Projeto de ‘Circula Dançurbabana’ entra em sua quarta edição com arte e formação em Campo Grande

Foto: Reginaldo Borges/Divulgação
Foto: Reginaldo Borges/Divulgação

Circulação já passou por escolas de Três Lagoas e Dourados com espetáculos infantis

Despertar a curiosidade, o riso e novas formas de ver o mundo. Esses são os objetivos da quarta edição do projeto ‘Circula Dançurbana’, realizado pela Cia Dançurbana entre os dias 28 a 31 de outubro, com os espetáculos infantis ‘R.U.I.A’ e ‘K-zuu’. Entre passos, sons e brincadeiras, as apresentações despertam a curiosidade, o riso e novas formas de ver o mundo. A iniciativa também oferece uma oficina formativa para arte-educadores e professores.

O projeto já passou nos municípios de Três Lagoas e Dourados, e agora chega em Campo Grande, acompanhado de encontros de mediação artística para crianças e, de oficinas de disseminação da experiência para arte-educadores e professores de educação infantil, para promover a fruição de espetáculos de dança, criados especialmente para as infâncias, e com isso sensibilizar e conscientizar os tutores e a sociedade em geral sobre a relevância da arte e da cultura para o desenvolvimento sensível e cognitivo das crianças.

Para o Jornal O Estado, a intérprete-criadora Lívia Lopes, revelou que o projeto foi reformulado atendendo demandas, o que tomou uma proporção inesperada. “A gente foi percebendo uma demanda, não só das escolas, mas desse público específico, que é o infantojuvenil, uma necessidade de ter trabalhos e espetáculos de dança voltados a esse universo”, explica.

“Desde a primeira até esta edição, para a gente está sendo muito gratificante, muito poderoso poder circular com espetáculos de dança para o universo infantojuvenil, não só em escolas, mas também em EMEIs, proporcionando uma fruição desses universos para esse público, para as famílias e para os professores, porque acabamos impactando outras faixas etárias que estão ali junto com essas crianças e pré-adolescentes. E a gente percebe, pelos depoimentos, o quanto isso é importante: sensibilizar através da arte”.

Espetáculo ´K-zuu´ convida crianças a mergulharem no universo da imaginação e do movimento

Elaborado para o público do primeiro setênio (crianças entre 0 à 7 anos), o espetáculo ´K-zuu´ (nomeado em referência ao instrumento musical kazoo, a onomatopeia que sugere o som de alguns insetos e a imagem do casulo – invólucro que protege alguns seres em processos de transformação) lança mão de aspectos da filosofia da educação pra ambientar esse rico ecossistema do aprendizado nessa etapa da vida. Em cena, três intérpretes-criadoras dançam e tocam instrumentos: suavemente em solavanco, fluindo e zunindo.

“No K-zuu, trabalhamos mais com instrumentos musicais, contação de histórias e onomatopeias, formas de acessar esse público de maneira lúdica e sensível. A narrativa acompanha o desenvolvimento de uma lagarta que se transforma em borboleta, simbolizando crescimento e metamorfose”, explica a interprete.

Em cena apresentam-se Ariane Nogueira, Maura Menezes e Rose Mendonça. A obra tem direção artística de Renata Leoni, provocação e colaboração de Paula Bueno e Miraíra Noal, cenário por Maíra Espíndola, figurino por Maíra Espíndola e Dayane Pereira, Música Festa do Pantanal – Lagarta Comilona – Prof° Shauan Bencks, trilha sonora por Rose Mendonça e consultoria musical por Jonas Feliz.

Espetáculo “R.U.I.A” une fantasia e criatividade para crianças de 7 a 14 anos

O espetáculo ‘R.U.I.A – Realidade Ultrassônica de Invasão Aleatória’ aleatoriamente invade o recreio da escola, um ecossistema habitado por criaturas mitológicas, as brincadeiras e jogos da infância, etc. Voltado para crianças do segundo setênio (etapa do crescimento dos seres que fica entre 7 e 14 anos, onde acontece o desenvolvimento das relações sociais, da memória cronológica, a compreensão da ligação entre causa-efeito…); o espetáculo lança mão de estímulos e objetos que são ressignificados e reinventados.

“Já o R.U.I.A mergulha em outro universo — o do imaginário, da memória e das brincadeiras. Resgatamos jogos e brincadeiras de várias gerações, algumas que as crianças de hoje talvez nem conheçam, criando cenas que despertam a imaginação e convidam o público a construir suas próprias narrativas a partir do que vê”, disse Lívia.

