Conheça a sua influência em mais essa edição da coluna Quentinhas do Cinema
É sabido que tudo no cinema tem influência tanto da literatura,musical,arquitetura, artes plásticas e por aí vai. Um grande exemplo é Philip K.Dick, responsável por ‘Androides sonham com ovelhas’ ou Blade Runner como ficou conhecido após a produção Ridley Scott de 1982. Philip cresceu em meio a um dos períodos mais conturbados da nossa sociedade moderna, passando pela segunda guerra e a guerra fria.O que logicamente marcou para sempre,tendo em vista a influência desses acontecimentos em suas obras. Claro também sob efeito de drogas psicotrópicas que fizeram com que ele visse uma outra realidade paralela a nossa.Mas isso é assunto para um outro texto.
Uma de suas obras mais famosas “ O Homem do Castelo Alto” de 1962 foi um marco para o gênero de ficção científica, o livro que posteriormente virou uma série da Amazon Prime, trata-se de um universo paralelo onde a Alemanha Nazista venceu a guerra junto com o eixo, nessa realidade também os Estados Unidos é dominado e dividido entre a parte Alemã e a Japonesa com uma zona neutra entre elas. Philip cria um mundo bem coerente no que se propõe. Os Alemães seguindo o desenvolvimento tecnológico que mantiveram durante a guerra historicamente,nessa realidade conseguem colonizar outros planetas e também drenar o mar para fazer plantações
As influências na cultura pop vão desde “Matrix” de 1999 até a série de sucesso da HBO Westworld. Uma série bem fora do comum,e claro, tem uma ótima produção.Um lugar no futuro onde os parques oferecem um tipo de atração no mínimo controversa. Os visitantes são colocados em um ambiente que lembra muito o velho oeste Americano do século XIX, lá eles podem praticar as maiores atrocidades com os que ali vivem, tendo em vista que os habitantes são androides que depois de mortos são ressuscitados nas entranhas do parque.
Essa narrativa diz muito de onde os realizadores Jonathan Nolan e sua esposa Lisa Joy foram em direção às obras de Philip K. Dick. Esse também poderia ser um levante daquela raça que não é nem humano e nem máquina, mas sim um híbrido, a criação precedendo o próprio criador,algo que geraria grande inveja entre humanos principalmente analisando pela ótica da imortalidade.
Em “Blade Runner 2049” de 2017, trabalha um pouco a ideia de os androides agora poderem se reproduzir e até mesmo criar memórias que não fossem fabricadas. E claro eles sempre se uniriam aos seus semelhantes para destruir a ‘raça inferior’ que nesse caso seríamos nós. As duas obras trabalhando essa ideia de forma bem meticulosa através dos poderes adquiridos se é que podemos chamar assim.Como os ‘Droids’ fariam isso?
No mundo em que vivemos tudo ou está ligado à rede mundial de computadores ou uma hora vai estar, o caminho mais óbvio é a invasão dos recursos que tanto utilizamos causando um grande colapso na informação. Em Matrix das Wachowski a ideia é usar os corpos dos seres humanos como se fosse uma pilha coletando a energia que nossos corpos para alimentar suas cidades robóticas e seu mundo agora encobertos por poeira depois de uma guerra com bombas atômicas. Enquanto os corpos são subutilizados, as mentes são postas em um programa para viver em uma realidade paralela enquanto acreditam que aquilo é real.
A influência de de Philip K. Dick é clara em todo tipo de utopia que preza por essa subversão da raça, como uma grande alegoria para o mito da caverna de platão.Nós podemos nos colocar como o ser ludibriado pelas sombras tanto pelo o que projeta, nessas histórias se vê muito novos seres se rebelando contra humanos principalmente por acharem que nosso conhecimento para ver o horizonte é limitado. A questão é se estamos vivendo na realidade que achamos estar, e questionar isso realmente vai nos levar a algum lugar.
** Filipe Gonçalves, o autor, é colaborador da TV O Estado e apresentador do podcast Efeito Surpresa!