O relacionamento entre tutores e pets apresentou uma mudança significativa, e a cultura de ter um animalzinho como membro da família tem proporcionado a festa aos bichinhos. Vemos com frequência pais e mães comemorando o “mêsversário” dos bebês, com um bolinho no dia em que a criança chegou ao mundo, e a moda agora é comemorar também a chegada desses companheiros dos homens: os pets, que passaram de simples bichinhos de estimação para membros oficiais de muitas famílias.

Por amor a Yvi, Ana Marcia começou a confeitar especialmente para pets, ainda em 2017, quando passou a festejar a vida da sua cachorrinha. “Sempre comemoramos os aniversários de todos os membros da família, inclusive o dela (Yvi). Foi assim que comecei a pesquisar sobre a culinária pet, a princípio para a oferecer à Yvi, que sempre foi muito alérgica e ao mesmo tempo comilona. Tudo ela queria e acabava passando mal. Hoje ela come os bolos e petiscos, testa todos, e não apresenta nenhuma reação alérgica”, explica Ana Marcia.

A professora, perto da aposentadoria, viu na pandemia a oportunidade de investir no ramo, e hoje se dedica à confeitaria pet, na confecção de doces, bolos, brownies, pão de queijo, biscoitos e muitos outros quitutes feitos especialmente para cães e gatos. “No início do ano eu comecei a procurar alguma coisa para me satisfazer e então encontrei a confeitaria pet. Fiz cursos com profissionais qualificados de petchefs para poder proporcionar o melhor produto para meus clientes.”

Ana Marcia percebeu, por meio do seu carinho pela Yvi, sua pet, que muitos tutores estão dispostos a fornecer o melhor para seus animais, e então busca sempre os ingredientes mais indicados, visando à saúde dos animais.

A pedagoga Daniela Ensinas adotou a Nina Jolie durante a pandemia. Ter um pet era um desejo antigo da tutora e do filho. Agora, Daniela comemora todo dia 4 a vida da Nina, com uma festa cheia de produtos específicos para a alimentação canina. “Quando eu adotei a Nina, mesmo que novata no mundo dos pets, sabia que existiam alguns alimentos específicos para eles, mas ainda não conhecia a confeitaria pet, foi quando eu comecei a comprar os biscoitos da Ana Marcia. Em seguida, já comecei com as comemorações do mêsversário e a Nina aceitou muito bem”, conta Daniela.

Na produção

A confeiteira Ana Marcia escolhe os ingredientes específicos para cada animal, e busca sempre um atendimento personalizado e por isso conversa com os tutores antes de cada produção para saber, por exemplo, se há algum item a que o animal tenha alergia e quais suas preferências. No Instagram @sabores_ da_yvi, Ana compartilha suas produções e ainda dá dicas de alimentação para os tutores que a seguem na rede social. “Os produtos que são confeitados por mim servem para uma interação entre tutor e pet, e todos têm um prazo de validade curto, justamente pela naturalidade dos ingredientes e a ausência de conservantes. E justamente para deixar os clientes cientes disso eu sempre envio junto dos produtos um informativo sobre o consumo dos quitutes.”

Na carta que encaminha junto das encomendas, a confeiteira alerta sobre a alimentação dos animais, e pede para que os tutores fiquem atentos para que os produtos não interfiram no apetite dos pets quanto às refeições habituais.

Ela ressalta que a ingestão dos quitutes não deve ultrapassar 10% da quantidade diária total de alimentos consumidos pelo pet e orienta ainda a forma de armazenamento dos produtos. “Vejo o amor da Ana Márcia nos produtos. Desde o preparo, a apresentação até a entrega. A Nina pula de alegria quando a vê chegando. Isso para nós é o mais importante”, afirma a tutora Daniela Ensinas.

Mas o vet recomenda?

De acordo com a médica-veterinária Luana Lima, esse novo comportamento adotado pelos humanos, em cuidarem com mais atenção dos pets e comemorarem a presença deles, é muito importante para os animais.

“As pessoas finalmente conseguiram entender que a alimentação não é só um luxo e percebemos que na pandemia os cachorros e gatos passaram de apenas bichos de estimação, para membros da família, onde as pessoas passaram a cuidar mais. Hoje percebemos que os tutores estão mais preocupados com a alimentação mais natural dos animais e isso é de extrema importância.”

Ainda segundo Luana, a medicina veterinária vê isso com bons olhos, já que a saúde animal está sendo priorizada, o que foi intensificado na pandemia, quando muitas pessoas passaram a ter os animais como verdadeiros companheiros durante este período em que o distanciamento social foi necessário. A recomendação é de que o tutor sempre busque informações sobre de onde vem o produto que vai comprar para seu animal. A veterinária recomenda que busquem por produtos os mais naturais possíveis, de preferência os feitos em casa, por profissionais qualificados, que conheçam a necessidade alimentar dos pets.

“Nós pedimos para que os tutores cuidem quanto à qualidade dos produtos, sempre buscando saber qual a procedência desses alimentos, procurar saber se é feito com produtos naturais mesmo, sem conservantes, informando as alergias e tudo mais. Eu gosto dessas manifestações de carinho e espero que os tutores demonstrem mais com doces e bolos específicos para os pets”, afirma Luana. (Texto: Beatriz Magalhães)