Série documental propõe que stand up paddle tem raízes no povo guató
Foram mais de cinco anos de pesquisas sobre a história dos índios guató, povo originário do Pantanal, para a realização da série documental “Guató: uma remada no tempo”, do diretor de TV e documentarista Rico Faissol. Rico não sabia nada sobre os indígenas quando ouviu, em 2014, que eles se locomoviam remando em pé numa canoa de madeira, uma espécie de stand up paddle (SUP) primitivo. O diretor foi atrás de informações e acabou viajando para Mato Grosso do Sul a fim de conversar com uma historiadora e um antropólogo. Descobriu que o povo está no Pantanal desde os anos de 1600, que quase foi extinto nos anos 70 e que a canoa de um pau só tem mais de cinco mil anos e possibilitou a ocupação da área.
A série será exibida pelo Canal OFF até dezembro, às 21h30. Gravada no Pantanal – antes das queimadas e da pandemia de COVID-19 – , durante 15 dias, o diretor acompanhou o encontro da campeã pan-americana de SUP Race, Lena Ribeiro, e do técnico da atleta, Américo Pinheiro, com os índios guató. Ao lado do indígena Edson, os dois atravessaram centenas de quilômetros remando.
O diretor e a atleta relataram como foi essa inesquecível jornada cultural. Rico Faissol relata como surgiu o interesse pelo povo guató. “Eu já tinha feito dois documentários sobre stand up paddle, no primeiro deles eu fui para o Battle of Paddle, na Califórnia, e fiquei impressionado, pois, segundo uma pesquisa, era o esporte aquático que mais crescia no mundo, há dez anos, o mundo descobria a remada em pé. Por dois fatores: primeiro porque não tinha uma curva de aprendizado muito grande, qualquer um conseguia ficar na prancha em pé de cara, o que não acontece no surf, por exemplo e também porque não se praticava só no litoral, você podia praticar em água parada. Então aquilo explodiu. Eu estive na cidade de Dana Point, na Califórnia e fiquei impressionado com o número de inscritos para o evento. Eram mil pessoas na água remando em pé. O esporte havia virado uma febre. Isso ficou na minha cabeça, pois era um esporte muito prazeroso.”
Rico produziu outra série na Patagônia, região que abrange uma vasta área no extremo sul da América do Sul, ocupando partes da Argentina e do Chile, nos pés de uma geleira e lá as pessoas passaram a reconhecer o diretor como alguém que produzia conteúdo sobre esporte. “Pouco depois, o treinador Américo Pinheiro retornou do Pantanal dizendo que encentrou um remo de madeira, que pelo tamanho, só podia ser um remo de remar em pé. Foi ai que comecei a pesquisar e descobri que o remo pertencia ao povo guató e fui atrás da história deles no Portal dos Indígenas do Brasil, ai já era, mergulhei de cabeça, e quanto mais descobria sobre o assunto, mais ficava interessado”, ressalta Faissol.
(Confira mais na página C1 da versão digital do jornal O Estado)