“Diferente do K-zuu, o R.U.I.A não tem uma história linear com início, meio e fim, mas sim quadros poéticos que estimulam o olhar e o pensamento. Para a criação desses trabalhos, convidamos outros profissionais — de canto, palhaçaria e teatro — para ampliar nosso repertório e integrar diferentes linguagens artísticas que complementam a dança. Queríamos mergulhar nesse universo do imaginário, da contação de histórias e da comicidade, expandindo nosso olhar para além da dança. Foi assim que, em 2018, nascem essas duas criações”, complementa.

Em cena apresentam-se Adailson Dagher, Ariane Nogueira, Daniel Andrade, Jackeline Mourão, Livia Lopes e Reginaldo Borges. O espetáculo tem direção artística de Renata Leoni, provocação e colaboração por Paula Bueno e Miraíra Noal, cenário por Maíra Espíndola e, figurino por Maíra Espíndola e Dayane Pereira.

Oficina

Antes das apresentações, a companhia realiza um momento especial de mediação artística com as crianças e pré-adolescentes, criado para aprofundar a experiência estética e emocional. “Essa mediação acontece cerca de meia hora antes do espetáculo, quando o cenário já está montado e as crianças estão posicionadas diante do espaço cênico. Conversamos com elas, explicamos brevemente o que vai acontecer e promovemos uma fruição artística”, explicou. Segundo a artista, esse tempo de escuta e conexão com o público faz toda a diferença: “Quando o espetáculo começa, elas já estão mais interessadas e mergulhadas na experiência.”

O resultado desse preparo aparece de forma vibrante ao final das apresentações. “É muito bonito ver o quanto as crianças ficam afetadas pela experiência. Muitas saem tentando fazer estrelinhas, cambalhotas, paradas de mão; outras vêm conversar com a gente, dizendo que também sabem fazer algum movimento”, contou. Para ela, esse entusiasmo cumpre o propósito central do projeto: despertar o desejo de mover o corpo. “Vivemos em uma era tecnológica, em que o celular prende muito a atenção das crianças. Então, ver que o espetáculo desperta nelas essa vontade de brincar, se mover e explorar o corpo é muito gratificante”, completou.

Encerrar a quarta edição do Círculo da Dança Urbana em Campo Grande é, para a Cia Dançurbana, um momento de celebração e de amadurecimento. “É muito bonito olhar para trás e ver o quanto o projeto evoluiu desde o início. No começo eram só apresentações, depois sentimos a necessidade das mediações artísticas e, mais tarde, de oferecer formação aos professores, que queriam aprender mais sobre o universo da dança urbana.”

Para a companhia, o maior aprendizado vem do impacto humano gerado em cada encontro. “É muito emocionante ver o brilho nos olhos das crianças, a vontade de se mover e de experimentar a dança”, afirmou. O acolhimento das escolas e o diálogo com os educadores também fortalecem a continuidade da iniciativa. “Essa escuta e essa abertura fazem com que a gente queira seguir com o projeto e levá-lo ainda mais longe. Nosso sonho é circular por mais escolas, atingir outros municípios e impactar mais comunidades”, completou. A artista reforça que a essência do trabalho segue inalterada: “Acreditamos profundamente que a arte sensibiliza, que dançar transforma — tanto o desenvolvimento cognitivo quanto o emocional das crianças e dos pré-adolescentes. É por isso que o Círculo da Dança Urbana é tão especial para nós.”

Programação na capital

No dia 28 de outubro, a Cia Dançurbana apresenta o espetáculo ´K-zuu´, às 8h30, no EMEI Piratininga e, às 14 horas, no EMEI Ipiranga. Já no dia 29, a companhia chega na Escola Municipal Nerone Maiolino com o espetáculo ‘R.U.I.A – Realidade Ultrassônica de Invasão Aleatória’, com sessões às 9h30 e 13h30.

E, no dia 31, das 13h às 18 horas, o projeto realiza a oficina formativa ´Que dança se dança na escola?´, voltado para arte-educadores e professores, na Casa de Cultura (sala de Artes Cênicas) . A oficina pretende gerar diálogos entre a linguagem da dança, o contexto em que ela está sendo aprendida/ensinada e a diversidade de relações geradas pelos atores envolvidos, propondo experimentos, jogos e exercícios práticos para que se possa acrescentar mais possibilidades de experienciar a arte, o corpo, o tempo e o espaço contemporâneo no ambiente escolar.

Este projeto é realizado pela Cia Dançurbana, Ministério da Cultura e Governo Federal via Lei Rouanet e patrocinado pela MSGÁS e Real H. Mais informações pelo Instagram da companhia @ciadancurbana.

 

Por Carolina Rampi

 

 

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