Projeto oferece formação gratuita para pessoas surdas

Foto: Reprodução
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Curso aborda técnicas de cinema, como roteiro, gravação e edição por meio do celular

A arte é para todos, e o cinema também. Nos dias 19 e 26 de julho, e 2 e 9 de agosto, Campo Grande será palco de um curso inédito voltado exclusivamente à comunidade surda. O projeto “Audiovisual para Surdos” oferece formação gratuita em produção audiovisual, com aulas teóricas e práticas sobre como capturar e editar vídeos utilizando apenas o celular. A iniciativa busca ampliar a representatividade e autonomia da comunidade surda no universo do audiovisual.

Ministrado por Wedyn Pereira, bacharel em Audiovisual pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), o curso será realizado das 9h às 12h, na Casa de Cultura. Os participantes aprenderão conceitos fundamentais da linguagem cinematográfica e técnicas práticas de gravação e edição, com foco no uso do aplicativo CapCut. A proposta é democratizar o acesso ao audiovisual e incentivar a criação de narrativas visuais em Libras, feitas por e para pessoas surdas.

As inscrições já estão abertas e podem ser feitas pelo Instagram oficial do curso: @audiovisualparasurdos. Para participar, é essencial levar um celular com o aplicativo CapCut instalado. A confirmação da matrícula será feita via WhatsApp, pela equipe do projeto.

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Início do Projeto

Para a reportagem do Jornal O Estado, Wedyn Pereira, idealizador do curso, contou sua trajetória com o audiovisual.Ele começou fotografando com o celular, até descobrir o curso de Audiovisual da UFMS, onde se formou como bacharel. Desde então, vem consolidando sua atuação no cenário cultural sul-mato-grossense.

Wedyn já trabalhou como fotógrafo em eventos como o Campão Cultural e o Festival Reviva, promovidos pela Secult, e integrou a equipe do projeto Transcine – Cinema em Trânsito, que percorreu diversos municípios do de MS. Atualmente, ele realiza registros em foto e vídeo das atividades da Casa de Cultura e está em fase de produção de um curta-metragem contemplado pelo edital Paulo Gustavo, promovido pelo Governo do Estado.

“Como sou surdo, os outros sentidos se tornam mais aguçados, principalmente a visão. Sempre fui fascinado por imagens, admirava o trabalho de grandes fotógrafos e gostava muito de filmes”, conta.

Wedyn explica que a criação do curso nasceu da percepção da ausência de oportunidades voltadas especificamente para pessoas surdas no campo do audiovisual.

“A ideia surgiu justamente por ver como a comunidade surda é constantemente deixada de fora desse universo. Quero oferecer essa chance para minha comunidade e mostrar que o audiovisual não é exclusivo de pessoas ouvintes, ele também pode ser feito por surdos, com protagonismo e criatividade”, afirma o idealizador.

Ensinamentos do curso

Durante os quatro encontros, os participantes terão acesso a conteúdos teóricos e práticos, com foco na produção audiovisual a partir do celular. Wedyn explica que serão trabalhados conceitos fundamentais como enquadramento, iluminação, direção de arte, roteiro e edição.
“Vamos produzir vídeos ao longo do curso e, ao final, cada participante terá a oportunidade de apresentar seu trabalho para a turma. É uma forma de valorizar o olhar individual de cada aluno e estimular o diálogo entre as produções”, destaca.

A oficina foi pensada para ser acessível e prática. Segundo Wedyn, os alunos precisarão apenas de um celular com espaço de armazenamento disponível e o aplicativo de edição CapCut instalado.

“Optamos pelo celular porque é um equipamento que a maioria das pessoas já possui. A ideia é justamente democratizar o acesso ao audiovisual, tornando o curso viável para o maior número de participantes possível, sem a necessidade de equipamentos profissionais”, explica.

O curso conta com uma parte prática essencial para que os participantes possam vivenciar todas as etapas da produção audiovisual. Wedyn explica que serão gravadas cenas durante as aulas, que servirão como base para a fase de edição.

“Vamos dedicar dois encontros exclusivamente à edição dos vídeos, explorando cortes, transições, efeitos, ajustes de luz, cores e filtros. A ideia é que cada aluno compreenda na prática como construir uma narrativa visual usando ferramentas acessíveis”, destaca.

Importância para a comunidade

Wedyn acredita que o audiovisual é uma ferramenta fundamental de fortalecimento para a comunidade surda.

“O cinema é um meio poderoso de expressão. Através das imagens, pessoas surdas podem mostrar seu talento, compartilhar suas ideias e visões de mundo de forma autêntica. Isso gera reconhecimento, autoestima e pertencimento, elementos essenciais para o fortalecimento individual e coletivo da comunidade”, afirma.

Para os jovens surdos que sonham em trabalhar com vídeo e cinema, Wedyn deixa uma mensagem de encorajamento.

“Acreditem nos seus sonhos e, acima de tudo, no seu potencial. A comunidade surda tem muito a dizer e merece ocupar seu espaço. Nós devemos ser protagonistas das nossas próprias histórias, criando, dirigindo e mostrando ao mundo o nosso olhar”, finaliza.

Serviço: As inscrições seguem abertas através do link na bio do instagram do projeto; @audiovisualparasurdos. Demais informações, entrar em contato, através do perfil.

 

Amanda Ferreira

 

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