Livro traz interlocução entre história e fotografias sobre o Pantanal

Livro
Foto: Mário Friedlander_Cordilheiras/Divulgação

Interlocução entre história e belas fotografias é aposta de autores para recontar a história sobre a maior planície alagável do mundo

Com o intuito de ampliar a produção editorial e provocar a reflexão sobre as consequências da ação humana no bioma, os pesquisadores Maria de Fátima Costa e Pablo Diener produziram um livro sobre a maior planície alagável do mundo: “Pantanal: Origens de um Paraíso”. O conteúdo é composto com a espetacular produção de dez fotógrafos, dentre eles, Araquém Alcântara contribui com as ricas imagens que ilustram a obra, que dispõe de mapas e imagens históricas que dialogam com o texto e recontam, com detalhes, dados históricos desde o período rupestre. Em cinco capítulos, os autores e fotógrafos apresentam o espaço geográfico e suas particularidades. Vazantes, vegetação, fauna, a “dinâmica das terras e das águas”, nas palavras dos próprios escritores. 

“O Pantanal tem importância para a humanidade toda. Suas singularidades são muitas e são realmente singulares. São únicas! A multiplicidade, a riqueza, a diversidade da flora, da fauna é fabulosa, a multiplicidade de paisagens, de configurações espaciais é também surpreendente para quem olha de fora, de dentro também, evidentemente. É único também nas formas de vida que ali se fazem possíveis. Enfim, o seu conjunto é relevante e em tudo o que tem a ver com a vida, nesse espaço, porque está vinculado à possibilidade de mantermos a riqueza da vida no nosso planeta”, afirma o pesquisador Pablo Diener. 

Com uma curadoria apurada, realizada pelos autores, o objetivo da obra é ampliar e propagar informações sobre a região. O destaque dado aos meados do século 16 e 18 busca mostrar as relações que antes conviviam pelo espaço e os resultados dessas interações com o território de aproximadamente 110 mil km². “A história ambiental, a história dos espaços geográficos, para nós, como historiadores, nos interessa, como hábitat do ser humano. Portanto, focamos nos atores dessa terra, no período definido como marco temporal. É o primeiro povoamento e logo as migrações e disputas territoriais e entre os diversos grupos que por ali foram se estabelecendo e os atores, principalmente no período que abrange o livro, são, em primeiro lugar, os indígenas. Múltiplas nações e povos que foram se estabelecendo, ao longo de milênios e logo, num passado menos longínquo, é a história da conquista, da entrada de espanhóis e portugueses e que foram se transformando, pouco a pouco, em primeiros colonizadores. Essa é nossa perspectiva, como historiadores”, explica o pesquisador. 

Para além de suas terras férteis, vida vegetal e animal, profunda riqueza cultural e histórica, o Pantanal, em dias atuais, é espaço em que ocorrem significativas mudanças econômicas e sociais. Nos últimos quatro anos, o Pantanal perdeu quase uma cidade do Rio de Janeiro, devido ao desmatamento. Durante o período, foram mais de 101 mil hectares desmatados, segundo os dados do Rad (Relatório Anual do Desmatamento). Território de disputa, em que a natureza tenta prevalecer diante da exploração irresponsável do homem, diante das atuais circunstâncias (natureza e economia), convoca que cidadãos locais e a sociedade como um todo reflita sobre o espaço, portanto, o livro é um convite ao repensar, reavaliar os usos e convívios no rico complexo ecológico, conforme comenta o pesquisador. 

Nessa obra retomamos materiais reunidos ao longo de anos, de muitos anos e é com o intuito de tornar conhecidos e acessíveis documentos e fontes das nossas próprias pesquisas e, também, claro, de outros investigadores nos campos da geografia, arqueologia e outros âmbitos. Além disso, é fruto do interesse de historiadores que procuram compreender o presente. A partir disso, buscamos, a princípio, nos ater aos seus primórdios, como esse contato com os povos originários, e, até o final de 2023, nós lançaremos uma segunda obra. Nesta, abordaremos o passado mais próximo do Pantanal, desde a fundação das fazendas até hoje.” 

Autores 

Maria de Fátima Costa é doutora em história pela Universidade de São Paulo, suas pesquisas, com foco sobre o bioma, não surgem com a produção atual, mas com o lançamento, em 1999, de “História de um País Inexistente: O Pantanal Entre os Séculos XVI e XVIII”. Já Pablo Diener, formado em história da arte pela Universidade de Zurique, possui pesquisas recorrentes a respeito da América do Sul e é o escritor de “Rugendas 1802-1858 – Catálogo da Obra, Rugendas, Su Viaje por Chile – 1834-1842” e “Os Viajantes Naturalistas do Século XIX e Suas Contribuições para o Conhecimento Científico das Línguas e Culturas dos Povos Nativos das Américas”. 

O livro “Pantanal: Origens de um Paraíso” pode ser adquirido por meio da editora Capivara. É só acessar o site: editoracapivara. com.br. A respeito da iniciativa Documenta Pantanal, para mais informações, os profissionais disponibilizam a página: documentapantanal.com.br.

Por – Ana Cavalcante

 

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