Animação regional mescla a arte de Manoel de Barros com narração de Ney Matogrosso e concorre no “Japan Prize” deste ano
Livremente inspirada no universo poético de Manoel de Barros e com narração do cantor Ney Matogrosso, “O menino que engoliu o sol” representa o Brasil e Mato Grosso do Sul na edição 2020 do Japan Prize. O evento é uma competição internacional que desde 1965 reconhece trabalhos que acreditem no poder educacional transformador que a arte tem. Sua cerimônia de premiação está agendada para o dia 5 de novembro, com entrega on-line e exibição por meio das redes sociais, liberada no site oficial após o término da celebração.
Com supervisão artística de Joel Pizzini, a animação é dirigida por Patrícia Alves Dias, que assina o roteiro em conjunto com Ricardo Pieretti Câmara. “A gente fez uma direção de arte onde surgiam de manchas de aguada, aquarela. E íamos procurando, como as crianças fazem olhando para as nuvens. Em busca de semelhanças, o que achávamos eram só bichos do Pantanal. A ideia era – tanto no texto, plástica ou som – usar elementos que o Manoel aconselhava poeticamente”, revela a diretora.
Único e característico, “O menino que engoliu o sol”, de acordo com Patrícia, até pode ter modo universal de se comunicar. “Mas tem um estilo singular, autoral. Somente a nossa equipe pode ter feito. Porque é artístico. Os personagens surgiram de uma forma específica, foram convidados à surgir”, comenta ela sobre a obra, que tem a cara de Mato Grosso do Sul. “Usamos uma métrica guató. Existem substantivos que se tornam verbos. Nunca tem os pronomes possessivos. A gente segue o que percebeu e estudou nos poemas de Manoel, por isso dizemos que é uma inspiração livre, e isso também do livro do Ricardo. Porque, na verdade, tem elementos mas não é a história do livro em si”, explica ainda Patrícia Alves.
Ricardo Pieretti Câmara é outro que produziu imensamente para dar vida e contextualizar a obra. Para ele a animação tem grande reflexo na educação por sua fácil assimilação. “Em ‘O Menino que engoliu o Sol’ a O menino que gente traz um universo de Manoel de Barros de uma maneira muito lúdica, que é muito sensorial. Para trabalhar com a poesia em sala de aula; com crianças”, diz ele.
(Confira mais na página C1 da versão digital do jornal O Estado)