Evento será no Museu da Imagem e do Som, em parceria com a Casa Le Cinq, durante sete dias
Mais uma vitória para a luta LGBTQIAPN+! Pela primeira vez em uma instituição pública, a comunidade queer realiza a 1ª edição da Mostra Orgulho LGBTQIAP+, no MIS (Museu da Imagem e do Som), em parceria com a Casa Le Cinq. O evento será uma oportunidade de ocupar um espaço de memória e cultura, dando visibilidade à arte, histórias e vivências da comunidade no Estado.
A Mostra representa um marco simbólico e político para Mato Grosso do Sul. É a primeira vez que artistas e coletivos LGBTQIAPN+ assumem o protagonismo em um museu estadual, promovendo uma programação inteiramente colaborativa, formativa e gratuita. Com oficinas, debates, exposições, filmes e performances, a semana se propõe a afirmar a arte queer como ferramenta de transformação social e espaço legítimo de pertencimento.
A programação conta com atividades pensadas para promover o encontro entre diferentes gerações, trajetórias e linguagens artísticas, fortalecendo os laços comunitários e a valorização da cultura LGBTQIAPN+ do centro-oeste brasileiro. O evento oferece certificado aos participantes de atividades formativas, oficineiros, expositores e realizadores.
Para Pappy Noa Le Cinq, um dos idealizadores do evento, a mostra é a realização de um sonho, “Nossa comunidade sempre foi muito marginalizada e invisibilizada, então ter essas obras em um Museu, como o de Imagem e Som além de ser a realização de um sonho, é político, é resistência, é mostrar a cultura da nossa comunidade, tudo que a gente produz e muitas vezes não é visto e agora estará sob as luzes do museu”.
O idealizador ainda comenta que a articulação da mostra serve para construir uma ponte entre o que foi negado a comunidade: presença, memória e protagonismo.
“A Mostra Orgulho LGBTQIAPN+ no MIS é um ato de insubmissão. É um grito que ecoa das margens e reverbera no centro da cultura sul-mato-grossense. Pela primeira vez, o Museu da Imagem e do Som é ocupado por nossas vozes, nossos corpos, nossas verdades. Sem filtro e sem concessão. É sobre rasgar a invisibilidade que paira sobre artistas queer no estado e escrever, com nossas próprias mãos, uma história que nos contemple”.
Programação
Foram mais de duzentas inscrições para o evento, entre pinturas, fotografias, fotogravuras, curtas, roupas, perfomance e shows. A curadoria foi feita com especialistas que analisaram as inscrições, desde a ficha técnica até os métodos utilizados na composição da obra. A mostra conta com a participação de artistas de vários estados do Brasil, incluindo Bahia, Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Espírito Santo.
“A programação da Mostra foi pensada como um gesto político e afetivo. Escolhemos a dedo quem estaria conosco: convidamos pessoas de coletivos LGBTQIAPN+ da cidade, parceiros de caminhada da Casa Le Cinq, e também nomes do meio acadêmico que pesquisam e vivem questões que dialogam diretamente com nossa comunidade”, explica o idealizador.
“Trouxemos filmes que abordam a cultura ballroom com sensibilidade e potência. Produções como Salão de Baile, de Juru e Vitã, que estreou recentemente e retrata a vida cotidiana da cena ballroom no Brasil, sob a perspectiva do Rio de Janeiro, com um olhar cuidadoso e real. A exibição do filme será acompanhada de um debate intercultural que visa fortalecer e expandir o entendimento da cultura ballroom enquanto linguagem e ferramenta de transformação social”, complementa.
Além disso, a programação da mostra terá formações específicas como oficina de elaboração de plano de aula para oficinas de ballroom.
“Mais do que informar, queremos provocar pertencimento. Queremos que pessoas como eu — como nós — se sintam valorizadas, acolhidas, vistas. Que percebam que fazem parte de um todo, de uma comunidade viva e pulsante. Que saibam que há pessoas pensando nelas, sonhando com elas, lutando por elas. Que não estão sós”.
Para Pappy Noa Le Cinq, a estética voltada para o sensível presente na mostra, irá atravessar quem vive a experiência LGBTQIA+. “Desejamos que essa semente cresça. Que a Mostra inspire mais e mais artistes e artistas a florescerem. Porque a arte é nosso escape, nossa afirmação e nossa resposta dentro de um mundo que ainda não foi feito para corpos que vivem além da heteronormatividade. Nossa arte é sobrevivência. É revolução”.
Confira a programação oficial;.
Galeria “Histórias LGBTQIAPN+”
Exposição aberta ao público de 28 de junho a 4 de julho com obras visuais de artistas locais e nacionais em diferentes linguagens como pintura, fotografia, poesia, instalação, figurino e vídeo.
DOMINGO — 29/06 | 15h
* Palestra e Roda de Conversa: “Gêneros e Sexualidades na Comunidade LGBTQIAPN+” + Prática Ballroom ao pôr do sol
* Conduzida pela psicóloga Bianca de Oliveira Amorim (CRP14/10399), com experiência em saúde LGBTQIA+, cultura e políticas públicas
Encerramento com prática de ballroom na varanda do MIS conduzida por Pappy Ledesma Le Cinq.
SEGUNDA — 30/06 | 19h
* Oficina Formativa: Metodologia e Elaboração de Plano de Aula com foco em Cultura Ballroom
* Conduzida por Princesa Lana Hands Up MS, referência da cena ballroom. Voltada para educadores, artistas e agentes culturais interessados em desenvolver ações pedagógicas a partir da cultura ballroom
TERÇA — 01/07 | 19h30
* Exibição do filme “Paris is Burning” + Roda de Conversa
* Clássico documental que narra a história da cena ballroom de Nova York nos anos 1980
* Conversa sobre a relevância cultural, política e estética da ballroom culture
QUARTA — 02/07 | 19h
* Mostra de Curtas LGBTQIAPN+
* Seleção de curtas locais e nacionais com temáticas queer
* Sessão comentada com realizadores (presença mediante disponibilidade)
* Participantes e realizadores recebem certificado
QUINTA — 03/07 | 19h30
* Exibição do filme “Salão de Baile (This is Ballroom)” + Conversa com a Diretora
* Sessão gratuita do documentário brasileiro sobre a cultura ballroom
* Conversa online ao vivo com a diretora após a exibição. Ingressos disponíveis via Sympla (@casalecinq)
SEXTA — 04/07 | 19h às
* Encerramento da Mostra + Vogue Jam + DJ Set
* Encerramento simbólico da exposição
* Performance da Casa Le Cinq
* Vogue Jam aberta com DJ convidado
* Presença do CTA – Centro de Testagem e Aconselhamento, com testagem rápida e distribuição de insumos
Por Carolina Rampi