas. Criado pelo carnavalesco Jack Vasconcelos, a agremiação abusou das cores, contou a história do guaraná, fez uma “festa para os erês” e um desfile bem lúdico e com uma pegada oníroca. A tijucana enfrentou alguns problemas de evolução, mas surpreendeu e segue como uma das favoritas, o que surpreendeu os foliões.

Foto: Lucas Neves/Agência Enquadrar/Folhapress

A Grande Rio é a grande favorita ao título, com o enredo “Majeté! Sete Chaves de Exu” e um samba difícil, mas que pegou, os carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad, levaram os pontos de candomblé e empolgaram com um desfile lindíssimo todo para Exu. A escola denuncia a intolerância religiosa, a ideia é justamente mostrar que Exu não é o demônio, mas sim é o mensageiro entre o mundo espiritual e os seres humanos. Com um visual mais rústico e com as cores do orixá, as fantasias e alegorias surpreenderam. Como esperado, a “escola dos famsos” trouxe Pocah, Bianca Andrade, Gil do Vidor, David Brazil, Monique Alfradique, além da lindíssima rainha de bateria, Paolla Oliveira, que veio de Pomba-Gira. A escola de Caxias nunca levantou a taça, será que vem aí?

Foto: Lucas Neves/Agência Enquadrar/Folhapress

A última escola a desfilar fez uma homenagem seu presidente de honra, o cantor e compositor Martinho da Vila. A Unidos de Vila Isabel trouxe o enredo “Canta, Canta, Minha Gente! A Vila é de Martinho”, e se sagrou umas das favoritas a levar o campeonato. Martinho da Vila desceu para o chão e foi ovacionado pelo público da Apoteose no meio de muita emoção. Sem problemas técnicos, plásticamente perfeita, é provável que gabarite na evolução. O torcedor da Azul e Branco vê a esperança do título bem perto.

Apuração

A apuração irá acontecer a próxima terça-feira (26), as seis primeiras colocadas voltam para o desfile das campeãs no sábado (30).

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