Quadrinho é inspirado em 49 patrimônios e 27 mil exemplares são distribuídos às escolas municipais
O gibi “Monumentos de Campo Grande: Uma Narrativa Histórica”, de autoria de Wildes Ferreira e ilustrado por Alcir Alves, foi inspirado em 49 patrimônios públicos, que contam a trajetória de Campo Grande e estão distribuídos em praças, parques e logradouros. O autor, com o apoio da Prefeitura de Campo Grande, promoveu a distribuição de 27 mil exemplares do gibi em escolas da Reme (Rede Municipal de Ensino). A iniciativa foi realizada na última quinta-feira (17) deste mês, dia do patrimônio cultural, com dupla comemoração: celebrar os monumentos e o aniversário da Capital, que completa 124 anos no dia 26 de agosto. A história em quadrinhos foi contemplada pelo FMIC (Fundo Municipal de Incentivo à Cultura), por meio da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), que possibilitou as entregas dos exemplates que, a princípio, foram realizadas na escola Luís Antônio de Sá e obteve uma recepção entusiasmada dos alunos.
A parceria resultou em mais de uma ação positiva, os quadrinhos agora também compõem a grade extracurricular das escolas. “Estou com o gibi pronto há anos e agora, que ele foi contemplado pelo FMIC, consegui a oportunidade de pública-lo. Fizemos a distribuição em homenagem ao dia do patrimônio público e em celebração ao aniversário da Capital. Foram 27 mil exemplares entregues aos alunos da Rede Municipal de Ensino. Além disso, ele passará a ser um material extracurricular, uma leitura complementar para as crianças dessas escolas”, comemora o idealizador, com entusiasmo.
Segundo Wildes, a iniciativa superou as expectativas e houve muito entusiasmo, além de uma identificação imediata por parte dos alunos. “A receptividade deles foi muito acima das expectativas, porque as histórias são interessantes, mas as personagens que, coincidentemente, são minhas filhas, fazem toda a diferença. São crianças contando uma história. Elas fazem um passeio pela cidade enquanto falam sobre a história dos monumentos e acredito que isso fez com que as crianças tivessem uma identificação de imediato. Foi excelente! Acho que o estímulo é esse, o fato de serem crianças narrando uma história, isso influenciou as outras a quererem saber também”, pontua Wildes.
Os quadrinhos foram entregues a alunos da 4ª a 7ª série e, conforme a secretária municipal de Cultura e Turismo, Mara Bethânia Gurgel, a importância em ensinar às crianças sobre os monumentos históricos vai além do conhecimento, é uma forma de conversar sobre zelo e responsabilidade com a cidade. “Os monumentos históricos de Campo Grande são de todos nós e, sendo assim, é responsabilidade de cada um aprender a zelar por eles. Tenho certeza de que este gibi será um grande aliado dos alunos na aprendizagem, pois traz a história da nossa Capital de uma forma divertida e de fácil leitura”, pontua a secretária.
Inspiração pela cidade
Após um longo período de pesquisa intensa, registros fotográficos e produções textuais, o economista, advogado e idealizador do gibi, Wildes Ferreira, conseguiu reunir o material necessário para narrar a história da Capital.
De maneira lúdica e imaginativa, leva até a criançada o sentimento de pertencimento em relação à cidade e o conhecimento de maneira divertida. “Em um trabalho de âmbito cultural, foi me solicitado a elaboração de um plano de cultura, que perdurasse por 10 anos em Campo Grande. Então, durante esse período, pude reunir muita informação sobre a história e a diversidade de costumes e comportamentos que compõem a cidade. Por meio dessa pesquisa, pude descobrir muitas peculiaridades que eu mesmo não conhecia, mesmo atuando profissionalmente em uma área que me deixava atualizado e instruído de muita informação. Cativado diante do material que coletei, resolvi compartilhar esse conhecimento com a população campo-grandense. Porém, foquei em um gibi porque acreditei que seria legal difundir esse conhecimento desde as crianças”, lembra.
Sobre o processo de criação, o idealizador explica que a história curiosa por trás dos monumentos foi o catalisador para que continuasse com a vontade de desenvolver o trabalho. Em cada descoberta nova sobre os símbolos que compõem os patrimônios, Wildes ficava impressionado, pois, como afirma o idealizador, são monumentos que integram o dia a dia do campo- -grandense e poucos sabem sobre o seu significado.
“Foi a partir das minhas curiosidades em querer entender o significado dos símbolos que há em cada monumento e que eu mesmo desconhecia, que o projeto se desenvolveu e pensei que muitos outros habitantes também pudessem não conhecer. Tais constatações me levaram a falar com professores e acadêmicos da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Eu queria saber, por exemplo, se eles sabiam o significado do Paliteiro, porque é um monumento que eles convivem, mas a maioria não soube responder. O mesmo aconteceu com o Obelisco e diversos outros monumentos que estão distribuídos pela cidade. Esses aspectos foram os principais fatores para que a narrativa se desenvolvesse com foco nos patrimônios”.
Wildes ainda acrescenta que a intenção em desenvolver esse projeto surge com a vontade em partilhar o conhecimento com a população em geral. A partir disso, o autor acredita que pode ampliar e contribuir para um olhar mais significativo e afetuoso dos cidadãos em relação à cidade. “Embora seja um gibi, uma forma lúdica de narrar a história e direcionado mais para o infanto-juvenil, o propósito do trabalho é levar o conhecimento à população em geral. Acredito que, a partir do momento que conheço a minha história e a história da minha cidade passo a construir um sentimento de pertencimento,de vínculo com o espaço. Nutrir esses sentimentos, além de fortalecer os laços, corrobora para que, no futuro, a população tenha uma relação de mais afeto com a cidade”.
A escolha do formato foi fundamental, segundo Wildes, pois é o que proporciona a conexão mais aprofundada entre o leitor e a cidade, ainda mais por envolver, em sua narrativa, elementos visuais e textual. “A importância do gibi é que ele é um processo lúdico. O imaginário é despertado e o leitor entra na história.”
Por – Ana Cavalcante
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