Livro de Lídia Baís, uma mulher à frente do tempo, é lançado hoje

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Foto: Assessoria

O lançamento do livro, que resgata a história da sul-mato-grossense, acontece hoje, no Sesc Cultura

Hoje (4), às 19h, o Sesc Cultura será palco para o lança – mento de “Lídia Baís, uma Mulher à Frente do Seu Tempo”, livro de Tatiana de Conto que, ao narrar sobre a trajetória de Lídia, pioneira nas artes plásticas sul-mato-grossenses e uma mulher destemida e transgressora, a autora revela, além de um percurso ousado, admirável e conturbado da artista, a trajetória de multiartistas contemporâneas, empenhadas em enaltecer o feminino e levar histórias significativas de Lídia e de outras artistas regionais ao universo infantojuvenil, caminhos que os livros didáticos, por vezes, ainda custam a trilhar. A pesquisa, desenvolvida por Tatiana, desdobrou-se em peça dirigida por Thathy de Meo, denominada “Lídia Baís”, e agora, em uma nova jornada pessoal, transformou-se em um livro voltado ao público juvenil. A partir das 19h, Tatiana realiza o lançamento com direito a uma performance literária inspirada na obra. O evento é aberto ao público e haverá vendas de exemplares autografados.

O encontro da autora, graduada em psicologia e pós-graduada em artes e arteterapia, Tatiana de Conto Sangalli com Lídia aconteceu em meados de 1993, a partir de boatos entre vizinhos sobre uma tal artista, louca e esquizofrênica, que havia em Campo Grande.

“Eu era estudante de psicologia, morava ao lado da sapataria que havia sido a casa da Família Baís. Rolava todo um burburinho na região, que por ali havia morado uma artista louca e esquizofrênica. Tempos depois fui até o MARCO (Museu de Arte Contemporânea de MS) para saber da esquizofrenia de Lídia, não encontrei nada! Em 2015, começava a ensaiar meus primeiros passos como contadora de histórias quando o Sesc me contratou para uma temporada na Morada dos Baís. Entrei na Morada e Lídia entrou em mim”, revela Tatiana.

O edifício, erguido entre 1913 e 1918, hoje conhecido como Morada dos Baís, foi tombado pela Prefeitura Municipal de Campo Grande, por sua importância cultural para a cidade. Patrimônio histórico e museu, o local também guarda afrescos pintados por Lídia em suas paredes internas. Tatiana, diante de tantas memórias reveladas por objetos e trabalhos artísticos de Lídia, comenta que a pesquisa desenvolveu-se em uma peça.

“Não havia como contar somente os contos de fadas, diante de uma história de vida tão rica. Então, comecei a pesquisa e a redação de um texto que passou por várias fases. Colhi depoimentos de parentes, pessoas que contaram muitas histórias que não fui autorizada a publicar. Diante da narrativa que compunha, o que eu revelava ali era uma história dura e muito triste. Para uma versão voltada ao público infantil, corri em busca de ajuda e a Thaty D. Meo se ofereceu prontamente para desenvolvermos o espetáculo”, comenta.

‘A Estória que a História Não Contou’ 

Artista e docente em artes cênicas e dança, atuante em projetos de múltiplas linguagens e audiovisual há mais de 22 anos, Thaty D. Meo realizou a direção cênica do espetáculo, com entusiasmo por reconhecimento de personalidades femininas que se destacaram no seu tempo e pela oportunidade de propagar essas histórias. A diretora é conhecida por ter escrito, em 2004, o espetáculo “A Estória que a História Não Contou”, cuja temática tinha vida e obra de Lídia Baís e Conceição dos Bugres como proposta.

“Tatiana propôs a pesquisa e a habilidade em contar histórias, eu selecionei e criei o fio condutor que ganhou forma e estrutura espetacular. O meu trabalho foi alinhar essa pesquisa e criar a dramaturgia para um espetáculo teatral, com cenografia, elementos de cena, objetos, entre outros, e manter a estética das rodas de contação de história. Ao final, fiquei satisfeita com o resultado, o público recebeu muito bem a proposta, as devolutivas foram positivas e sempre havia alguém que não conhecia Lídia Baís e saia impactado com o que o espetáculo entregava, além da curiosidade aguçada pelo desejo de saber mais. Além disso, realizar trabalho a partir dessas trajetórias é necessário. Prospecção, reconhecimento de personalidades femininas que se destacaram em seu tempo, essa mensagem tem o poder de revelar outras mulheres que possuem um trabalho incrível e ainda não chegaram ao seu lugar de reconhecimento. Saber que Lídia Baís, até hoje, não atingiu esse patamar é encorajador”, ressalta Thaty.

O espetáculo recebeu re – cursos do FIC (Fundo de Investimentos Culturais) em 2016 e contemplou cinco cidades, Camapuã, Coxim e Rio Verde foram algumas delas. Com mais 40 apresentações realizadas, Tatiana e Thathy levaram a trajetória de Lídia Baís para mais de 5 mil pessoas. Em dias atuais, a peça está em processo de remontagem aos cuidados de Thaty e o texto do espetáculo tomou um novo corpo, transformando-se em um livro voltado ao público juvenil, por meio da habilidade notável da autora Tatiana que, diante de lacunas na história sul-mato-grossense a respeito da mulher na arte de MS, se fez presente, agora, com o livro, conforme destaca a escritora.

“Onde posso ver e ouvir Lídia hoje? Qual o lugar da mulher na arte de MS? Lídia contava suas inquietações por meio de seus quadros e há muito mistério a desvelar em sua trajetória, que cabe a nós, em algumas ocasiões, apenas supor. Diante do escasso material didático para estudar a história e cultura regional, que são normalmente estudadas no ensino fundamental, resolvi desenvolver um livro para o público juvenil”, explica Tatiana.

Em formato e linguagem descontraída e sensível, a obra é dividida em capítulos que contam sobre os ancestrais de Lídia, sua juventude, a mulher e a anciã. Composto, em suas páginas, com os quadros pintados por Lídia, que auxiliam a contar a história.

Serviço: O Sesc Cultura fica localizado na avenida Afonso Pena, 2.270. O evento é aberto ao público e a entrada é gratuita.

Por Ana Cavalcante.

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