Obras de murais e telas compõe novo livro “Amálgama”

Murais, quadrinhos e contos buscam fusão de linguagens

“Amálgama – Memórias, Processos e Narrativas” será lançado no dia 6 de fevereiro, no Sesc Cultura, às 19 horas. Em entrevista ao caderno Artes&Lazer do jornal O Estado, o paulistano da zona leste Fábio Quill é o autor da história em quadrinhos no mural da Avenida Mato Grosso com a Rua dos Ferroviários.

Sobre seu projeto em Campo Grande, Fábio Quill explica que: “HQ Mural é um projeto que tenho pensado há pelo menos dez anos. Um dos grandes empecilhos era justamente a correria de São Paulo. Cheguei a fazer alguns testes no ateliê que tinha lá, uma escola desativada em que os donos alugavam salas para artistas e, em cima, tinha uma quadra de futebol murada, onde fazíamos alguns experimentos. Eu cheguei a fazer, mas na correria louca de SP não achei que estava no ponto que eu gostaria. É como se eu não tivesse ainda descoberto a melhor forma de expressar aquilo. Os testes obviamente serviram, mas engavetou”.

“Quando cheguei a Campo Grande, a vinda para cá foi em busca de qualidade de vida, menos estresse e um pouco mais de respiração e calma. Quando fui convidado pelo Guiddo – que é dono do Ateliê 118 – para ser um dos a dividir o painel (que fiz junto com o artista local Xavier, um surrealista), achei que ali seria o lugar ideal para pôr em prática esse projeto. Acho que o tamanho do muro, apesar de o lugar ter uma velocidade menor que a de São Paulo, tudo isso colaborou para que eu conseguisse chegar ao resultado que gostaria. Até pontuei ele como ‘00’, como se fosse o início mesmo, uma experiência… mas uma experiência que poderia ser o número um. Foi bem gratificante chegar aqui e trazer uma coisa nova”, aponta o artista.

Sobre sua visão do cenário na Capital, conta que: “Campo Grande tem buscado – venho aqui há nove anos, sou casado com uma campo-grandense –, e eu percebo, uma mudança, transformação da cidade. Uma busca por se tornar uma cidade maior, com maior abrangência de cultura. Percebo nesses nove anos tudo crescendo. Considero, por exemplo, que aquele espaço me lembra a Vila Madalena, logicamente que menor, ainda em ebulição, um projeto de algo… mas no entorno já tem o Ateliê 118, a BRAVA, o Eden Beer, tem a Estação Ferroviária, então ali é uma região que eu acredito muito, onde eu inclusive pintei o painel, que tem tudo para se tornar um lugar interessante culturalmente, de uma efervessência cultural. Onde também acontecem os carnavais e bloquinhos”.

“A diferença maior de São Paulo para Campo Grande é realmente o espaço urbano. SP se tornou caótico. Foi um espaço mal planejado, então tudo é engarrafamento, chuva alaga tudo, correria gigantesca onde não se tem tempo para fazer praticamente nada. Quando vim pra cá, conversando com um amigo, disse que eu queria ter a coragem de apostar em algo assim que, aqui, fui comprar tinta e pude voltar para o ateliê. Você gasta o dia inteiro para fazer uma coisa em São Paulo, aqui se tem uma mobilidade mais tranquila”, aponta Quill.

Da Capital de MS, Fábio comenta que: “Campo Grande tem essa aspiração de buscar esse novo, de trazer uma renovação constante dentro do cenário artístico-cultural que isso, para mim, é o que mais me lembra São Paulo. Essa sede de ver coisas acontecendo, se transformando”.

Quanto à sua obra de lançamento afirma que: “Amálgama foi até um exercício – que também é um projeto um pouco mais antigo que o lançamento agora – que eu não me sentia pronto para fazer, inclusive porque não conseguia separar as coisas. São muitas produções, de murais, telas, ‘posters’, quadrinhos, contos… era uma produção muito diferente uma da outra e é aí que entra o editor, que é o Leonardo Triandopolis, que também é escritor. Ele topou fazer essa parceria e aí foi impressionante como as coisas começaram a casar. O grande quebra-cabeças da minha experiência, do meu desenvolvimento e a produção artística que o Leo conseguiu fazer, se tornar uma coisa única ali”.

“Eu acredito que a identidade que o livro traz é essa busca minha por misturar linguagens, por buscar experimentações, isso ele traz com bastante ênfase”, faz questão de ressaltar.
“Convido todo mundo a prestigiar o lançamento, que vai ser no Sesc Cultura. Eu tô muito feliz, vai ter um bate-papo comigo, com o Leo Triandopolis e a mediação é do Daniel Rockenbach, que é jornalista e mediador do Vórtice Literário. Vai ser muito interessante, bem rico, com a visão de um artista, um editor e mediação de um cara que tem um grupo de leitura”, finaliza Fábio Quill.

(Texto: Leo Ribeiro)

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