(Texto: Marcelo Rezende)
Já deixei claro aqui na coluna que sou fã de carteirinha da música dos Rolling Stones. A biografia da banda parece enredo de um filme dramático. A trajetória dos Stones é cheia de histórias cabulosas, que envolvem excessos com álcool, drogas, escândalos com mulheres e até suspeita de assassinato. Sem dúvida eles forneciam material farto para os tabloides ingleses. Porém passados 58 anos de carreira, não dá para deixar de lado a maneira como superaram a barra mais pesada que enfrentaram, assim como não dá para passar batido a energia que eles têm para continuar produzindo material novo sempre e realizando shows memoráveis.
Hoje quero falar sobre o guitarrista Lewis Brian Hopkin Jones, conhecido mundialmente como Brian Jones, nascido em Cheltenham, Gloucestershire, e que foi membro fundador dos Rolling Stones. Brian ficou conhecido pela versatilidade musical, tocando vários instrumentos. Guitarrista elogiado, com um ouvido absoluto, conseguia em pouco tempo tirar qualquer música e aprender qualquer instrumento de cordas. Músico de origem clássica (Brian aprendeu a tocar com sua mãe que ministrava aulas de piano na igreja próxima de casa), e era inicialmente o único músico da banda capaz de ler e escrever partituras. Durante sua passagem pelos Rolling Stones destacou-se pela criatividade e genialidade, que resultou no show/disco “Rolling Stones Rock’n’Roll Circus”, entre outros. Extravagante era adepto do estilo de vida baseado em “sexo, drogas e rock’n’roll”.
Infelizmente, Brian acabou rendendo-se ao uso compulsivo de drogas, o que lhe valeu a demissão do grupo em 8 de junho de 1969. Menos de um mês depois, no dia 3 de julho, Brian foi encontrado morto na piscina de sua casa em Sussex, curiosamente era a antiga casa do escritor A. A. Milne, criador do Ursinho Pooh, que o músico adorava. Sua morte, foi considerada oficialmente como acidental, e muitas dúvidas e livros encheram a mídia, alimentando várias teorias conspiratórias.
Em julho do ano passado, sua filha Barbara Marion concedeu uma entrevista para o canal de televisão Sky News e alegou que a morte do seu pai não foi devidamente investigada e acredita que ele pode ter sido assassinado. Em novas evidências sobre o caso, uma entrevista inédita reacendeu as suspeitas de que um crime foi cometido e que, na época, a polícia acobertou a situação. Centenas de reportagens e documentários foram feitos para que fosse possível descobrir a verdade. Uma das motivações levantadas para uma possível teoria foi a disputa financeira entre Jones e o construtor Frank Thorogood, que aliás participou da reforma da piscina, onde Brian foi encontrado sem vida.
De acordo com a versão oficial, havia apenas três convidados, além de Brian, na fatídica noite de sua morte; os convidados eram Thorogood, Anna Wohlin, namorada de Jones, e a enfermeira Janet Lawson. A namorada de Jones, Anna Wohlin, que voltou para a Suécia logo após a morte, mais tarde pareceu fortalecer a teoria de que Thorogood tenha assassinado Jones. “Eu não sei se Frank quis matar Brian. Talvez fosse uma brincadeira na piscina que deu errado. Mas eu sempre soube que ele não havia morrido de morte natural”, disse ela em entrevista anos depois. O caso é que o fato nunca foi solucionado e nenhum culpado foi punido.
Apesar dos poucos anos de vida, Brian Jones é considerado um dos mentores do estilo adotado pela banda. Deixou um grande número de fãs que cultuam sua imagem e contribuição musical até os dias de hoje. Ele era um apaixonado por blues e deixou a sua marca na história do rock’n’roll. Brian faleceu aos 27 anos e encontra-se sepultado no Cheltenham Cemetery and Crematorium, Cheltenham, Gloucestershire na Inglaterra.