A campanha deste ano recebeu 10 mil cartinhas, mas ainda há 1.700 aguardando por um voluntário solidário até o dia 15 de dezembro
Com uma fábrica mágica de brinquedos e a ajuda de diversos duendes operários, o bom velhinho traz alegria à criançada quando o fim de ano se aproxima. Entusiasmada com a promessa dos presentes, a meninada se inspira e lota a caixa dos Correios com inúmeros pedidos de Natal. Comovida com a pureza infantil, a campanha Papai Noel dos Correios convida órgãos municipais, estaduais e a população de Campo Grande, há mais de três décadas, a ser um bom velhinho por um dia e a realizar a felicidade dos pequenos. Os interessados em apadrinhar os pedidos têm até quinta-feira (15) para ir até uma das agências dos Correios e adotar uma cartinha. Só este ano, a campanha recebeu 10 mil cartinhas; contudo, ainda há 1.700 aguardando por um voluntário. A adoção pode ser realizada de forma on-line ou presencial.
Desde 1989, a ação ganhou força e hoje une agências dos Correios de todo o Brasil e a população nessa corrente de solidariedade. Em Campo Grande, desde 2010, além das cartas que as agências recebem, alunos de escolas públicas e municipais são convidados a fazer seus pedidos ao bom velhinho. Conforme comenta a coordenadora do projeto no MS, Lúcia Mendes, sobre uma entrega de presentes realizada na escola municipal Professor João Cândido, do bairro Jardim Anache.
“Nossa última entrega foi na escola Professor João Cândido de Souza. E quem realiza essa seleção é a Semed (Secretaria Municipal de Educação). A Semed escolhe, nós entramos em contato, e conversamos com os professores e com os diretores para que eles possam realizar as cartinhas com os alunos. Por essas escolas atenderem até o quinto ano, todos os alunos participam. Essa é a segunda vez que a João Cândido participa e quem está apadrinhando este ano é a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), que entregou, na sexta-feira (8), 510 presentes para os alunos. E foi lindo. Estavam todos emocionados, eufóricos. E o bacana é que a campanha vem aumentando a cada ano. Em 2022, recebemos em torno de 7 mil cartas, já em 2023, chegamos a 10 mil. Isso é muito animador. Contudo, ainda precisamos de 1.700 padrinhos, para que todos, esse ano, sejam presenteados. Por isso, chamo a todos para participar e apadrinhar uma carta”, convida a coordenadora.
Atendendo aos pedidos
As cartas que participaram da campanha precisaram atender a alguns critérios estipulados pela agência. A campanha abrange, por exemplo, crianças de até 10 anos em situação de vulnerabilidade social e crianças do 1º ao 5º ano do ensino fundamental de escolas públicas e municipais. O mesmo acontece com a seleção realizada pela Semed, que prevê que, uma vez que a escola é selecionada, a mesma não poderá participar da campanha por pelo menos três anos. A Escola Municipal João Antônio foi selecionada em 2019 e agora, em 2023, foi contemplada mais uma vez. Segundo Hélida Rafaela, coordenadora da escola há quatro anos, os alunos adoram a iniciativa e relembra de um pedido marcante.
“Essa é a segunda vez que a nossa escola participa, e toda vez é uma bagunça. Nós sempre orientamos no processo da escrita, e as crianças sempre ficam ansiosas sobre o que escrever, quando enviar e quando os presentes vão chegar. A única regra que estabelecemos é não fazerem pedidos de eletrônicos. Nada de celular, nada de tablet, mas também só estabelecemos esse critério. Retirando isso, cada um pede o que quer. Tem crianças que gostam de fazer pulseiras e pedem coisas assim. Como a nossa comunidade é bem carente, muitas vezes, alguns pais não têm condições mesmo de comprar. Eu até me lembro de uma criança que pediu um edredom, porque o sonho dele era ter um edredom, e outra que queria ajuda para o irmão… Como a campanha permite a escolha de dois presentes, nós recomendamos que eles escolham um para eles também”, compartilha a coordenadora Hélida.
História e voluntariado
Longe da fantasia natalina, a realidade dos Papais Noéis não é tão deslumbrante quanto nas histórias e filmes. Seja em shoppings, empresas ou escolas, os protagonistas que assumem o manto vermelho são os mais variados tipos de profissionais. Desde atores até voluntários, os Papais Noéis dessa história começaram com um grupo de carteiros que, sensibilizados diante de tantas cartas destinadas ao velho Noel, decidiram assumir esse papel e proporcionar um final de ano mais feliz. Desde então, a iniciativa resultou em uma campanha muito querida, que perdura há mais de 30 anos: o Papai Noel dos Correios.
Para a atendente, há 23 anos na agência central da Capital, Maria de Lourdes Santana, além de se surpreender com as diversas avaliações que os padrinhos fazem para escolher uma carta, o ímpeto solidário também fala mais alto, fazendo com que a atendente reúna seu próprio grupo e também ajude.
“O que vem mais aqui, que senta na mesa, são os padrinhos. Por exemplo, tem pessoas que chegam, olham as cartas, pegam uma aleatória e saem. Aí já tem outros que querem ler toda a história. Dependendo do que a criança fala para ele, que motiva, é o que ele vai pegar. Há outros que decidem pelo preço, alguns que gostam do desenho. Estes dias, achei interessante um senhor, ele falou para mim que escolhe a carta pela letra. Cada um escolhe a cartinha de uma forma. Como sou funcionária e há cartas que não são adotadas, às vezes eu escolho algumas. No ano retrasado, escolhi 5 cartas relacionadas à cesta básica. Peguei o endereço e, com o meu ciclo de amizade, fizemos um projeto à parte.”
As agências dos correios dos bairros Amambai, Guanandi, Mata do Jacinto, Monte Castelo, Moreninha 2, Santa Fé, Tiradentes e Vila Bandeirantes, além da agência central são postos de adoção e entrega de presentes. Para mais informações, acesse: blognoel.correios. com.br/blognoel/index.php.
Por Ana Cavalcante.
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