Quentinhas do Cinema: Mergulhando na sensibilidade visual de ‘Assassinos da Lua das Flores’

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[Por Filipe Gonçalves, Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul]

“Assassinos da Lua das Flores” é um drama com investigação criminal e talvez um dos filmes mais complexos do ano. Martin Scorsese não mede esforços para entregar produções com minúcias de detalhes sem perder a qualidade narrativa.

Neste filme, acompanhamos o desenrolar da história de Ernest Burkhart e como ele pretende, de alguma forma, ganhar dinheiro fácil. A primeira oportunidade que se põe à sua frente é o tio, Bill Hale, que usufrui como pode das terras indígenas dos Osage, que verte ouro tornando uma nação indígena milionária. Leonardo DiCaprio entrega uma de suas atuações mais assombrosas já que caracterizado nem parece ele mesmo no set, contracenando com Robert De Niro e Lily Gladstone. O filme tem uma trama que deixa um rastro catastrófico, já que a história de Mollie é cercada de tragédias.

O povo Osage obtinha grande parte das terras do meio oeste do Estados Unidos e à medida que o homem branco foi tomando conta eles foram ficando com cada vez menos território, até que só sobraram terras bastante estéreis e
que, no julgamento da sociedade daquela época, não despertaria cobiça de ninguém. Mas eis que a terra começa a verter petróleo e transformar toda a nação em milionária, do dia para a noite. O dinheiro trouxe vários homens à procura de casamento arranjados, a fim de matar o povo indígena e ficar com a herança, já que a única forma de transferir essas terras é após a morte.

Martin Scorsese sempre entrega ótimos filmes com riquezas de detalhes que fazem a gente assistir mais de uma vez para tentar pegar cada centímetro do que nos foi apresentado. Essa é uma obra perseguindo uma história que vale muito a pena ser conhecida. O filme, que foi rodado em 2021, teve teve algumas mudanças no roteiro, já que no original o próprio Leonardo DiCaprio seria o personagem interpretado por Jesse Plemons e acaba mudando, ao longo de várias conversas com o diretor e deixa de ser um filme de investigação completo para abordar a história tida como menor, a de Mollie e sua família ao longo dos anos.

Visualmente, “Assassinos da Lua das Flores” é bem simples, mas simples de tirar o fôlego, como se fosse o último filme que você fosse ver na vida, com planos de câmera e fotografia que contam história em cada frame. Dizer isso com tantos fotógrafos extremamente competentes que temos hoje em dia e com recursos disponíveis, mas a maneira que a história avança e os costumes do povo Osage vão sendo minuciosamente postos em cena, a fotografia parece ficar mais sensível e sutil, como um véu que cobre uma mobília antiga depois de ser utilizada, com muito carinho e esmero.

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