Marcelo Rezende
Na última quarta-feira Keith Richards, a lenda do rock’n’roll completou 76 anos. Nascido em 18 de dezembro de 1943, em Dartford, Condado de Kent, filho único de Bertrand Richards e Doris Dupree Richards, Keith viveu seus primeiros anos, em meio aos ataques das bombas voadoras V-1 dos nazistas na Inglaterra. O contato com a música veio através do avô Gus, que tinha em sua casa um velho violão de cordas de tripas, como diz na autobiografia chamada “Vida”, que aliás é um livro obrigatório para qualquer fã dos Rolling Stones.
Keith, como qualquer jovem que viveu na década de 1950, amava o Rock and Roll que estava nascendo e o Blues produzido nos Estados Unidos. Era fã de Elvis Presley, Muddy Waters e Willie Dixon, entre outros. Ele estudou na Sidcup School of Art, e lá em 1961, reencontrou o amigo de infância Mick Jagger, que também amava blues. Daí foi fácil para Keith abandonar os estudos e investir tudo na banda.
Outro grande ídolo de Keith Richards era Chuck Berry, com quem lançou o álbum/filme “Hail Hail Rock and Roll” em 1987, neste filme Keith confessou que a única pessoa que havia lhe dado um murro na cara, e em quem ele não tinha revidado foi Chuck Berry. Keith foi um dos responsáveis pela introdução do blues no repertório dos Rolling Stones, que ele desenvolveu com o outro fundador, Brian Jones, trabalhando um som de duas guitarras e criando a linha rítmica tão peculiar dos Stones.
Keith é aclamado como um dos maiores criadores de riffs – refrões musicais – da história do rock e autor de (I Can’t Get No) Satisfaction, o grande hino da carreira dos Stones que aliás, foi criada durante uma noite de insônia num quarto de hotel de Los Angeles em 1965. Os Rolling Stones, estouraram no Reino Unido e em todo o planeta a partir da segunda metade dos anos 60, fazendo uma música crua e de letras sujas em uma miscelânea de rock, folk, pop, soul e gospel. Venderam milhões de discos e arrastavam plateias e fãs em todo o planeta.
No início década de 1970 Keith começa a usar álcool e drogas como se não houvesse amanhã, tanto é que em 1973 os editores da revista especializada “New Musical Express” o colocaram no topo de sua lista anual de “estrelas do rock com maior probabilidade de morrer” daquele ano. Mesmo para um roqueiro, em uma época em que a experimentação e uso de drogas entre astros do Rock era uma moda quase obrigatória, Richards consumia quantidades monstruosas de Heroína, Cocaína, Mescalina, LSD, Peiote, Mandrax, Tuinal, Maconha, além de muitas bebidas alcoólicas, o que levou observadores a acharem que ele estava com os dias contados. Richards permaneceu no “bico do corvo” dessa lista da morte por dez anos, até que, o New Musical Express finalmente jogou a toalha e admitiu: Keith Richards era “imortal”.
Tive a oportunidade de vê-lo em ação com os Rolling Stones em duas ocasiões. No dia 27 de janeiro de 1995 no Pacaembu, era a primeira vez que a banda se apresentava no Brasil com a turnê “Voodoo Lounge”, e eu estava lá com meu amigo de Bêbados Habilidosos, Fábio Brum e com a saudosa amiga Bia Marques. Me emocionei pacas com esse show e me lembro bem de ter ido às lágrimas, quando Keith deu os primeiros acordes da canção “Wild Horses”, a segunda vez que fui ver os Stones novamente em São Paulo, no estádio do Morumbi, foi no dia 24 de fevereiro de 2016., na turnê “América Latina Olé Tour”. Mais uma vez foi um dos melhores momentos da minha vida. Estava diante da maior banda de rock do planeta e Keith Richards estava interagindo com o público e destilando seus riffs certeiros. Ainda bem que a revista “New Musical Express” errou seus palpites, Vida longa a Keith Richards!