Fotojornalistas homenageiam Roberto Higa

Foto: Divulgação
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Referência em fotografia no MS, fotojornalistas presenteiam e relembram momentos marcantes com o profissional 

Há 54 anos registrando o desenvolvimento, histórias e belezas sul-mato-grossenses, neste domingo (26), o fotógrafo Roberto Higa completou 72 anos. Em celebração, fotojornalistas presenteiam o profissional pelo seu notável trabalho. Desde meados de 1960, quando as fotografias ainda eram preto e branco, Higa já registrava a formação de Campo Grande e de Mato Grosso do Sul. Suas lentes capturaram desde o desenvolvimento da rua 14 de Julho, a inauguração da cidade universitária até os primeiros trotes da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Referência de muitos, conforme detalha o fotojornalista Luiz Alberto, o idealizador do presente, Roberto Higa é importante pela memória fotográfica que registrou e segue registrando do Estado, além de ser o norte de muitos que sonhavam em fotografar.

“Ele praticamente registrou tudo que tem de importante aqui, em Campo Grande. Desde a criação do Morenão, Parque das Nações Indígenas, o Parque dos Poderes, ele que fez os primeiros registros. Além disso, ele é uma referência, caso algum acadêmico, por exemplo, queira realizar uma pesquisa sobre fotografia em Mato Grosso do Sul. O Higa tem todos os registros guardados, tem informações, conhecimento de fotografia desde a época dos negativos. Além disso, ter trabalhado com ele também nos rendeu muitas experiências com a fotografia e muitas histórias, então realizar esse presente me pareceu importante, necessário. Eu fiquei pensando: o que eu poderia dar para um fotógrafo como ele, que praticamente tem um museu em casa? E me ocorreu que a única coisa que não encontrei na casa dele foram fotografias dele trabalhando. Então, comecei a ir atrás dessa ideia, eu já tinha algumas fotos que fiz dele trabalhando e fui atrás dos outros amigos fotojornalistas que se animaram muito, tanto é que são 10 fotógrafos que participaram. Enfim, organizei um álbum com fotos desses dez fotógrafos e acho mesmo que o japonês vai gostar e se emocionar muito”, disse Luiz, emocionado.

Desde os anos 80, Roberto Higa trabalhou em jornais impressos, espaço onde encontrou a fotografia, começou a desenvolver seu olhar e a aprender técnicas. A relação que começou despretensiosa virou sua profissão, que Higa fez questão de compartilhar aos filhos, que também optaram pela fotografia. Quem compartilha mais histórias a respeito do profissional é o fotógrafo Marcos Maluf, que destaca a relevância e admiração a Higa.

“Eu já tive a oportunidade e o privilégio de estar com ele em algumas pautas jornalísticas, mas a inauguração da 14 de Julho foi realmente a pauta que mais me marcou. O clima era festivo, e eu, admirador assíduo, avistei somente parte de seu chapéu em meio à multidão, logo chamei aos gritos: ‘Higaaaaa’, nos abraçamos e trocamos algumas palavras. Talvez tenha me marcado bastante porque era um dia de festa. Além do mais, no trabalho dele, o diferencial é a experiência. Eu costumo dizer que na fotografia um click tem o peso dos clicks passados, então imagina o peso que tem uma foto dele hoje, após contar tantas histórias. O trabalho que o Higa realizou e ainda realiza é fundamental para documentar a história do nosso Estado. Isso sem contar sua importância no estudo social”, afirma Maluf.

Roberto Higa já realizou fotografias que narram a história de Corumbá, Campo Grande, realizou exposição em feira livre, palestrou em universidade e escolas periféricas. Suas fotos já foram temas de palestras do ASL (Academia Sul-Mato-Grossense de Letras) e é uma referência para muitos fotógrafos. Após completar 72 anos, o autor da memória fotográfica do MS é presenteado com registros realizados por amigos da profissão de momentos em que Higa realizava suas fotografias. A iniciativa de Luiz Alberto reuniu dez fotógrafos do Estado: Luiz, Luciano Muta, Henrique Arakaki, Henrique Kawaminami, Chileno, Wagner Guimarães, Wesley Ortiz, Marcos Maluf, Jairton Costa, além de Nilson Figueiredo, que destaca a importâcia do profissional em sua trajetória e os feitos marcantes que Higa realiza por Mato Grosso do Sul.

“Bom, o Higa registrou Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Ele tem o arquivo dos dois Estados, embora, na época, fossem um só. Então, a importância dele é muito significativa porque registrou praticamente todos os acontecimentos na área política, já que se profissionalizou mais nessa área e ainda continua registrando os principais acontecimentos que vêm ocorrendo. E é fundamental que ele continue fazendo isso, embora haja outros fotógrafos que também o façam. Mas ele é o único com um acervo adequado. Além disso, eu estou na fotografia um pouco menos que ele. Estou completando 45 anos de fotografia, e ele já tem mais de 50, deve estar com 54, por aí. Eu trabalhei para ele durante quase 3 anos. Embora eu já fotografasse, acabei me aprimorando muito com ele. Higa foi praticamente um professor para mim. Aprendi muita coisa com ele em relação à iluminação e fotojornalismo. E todo o trabalho que ele realizou é muito importante para todos. Parabéns, Higa!”, felicita Figueiredo.

Segundo Roberto Higa a respeito do presente e palavras carinhosas que recebeu, os sentimentos são de agradecimento e felicidade.

“Estou grato por poder vivenciar e visualizar toda a minha jornada dentro de uma profissão tão enriquecida de histórias e de pessoas. Como fotojornalista, meu arquivo guarda com carinho as feições de toda uma comunidade em suas alegrias e tristezas, registrando uma trajetória de luta e vitória de um Estado que depois se dividiu em dois. E assim, eu fui contando histórias sempre com muita responsabilidade e humanização de um povo que aprende a sorrir diariamente. Hoje o sentimento é de gratidão por tudo e por todos que me acompanham até aqui”, agradece Higa.

Por Ana Cavalcante.

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