Filme clássico dos anos 90 ganha noite de humor ácido e reflexão com musical Heathers, apresentado pelo curso de Teatro da UEMS
Três décadas depois de conquistar gerações com seu humor ácido e personagens intensos, o clássico hollywoodiano Heathers retorna em uma nova forma: um musical encenado pelo curso de Teatro da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul). O espetáculo, inspirado na produção off-Broadway que marcou os anos 1990, será apresentado no dia 15 de novembro, sábado, às 19h, no Teatro Allan Kardec, em Campo Grande. A história de Veronica e J.D., adolescentes que desafiam o status quo de uma escola americana, continua provocando risos, reflexões e identificação, mesmo com o passar dos anos.
Com um elenco formado por 19 artistas, o musical revisita temas que permanecem dolorosamente atuais. Bullying, popularidade, exclusão social, agressão sexual, homofobia, violência escolar e suicídio entre jovens ganham voz em uma narrativa que mistura drama e ironia. A força da trama está justamente na forma como essas questões são abordadas: com humor mordaz, música envolvente e uma crítica contundente às pressões sociais que moldam,e ferem a juventude.
Baseado no filme de 1988, Heathers, O Musical transporta o público para os corredores de uma escola onde três garotas, as “Heathers”, dominam o ambiente com arrogância e crueldade. Veronica Sawyer, inicialmente seduzida por esse universo de poder e popularidade, vê sua vida mudar ao se apaixonar por J.D., um rapaz rebelde que a conduz a um caminho de violência e caos. O resultado é uma sátira musical que mistura rebeldia adolescente, dilemas morais e a eterna busca por pertencimento.
Preparação
O teatro é formado majoritariamente por estudantes e jovens artistas que conciliam a rotina acadêmica e profissional com os ensaios. A preparação foi conduzida pela equipe de produção, composta por profissionais que atuam e estudam há mais de três anos nas áreas de teatro, dança e canto.Para o jornal O Estado, Clara Lanzoni explica que o processo de pré-produção exigiu muita dedicação, organização e paixão pelo projeto.
“Conseguimos criar uma rotina consistente, baseada na colaboração e na paciência. Aos poucos, o elenco entrou em sintonia e encontrou o ritmo ideal para dar vida ao espetáculo”.
O processo de adaptação de Heathers para a realidade local foi marcado por intensidade e autenticidade. Segundo Clara, trabalhar com um elenco majoritariamente jovem facilitou a conexão com temas como bullying, exclusão e identidade, vivências que todos, de alguma forma, já experimentaram.
“Aproveitamos o regionalismo para incluir toques de humor e pequenas brincadeiras locais, mantendo o equilíbrio entre o tom ácido da obra e as críticas sociais que ela propõe”, destaca.
Montagem
O elenco e a equipe de Heathers vivem desde maio uma verdadeira imersão teatral. O processo de preparação começou com uma rotina rigorosa de ensaios divididos por áreas: às segundas-feiras, o foco era o texto e a construção das personagens; às quartas, as coreografias; e às sextas, o canto. A partir de setembro, todas as frentes se unificaram, dando forma ao espetáculo completo, o que intensificou o ritmo e exigiu dedicação redobrada dos participantes.
Algumas semanas chegaram a ter ensaios diários, especialmente para ajustar detalhes de entrosamento, expressão e performance vocal. Segundo a direção, o esforço coletivo tem rendido resultados visíveis.
“O elenco evoluiu de forma visível, e a energia durante os ensaios é contagiante. O cenário, os figurinos e a ambientação estão sendo construídos com muito cuidado para refletir a estética vibrante e, ao mesmo tempo, crítica da obra. A expectativa é que o público saia impactado, tocado e energizado pela força coletiva dessa montagem”, afirma Clara.
A coreografia do Musical promete ser um dos pontos altos da montagem. Contando com uma equipe de coreógrafos talentosa e apaixonada, o espetáculo apresenta uma diversidade de estilos que vão do clássico ao contemporâneo, passando pelas influências marcantes do universo dos musicais. Cada profissional contribui com sua própria linguagem, criando uma fusão de movimentos que reflete as múltiplas camadas da narrativa.
“Temos coreografias com influências do clássico, do contemporâneo e do próprio universo dos musicais. Essa diversidade de olhares resultou em uma construção cênica rica, em que cada número traduz não apenas ritmo e movimento, mas também emoção e intenção dramática. O público sentirá essa energia em cena”.
Ensinamentos
Heathers – O Musical enfrenta temas sensíveis como bullying, homofobia e violência escolar com uma combinação de ironia e humor provocador. A proposta da montagem, segundo a direção, é provocar reflexão sem causar desconforto, convidando o público a enxergar a gravidade dessas questões dentro de uma narrativa leve e acessível.
A expectativa é que o público passe por diferentes emoções durante a apresentação, da empatia à indignação, da identificação à reflexão, reconhecendo nas situações encenadas aspectos do próprio comportamento social. “Queremos que o público saia do teatro com uma sensação boa, mas também com algo para pensar e conversar depois”, finaliza a equipe.
Produção – O espetáculo está sob responsabilidade da Vinci Produções, que surgiu este ano e já está na sua segunda montagem. A primeira, autoral, foi em maio, quando apresentaram o “Velas e Eras”, escrito por Sarah Oliver. “Estamos com novos projetos e já de olho em produções futuras. Queremos contribuir com o teatro musical independente e fortalecer a cena artística local”, reforça.
Serviço: O espetáculo será realizado no dia 15 de novembro (sábado), às 19h no Teatro Allan Kardec, localizado na Av. América, 653 – Vila Planalto. Ingressos através do link na bio do perfil da Vinci Produções, @vinciproducoes.
Por Amanda Ferreira
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