Lenilde Ramos, Samuel Medeiros e Sérgio Cruz realizarão leituras e análises sobre a obra de Campestrini
Hoje (29), o auditório da sede da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras será palco de mais um tradicional Chá Acadêmico. Esta edição especial prestará uma homenagem ao professor, historiador e escritor Hildebrando Campestrini, cuja contribuição significativa para o ensino e a cultura do Estado é amplamente reconhecida. A atividade é presencial, a entrada é franca e o traje, esporte.
O evento, agendado para as 19h30, contará com a participação dos acadêmicos Lenilde Ramos, Samuel Xavier Medeiros e Sérgio Cruz, que apresentarão leituras e conversas sobre a vida e obras de Campestrini. O historiador teve uma atuação notável tanto na Academia Sul-Mato-Grossense de Letras quanto no Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, deixando um legado duradouro para o Estado.
Hildebrando Campestrini foi presidente da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, cargo que ocupou em um período em que nenhum dos acadêmicos da época era membro da entidade, embora visitassem regularmente seu trabalho registrado na documentação existente. Mediante dados verbais obtidos de associados antigos, foram registradas suas iniciativas para o crescimento da Academia. Entre suas obras mais notáveis estão os estudos sobre outros autores, como a reedição de ‘Inocência’ do Visconde de Taunay, um livro que, além do texto original, é enriquecido com informações históricas.
Legado
Natural de Rio dos Cedros (SC), Hildebrando Campestrini formou-se em Filosofia, Pedagogia, Letras e Filosofia Pura. Com quase 60 anos de vida em Mato Grosso do Sul, ele lecionou no Colégio Dom Bosco, na Escola Joaquim Murtinho, e nas universidades Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Católica Dom Bosco (UCDB). Campestrini se destacou como historiador e educador, dedicando-se ao estudo da história regional e ocupando a Cadeira 31 da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. Ele também presidiu o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul e foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Professor titular de Linguagem Jurídica na Escola Superior de Magistratura de Mato Grosso do Sul, Campestrini publicou diversos livros e artigos, incluindo “Português para o Segundo Grau” e “História de Mato Grosso do Sul.” No Tribunal de Justiça do Estado, implantou o Serviço de Historiografia, catalogando documentos históricos e contribuindo para a Série Historiográfica. Seu trabalho inclui a reedição de autores regionais e a organização da Série Memória Sul-Mato-Grossense.
Lenilde Ramos foi aluna de Hildebrando Campestrini no curso de Letras na UCDB na década de 1970 e atual ocupante da cadeira 31 da ASL, destaca a grande responsabilidade de seguir os passos de Campestrini, figura importante para a cultura e memória de MS. No evento, que geralmente conta com um trio de acadêmicos, Ramos convidou Samuel Medeiros e Sérgio Cruz, ambos membros da Academia e do Instituto Histórico e Geográfico de MS, que conviveram e trabalharam com Campestrini.
Ramos irá apresentar a sequência biográfica do homenageado, enquanto Medeiros discutirá sua obra literária e Cruz abordará o convívio com Campestrini. O evento também contará com depoimentos da professora Madalena Greco, presidente do IHG MS, e de Américo Calheiros, ex-aluno de Campestrini.
“Campestrini sempre foi um professor que incentivava os alunos a ouvir e contar histórias, a escrever e, como ele costumava dizer, “a poetar”. Ele dava grande valor à história, e ali já se podia perceber o embrião do grande historiador que ele se tornaria. Campestrini afirmava que: ‘A Literatura está intimamente ligada à história. Talvez nem existisse Literatura se não houvesse a memória’”, destacou Lenilde para a reportagem.
O legado de Hildebrando Campestrini é considerado uma das maiores contribuições para Mato Grosso do Sul, abrangendo diversos aspectos. Começou com a publicação de livros escolares e, posteriormente, dedicou-se à pesquisa e ao registro de fatos históricos e obras literárias relacionadas ao Estado.
“Seu legado vai durar para sempre porque é um trabalho que está escrito e à disposição para estudo, pesquisa, base e incentivo para outros projetos. Ele dedicou toda a sua vida para registrar a nossa história e a nossa cultura, por isso ele é um imortal, no verdadeiro sentido da palavra”, afirmou a artista.
