Ziraldo Alves Pinto, em minha modesta opinião, é um dos maiores ilustradores brasileiros, nascido no dia 24 de outubro de 1932, em Caratinga, Minas Gerais completou 87 anos esta semana. Além de desenhista, Ziraldo também é pintor, jornalista, teatrólogo, chargista, caricaturista e escritor.
Sua carreira começou na revista “Era Uma Vez”, onde fazia colaborações mensais. Em 1954, começa a trabalhar no jornal “Folha da Manhã” (hoje Folha de S. Paulo), desenhando em uma coluna de humor, aliás, o humor é uma de suas especialidades. Já em 1957 foi para a revista O Cruzeiro, publicação de grande prestígio na época.
No ano de 1960, Ziraldo lançou a primeira revista brasileira de quadrinhos colorida, de um só autor, intitulada “Pererê”. As historinhas da revista já vinham sendo publicadas em tirinhas nas páginas da revista O Cruzeiro, desde 1959. Estas histórias se passavam na floresta fictícia “Mata do Fundão”. A publicação da revista durou até abril de 1964, quando foi suspensa pelo regime militar. Em 1975, a revista foi relançada com o nome de “A Turma do Pererê”, que durou apenas um ano.
Em 1963, Ziraldo ingressou no Jornal do Brasil. Nesse período, lançou os personagens “Supermãe”, “Mineirinho” e “Jeremias, o Bom”, um homem atencioso, elegante, vestido com terno e gravata e que estava sempre disposto a ajudar os outros. O personagem marcou as charges fazendo críticas os costumes e o comportamento da época.
O ano de 1969, foi marcado pelo lançamento do semanário “O Pasquim”, um tabloide de humor e de oposição ao regime militar, que renovou a linguagem jornalística. No projeto participavam diversas personalidades importantes, como os cartunistas Jaguar, Millôr e Henfil, além dos jornalistas Tarso de Castro e Paulo Francis, entre outros. Em novembro de 1970, toda a redação do jornal foi presa depois da publicação de uma sátira com o quadro do Dom Pedro às margens do Rio Ipiranga. A publicação, que mudou o jeito de se fazer jornalismo, fez um sucesso tremendo e circulou até 11 de novembro de 1991.
Foi em 1980 que Ziraldo lançou o livro “O Menino Maluquinho” um dos maiores fenômenos editoriais brasileiros. O garotinho que vive com uma panela na cabeça, é alegre, sapeca, cheio de imaginação e que adora aprontar e viver aventuras com os amigos. Em 1981, o livro recebeu o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro. Em 1989, começou a publicação da revista e das tirinhas em quadrinhos do personagem. A obra serviu de inspiração para adaptações para o teatro, televisão, quadrinhos, videogames e cinema.
As obras de Ziraldo já foram traduzidas para diversos idiomas e publicadas em revistas conhecidas internacionalmente, como a inglesa Private Eye, a francesa Plexus e a americana Mad. Em 2004, Ziraldo ganhou, com o livro “Flicts,” o Prêmio Internacional Hans Christian Andersen. Em 2008, Ziraldo recebeu o VI Prêmio Ibero Americano de Humor Gráfico Quevedos. Em 2009, foi lançado o livro “Ziraldo em Cartaz”, que reúne cerca de 300 ilustrações para peças elaboradas pelo cartunista. Em 2016, Ziraldo recebeu a Medalha de Honra da Universidade Federal de Minas Gerais.
Uma curiosidade, em 2001 e 2002, a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul realizou o festival Temporadas Populares, cuja arte era um simpático bonequinho criado especialmente para o evento por Ziraldo.
No último 27 de julho foi publicada uma fake news afirmando que Ziraldo havia morrido. Não demorou muito para o irreverente cartunista desmentir o boato em sua conta do Instagran. “Uma vez Menino Maluquinho sempre Maluquinho. Ziraldo firme e forte!”, a postagem contava com uma foto do artista bem vivo e sorridente.
(Texto: Marcelo Rezende)