Atividade física é aliada no tratamento psicológico e psiquiátrico quando o assunto é saúde mental
Assim como outubro é rosa ou o novembro é azul, o mês de janeiro é marcado pela cor branca. A campanha busca chamar atenção da população para cuidados com a saúde mental e emocional. O ano de 2020 foi marcado pela pandemia da COVID-19. A doença ainda não acabou, mas já causou muitos estragos na população tanto fisicamente quanto psicologicamente.
A psicóloga clínica, Claudia Malfatti, percebeu um aumento significativo de pessoas em busca de tratamento após o novo coronavírus estourar no Brasil.
“Estamos vivendo uma experiência inusitada e como não temos registro mental sobre essa ameaça é difícil para todos. Percebi também as pessoas buscando resolver questões que já as incomodavam e, neste período, se tornaram insuportáveis. Temos ainda o isolamento que traz a necessidade de procurar ajuda”.
Dança e corrida ajudaram contra depressão
Quem sentiu os impactos da pandemia, intensamente, foi a pedagoga, Maria Barboza, de 47 anos. Ela foi diagnosticada com depressão em 2018, após ter sintomas como desânimo, fraqueza, tonturas e vômitos.
“Logo em seguida, eu não conseguia mais sair do portão da minha casa. Depois de algum tempo, meu irmão cometeu suicídio. Consegui ir a uma psiquiatra e também passei a fazer terapia com uma psicóloga. Além disso, comecei a fazer aulas de teatro e melhorei muito”. Só que Maria teve uma recaída quando a pandemia começou. “Foi muito difícil, eu regredi muito e pensei em até acabar com minha vida”, desabafou.
A pedagoga passou a tomar remédios, mas sentia que precisava de algo mais. Uma sobrinha falou para ela sobre os benefícios que a dança poderia trazer para ela. Maria começou a dançar assistindo lives, em casa. Depois que as atividades no parque perto da casa dela voltaram, ela passou a praticar zumba, ritmo e dança de salão.
“A dança faz bem para minha autoestima, minha mente e meu corpo”. É dessa forma que Maria vence a depressão a cada dia. “Sozinho não conseguimos, precisamos de medicamentos e terapia. Temos, também, que ocupar a cabeça com exercícios”, alertou.
Movimento que curou Tati
Apesar da pandemia poder desencadear problemas psicológicos, as doenças mentais não são de hoje. Segundo Malfatti, são múltiplos fatores que levam a um transtorno de ansiedade ou de humor. “Existe normalmente uma predisposição genética, além de fatores ambientais e sociais que resultam no acometimento do adoecimento psíquico”.
No caso da influenciadora digital e engenheira sanitarista e ambiental, Tatiane Bergamo, de 35 anos, a depressão foi desencadeada após o parto do primeiro filho. “Chegou a um ponto que eu não conseguia comer, nem dormir, cheguei a ter alguns tipos de alucinações.Um dia, meu bebê nem estava em casa e eu o escutava”.
Tatiane foi a uma psiquiatra que recomendou, além dos remédios uma atividade física. “Comecei a correr e senti um prazer muito grande pela atividade física, desde então não parei mais” disse. Ela se tornou corredora amadora e já competiu em vários lugares do mundo. Tati acredita que na luta contra a depressão, ela saiu vencedora. “Eu acredito que eu venci a depressão, só que o sinal de alerta está sempre por aqui. Sempre que estou indo para deprimir novamente, desperto uma força muito grande e tento não deixar me abalar”.
Busque ajuda
Para psicóloga Claudia, as atividades físicas são excelentes aliados para a saúde mental. “É uma forma de relaxar e também estimular a produção de hormônios benéficos para o corpo e mente. A atividade física é muito recomendada para prevenção e tratamento psicológico e psiquiátrico”.
Ainda conforme Malfatti, as doenças mentais não escolhem idade, é preciso estar atento aos sinais. “Qualquer mudança de comportamento persistente é um fator a ser investigado, Por exemplo: quando você não tem mais prazer em realizar as atividades que antes gostava. Quando você percebe uma irritabilidade fora no comum ou uma tristeza que não passa”, alertou. Por isso é importante buscar ajuda. “A psicoterapia é um caminho de vida para se amar mais e fazer escolhas mais assertivas”, finalizou.
(Mariana Ostemberg)
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