Paulistano relata história de resistência da artista campo-grandense
Resgatar a memória da artista campo-grandense Lídia Baís faz parte do novo trabalho do escritor e artista plástico Fábio Quill, em seu livro “A Casa Baís”, onde relata a força e resistência da artista por meio de histórias em quadrinhos. O livro, que já está em pré-venda, foi financiado pela Lei Aldir Blanc da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo).
Resgatar a memória da artista campo-grandense Lídia Baís faz parte do novo trabalho do escritor e artista plástico Fábio Quill, em seu livro “A Casa Baís”, onde relata a força e resistência da artista por meio de histórias em quadrinhos. O livro, que já está em pré-venda, foi financiado pela Lei Aldir Blanc da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo).
Encontrar uma narrativa para narrar a história de Lídia foi, sem dúvida, o maior desafio para o escritor, que depois de muitos esboços e pesquisas chegou ao conceito de memória que traça a linha narrativa da HQ. “Entendi que o prédio da Morada, local que foi lar de Lídia, seria um ótimo narrador e por meio da casa nós visitamos o presente e o passado, conhecendo diversas linhas temporais da história dela desde sua infância”, explica.
Durante o processo de pesquisa para a composição do livro, Fábio teve apoio de obras sobre a artista que tiveram peso no resultado final, como a “História de Lídia Baís”; uma autobiografia escrita por ela mesma em terceira pessoa e com o pseudônimo de Maria Teresa Trindade; “Arte Vida e Mtamorfose”, de Fernanda Reis, e “Lídia Baís Uma Pintora nos Territórios do Assombro”, de Alda Maria Quadros de Couto.
Para a ambientação da obra, Fábio também fez muitas visitas à Morada dos Baís, onde o quarto de Lídia segue conservado com seus pertences, e esteve também no Marco (Museu de Arte Contemporânea de MS), onde se encontram seus quadros. A obra passou por cinco versões até o autor começar com o trabalho de pintura das páginas, no qual foram usadas três técnicas: pintura acrílica, aguada (semelhante à aquarela) e lápis de cor, e cada técnica representa um momento ou estado dentro da narrativa.
Lídia Baís não ter o prestígio e importância para as pessoas que merece é algo que incomoda o escritor. Por ter sido criado na periferia de São Paulo, conhece muito bem o sentimento de ser apagado pela história e tal sensação deu faísca para iniciar o projeto.
“Acho importante todos os esforços que têm sido realizados para que a obra e a história de Lídia ganhem visibilidade. A HQ também tem essa missão, a de mostrar que no Centro-Oeste brasileiro existiu uma grande artista que foi historicamente apagada pelo patriarcado e pela distância geográfica dentro dos eixos culturais impostos”, enfatiza o autor.
Fábio comenta que a história de Lídia é o tipo de inspiração que o fez enfrenta as dificuldades, uma artista que rompia diariamente com o status quo para poder existir. “Ela me inspira na busca de ser quem eu quiser ser, em fincar o pé para existir como artista e indivíduo numa sociedade de cercamentos que não admite que você seja algo além do que lhe foi determinado ser”, declara.
Serviço
A obra já está para pré-venda e pode ser adquirida por meio do site catarse.me/ acasabais ou diretamente com o escritor pela página do Instagram @fabioquill. O lançamento oficial ainda será decidido.
(Texto: Ellen Prudente)