Para a reportagem, Samuel Medeiros revelou que foi Hildebrando Campestrini quem o incentivou a se inscrever na Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. Além disso, Campestrini desempenhou um papel fundamental na publicação do livro mais reconhecido de Medeiros no Estado, “Senhorinha Barbosa Lopes — Uma História da Resistência Feminina na Guerra do Paraguai”.
Medeiros destacou que seu contato mais próximo com Campestrini ocorreu durante a presidência deste no Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul. “Nossa relação sempre foi excelente, marcada pelo respeito e pelo trabalho conjunto. Eu o apreciava especialmente por sua abordagem crítica em relação às publicações, sempre buscando a perfeição em seu trabalho”, afirmou Medeiros.
“Embora não tenha nascido em Mato Grosso do Sul, Campestrini foi um fervoroso defensor da cultura e da história do nosso Estado. Seus trabalhos demonstram um esmero excepcional, não apenas do ponto de vista linguístico, mas também na estética, com uma diagramação impecável que ele próprio realizou. A homenagem a ele será muito merecida”, afirma Medeiros.
O professor Hildebrando Campestrini faleceu no dia 8 de novembro de 2016, aos 75 anos, em decorrência de um AVC agudo que não permitiu a recuperação cirúrgica, a qual lutava contra um câncer desde 2014. Seu corpo foi velado no auditório do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, onde ainda exercia a presidência, antes de ser levado para Suzano, em São Paulo, onde foi cremado.
O Evento
Os acadêmicos Lenilde Ramos, Samuel Xavier Medeiros e Sérgio Cruz, participantes da Roda Acadêmica, dedicaram semanas ao estudo da vida e obra de Hildebrando Campestrini para apresentar sua trajetória e importância na Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (ASL) e em Mato Grosso do Sul. Lenilde Ramos, Cadeira 31 da ASL, é uma renomada escritora e musicista sul-mato-grossense.
Samuel Medeiros, ocupante da Cadeira 26, é um escritor premiado e advogado com atuação destacada no Instituto Histórico e Geográfico de MS. Sérgio Cruz, Cadeira 22, é um jornalista e autor com ampla produção literária e contribuições culturais, sendo um importante representante do Estado desde 1963.
“O Campestrini foi meu professor de Português, em 1968, no pré-vestibular. Minha relação com ele foi mais profissional. Ele entrevistado, eu entrevistador. Não chegamos a nenhuma parceria, mas ele exerceu enorme influência em meu ofício de pesquisador”, destacou Sérgio para a reportagem.
“Campestrini deixa como principal legado, o interesse por consolidar nossa identidade cultural, pela diversidade e amplitude de sua obra e na valorização de obras que consistem a base de nossa História”, finalizou Sérgio.
Os Chás e Rodas Acadêmicas neste ano de 2024 envolvem parceria entre a Academia Sul-Mato-Grossense de Letras e a Secretaria de Turismo, Esporte e Cultura de Mato Grosso do Sul pela Fundação de Cultura do Estado.
O projeto Arte na Academia, fruto da parceria entre a Confraria Sociartista e a ASL, destacará os artistas visuais Rosane Bonamigo e Hemerson J. Silva com o tema “A Sutileza do Floral e a Força do Regional”. Além disso, o projeto “Música Erudita e suas Fronteiras” contará com a participação do violonista Artur Rzigoski Manhães, que interpretará peças de Abel Carlevaro, Roland Fyens e Dilermando Reis. O evento será concluído com uma apresentação instrumental de Guto Colato, que, utilizando violão, guitarra e bandolim.
Serviço
A Roda Acadêmica da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras em homenagem a Hildebrando Campestrini será realizada hoje às 19h30, no auditório da ASL, localizado na Rua 14 de Julho, nº 4653, no bairro Altos do São Francisco. O evento, que contará com os projetos “Música Erudita e suas Fronteiras”, em parceria com a UFMS, e “Arte na Academia”, com a Confraria Sociartista, terá entrada franca, será presencial e o traje recomendado é esporte.
Por Amanda Ferreira
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