Lentidão, excesso de saliva, aumento da frequência cardíaca, excitação, gengivas vermelhas, mucosas azuladas e hiperatividade são alguns dos sinais da doença
Ainda faltam alguns meses para o verão, mas os dias quentes já chegaram. As constantes mudanças climáticas podem ocasionar uma série de problemas nos animais e em climas mais quentes, a hipertermia em cães se torna uma questão bastante preocupante para quem tem um pet como parte da família.
De acordo com a professora do curso de Medicina Veterinária da Uniderp, Dina Regis, a insolação é uma síndrome altamente fatal, causada pela temperatura corporal elevada em que a produção de calor excede a capacidade dos mecanismos de perda de calor.
“Em cães é caracterizada por temperaturas acima de 41 graus. A temperatura crítica em que ocorre a falência de múltiplos órgãos e a morte iminente é em torno 41,2°C a 42,7°C. Quando os mecanismos de resfriamento de um cão são sobrecarregados, seu corpo pode não ser mais capaz de resfriar-se adequadamente, ficando superaquecido. Pode ser resultado de exposição a um ambiente quente, muitas vezes muito úmido. Insolação clássica ou ambiental”, explica a especialista.
Segundo Dina, níveis alterados de consciência estão entre os sinais clínicos mais comuns de doenças induzidas pelo calor. Os animais podem ter um colapso agudo durante atividades lúdicas. É importante levar em consideração a personalidade do cão e a capacidade de parar de brincar se ele se sentir desconfortável.
“Cães mantidos em locais abertos, sob forte estresse calórico ambiental, com acesso limitado à água e sombra, podem sofrer desmaios. Outros sinais que os animais dão são: respirar mais do que o normal, recusar-se a se envolver em uma atividade favorita, mover-se mais devagar do que o normal, procurar sombra ou cavar um lugar fresco podem significar que um cachorro está com calor”, evidencia.
Lentidão, ofego, excesso de saliva, aumento da frequência cardíaca, excitação, gengivas vermelhas e hiperatividade, respiração ofegante excessiva, vômito e mucosas azuladas também são sinais da hipertermia. “Conforme a doença progride, podem ocorrer depressão do sistema nervoso central tremor, convulsões, desmaio, coma”, elucida.
A insolação por esforço ou hipertermia pode ocorrer em apenas 30 minutos. Os riscos são: queimar as patas, colapso, desidratação, lesão muscular inclusive músculo do coração, insuficiência renal aguda e falência de múltiplos órgãos.
“A hipertermia grave pode resultar em falência generalizada de órgãos, podem ocorrer danos permanentes aos rins, fígado e cérebro, incluindo alterações permanentes no centro termorregulador e predispõe o paciente a novos episódios hipertérmicos”, revela.
Hipertermia é uma emergência médica imediata, pois isso, deve-se procurar um veterinário para tratamento urgente. O animal deve ser transportado para uma área arejada, à sombra ou dentro de casa, longe da luz solar direta. Ar-condicionado ou ventiladores também podem ajudar a melhorar os mecanismos de resfriamento.
“Água fria, não muito fria pode ser derramada sobre a cabeça, estômago, axilas e pés, ou panos frios podem ser aplicados nessas áreas. Evitar o resfriamento excessivo. O gelo pode ser colocado ao redor da boca e do ânus. A imersão em banhos de gelo ou água fria é absolutamente contraindicada. A temperatura retal do cão deve ser monitorada e o tratamento interrompido assim que o animal mostrar sinais de recuperação ou a temperatura cair para 39,4 ºC”, aponta.
Se a temperatura corporal não ficar extremamente alta, a maioria dos animais de estimação saudáveis se recuperará rapidamente se forem tratados imediatamente. Alguns animais de estimação podem sofrer danos permanentes aos órgãos ou morrer posteriormente de complicações que se desenvolveram secundariamente à hipertermia.
Vários fatores de risco predisponentes para a insolação em cães foram identificados, como: obesidade, cães de raças grandes, como por exemplo, o Golden e Labrador Retrievers, um animal com muitos pelos ou que se cansa facilmente, cães de trabalho militar devido à exposição frequente ao treinamento intensivo e trabalho sob forte estresse térmico ambiental. O calor definitivamente não é o melhor amigo dos cães, já que os cães não têm a capacidade de se refrescar bem em condições climáticas extremas.
Refrescando seu bichinho
- Evitar caminhar em áreas expostas ao ar livre;
- Nunca deixe seu animal no carro em dias quentes;
- Quando estiver calor lá fora, traga seu cachorro ou gato para dentro;
- Em ambientes externos, certifique-se de que o animal tenha muita sombra, água e ventilação;
- Nunca deixe o animal enjaulado ao sol;
- Em excursões ao ar livre, proporcione intervalos de descanso à sombra e bastante água;
- Leve bastante água extra quando viajar de carro ou passear com seu pet;
- Evite esforço excessivo em dias quentes ou úmidos, mesmo que seu cão o acompanhe sempre em uma caminhada ou corrida;
- Caminhe, faça exercícios e pratique esportes caninos de manhã cedo ou no final do dia, quando a temperatura estiver mais baixa;
- Molhe seu cachorro com uma mangueira ou brinque com a água. Além disso, você também pode cobrir seu cão com uma toalha molhada se estiver muito calor;
- Se você estiver indo para um ambiente quente forneça água extra
- Limite a exposição ao sol durante o meio-dia e use um protetor solar próprio para animais;
- Tenha especial cuidado com cães mais velhos ou de alto risco;