Realizado entre os dias 15 e 18 de agosto de 1969, na fazenda de Max Yasgur, na cidade de Bethel, Nova York, o lendário Festival de Woodstock, produzido por Michael Lang, representou o auge da contracultura da década de 1960 quando toda uma geração de jovens entre 20 e 30 anos pregava paz amor e liberdade. O festival chegou no momento em que o estilo de vida dos hippies propunha uma nova forma de encarar a vida e protestava contra a Guerra do Vietnã que custou a vida de 58 mil americanos e milhões de dólares. Nem os organizadores esperavam atrair tanta gente como aconteceu. Cerca de 500 mil pessoas enfrentaram o desconforto, a falta de infraestrutura, a lama, a falta de água, comida e acomodações para curtir o evento. Nos três dias, a chuva invadiu as barracas e transformou o pasto num lamaçal. Quando parou, todos foram tirar a lama do corpo num rio. As fotos dos jovens tirando suas calças e correndo nus para o rio, apareceram nas páginas dos jornais, um escândalo para a época.
Um verdadeiro caos que engarrafou a estrada que levava a Bethel, transformando-a em um imenso estacionamento, e contou com a solidariedade de moradores que, vendo aquela horda de jovens naquela fuzarca, resolveram ajudar. Mas quem esteve presente pôde testemunhar grandes atrações como Greateful Dead, John Sebastian, Joan Baez, Sly and Family Stone, Jefferson Airplane, Ritchie Havens, Ravi Shankar, Ten Years After. Creedence Clearwater Revival, The Who, Janis Joplin, Joe Cocker, Santana e Jimi Hendrix, entre outros. Ao todo, foram 32 shows.
Durante os três dias de shows, foram registradas oito ocorrências de abortos espontâneos e três partos naturais em pleno Woodstock. A apresentação de Jimi Hendrix tocando o Hino Nacional dos Estados Unidos foi considerada pelos críticos do “New York Post” como o momento mais importante dos anos 60. No entanto, poucas pessoas testemunharam essa cena. A maioria da plateia já tinha ido embora quando, às 9h da manhã, Jimi Hendrix encerrou seu show, que aliás, foi um dos melhores de Woodstock. Uma curiosidade interessante. Ao fim do festival, foram deixados pelo público 9 milhões de metros de tecidos de roupas (na sua maioria, jeans e algodão).
Apresentações incendiárias como as do The Who, Joe Cocker, Janis Joplin e Jimi Hendrix até hoje causam impacto nos amantes do bom e velho rock’n’roll e são o retrato vivo da magnitude do festival. Tudo isso está registrado no filme documentário “Woodstock”, lançado em 1970, com direção de Michael Wadleigh e edição de Martin Scorsese e Thelma Schoonmaker. Foi indicado ao Oscar de Melhor Trilha Sonora, Melhor Edição e Melhor Documentário, vencendo este último. Em 1994, foi lançada a versão oficial do diretor, expandida para 225 minutos. Em 1996, a edição original foi selecionada para preservação no Registro Nacional de Filmes da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos. Não é pouca coisa, não.
No ano de 2009, o diretor Ang Lee, vencedor do Oscar de Melhor Direção por “O Segredo de Brokeback Mountain”, lançou o filme “Aconteceu em Woodstock”. Uma comédia inspirada na história real de Elliot Tiber (Demetri Martin), um rapaz que teve um papel fundamental na criação e na repercussão do famoso festival de música de Woodstock. Filme que vale a pena assistir. O evento que comemoraria os 50 anos foi cancelado, porém o produtor Michael Lang acaba de lançar, com Holly George-Warren, o livro “A Estrada para Woodstock” (Ed. BelasLetras). A obra apresenta 88 fotos, muitas delas inéditas, e todos os setlists das bandas que subiram ao palco. O projeto gráfico foi desenvolvido pela ilustradora e designer Giovanna Cianelli. Uma ótima dica de leitura. (Marcelo Rezende)