Após mostra presencial de dança, festival segue até agosto em formato híbrido, com etapa online além de premiações em dinheiro
A primeira edição do Festival Florescer – Mostra de Dança aconteceu nos dias 27 e 28 de junho, em Jardim (MS), reunindo dança, diálogo e formação em um espaço de celebração da arte e da educação. Com oficinas, rodas de conversa e uma mostra competitiva, o evento contou com a participação de estudantes de diferentes faixas etárias, desde a educação básica até o ensino superior.
Entre os destaques da programação estavam oficinas de bellydance com Morgana Shayra, dança de salão com Flaviano Mendonza, carimbó com Aurora Silva, dança indígena com Ya Moreira e danças urbanas com Daniel Andrade, promovendo uma verdadeira troca de saberes entre artistas, educadores e alunos.
Idealizado pelo município de Jardim, o Festival Florescer tem formato híbrido e seguirá sua programação em agosto, com a realização da mostra online, onde jurados especializados irão avaliar apresentações de dança produzidas por estudantes da rede pública de ensino. O projeto visa fortalecer o vínculo entre cultura e educação, incentivando a expressão artística, a diversidade cultural e revelando talentos dentro do ambiente escolar. A proposta é que o festival se consolide como um espaço contínuo de formação e protagonismo juvenil por meio da arte.
O projeto foi aprovado no Edital 11/2024 da Lei Paulo Gustavo Estadual. Com essa conquista, o festival ganha ainda mais relevância, possibilitando o acesso democrático à dança e incentivando a participação de alunos de escolas públicas e privadas. O evento conta com uma Mostra Competitiva Livre que abrange estudantes regularmente matriculados em instituições de ensino, divididos em quatro categorias:
Infantil A (alunos da pré-escola), Infantil B (alunos do Ensino Fundamental I e II), Juvenil (alunos do Ensino Médio) e Adulto (Educação de Jovens e Adultos – EJA e Ensino Superior). As apresentações podem ser feitas em solos, duos/trios ou conjuntos e estarão divididas em diversas modalidades de dança, como Ballet Clássico Livre, Neoclássico, Dança Contemporânea, Dança Moderna, Jazz Dance, Danças Urbanas (como Hip Hop, Street e Reggaeton), Danças Étnicas e Populares, Sapateado e Estilo Livre.

Foto: Wender Correa/Divulgação
Florescendo talentos
Ao jornal O Estado, a coordenadora executiva do Festival Florescer, Aurora Martim, explicou que o nome do evento simboliza o renascimento da arte e da cultura em Jardim (MS), cidade ainda sem um plano municipal de cultura consolidado. Segundo ela, o festival marca um ponto de virada ao reativar a dança nas escolas e comunidades, revelando talentos antes invisibilizados e mostrando a importância de políticas públicas para o fortalecimento do setor cultural.
“No contexto da dança, ‘Florescer’ simboliza o germinar de algo que já existia, mas estava adormecido. Foi o início de um movimento que trouxe à tona expressividades antes invisibilizadas, revelando talentos e reativando um segmento que, na cidade, carecia de estúdios e iniciativas de formação”, explica.
Segundo a coordenadora, o que mais emocionou na mostra competitiva infantil do Festival Florescer foi o clima de acolhimento e sensibilidade que marcou o evento. Com um olhar humanizado, o festival respeitou as realidades socioculturais dos participantes, garantindo espaço para que todos se sentissem valorizados. Muitos estudantes se apresentaram no palco pela primeira vez, e o empenho de professores emocionou o público.
“A descoberta de talentos foi algo excepcional. Crianças muito pequenas, com apenas seis ou sete anos, apresentaram solos com uma desenvoltura impressionante, revelando uma expertise natural para a dança, muitas vezes contrariando barreiras sociais e econômicas. Mais do que a técnica, o festival valorizou o brilho no olhar. O impacto disso é imenso, especialmente para crianças que não teriam condições de pagar por inscrições em festivais nacionais ou internacionais. Ali, naquele palco, elas puderam mostrar sua arte e serem reconhecidas por isso”, afirma.

Foto: Wender Correa/Divulgação
Mostra Online
A Mostra Online do Festival Florescer ampliou o alcance do evento, permitindo a participação de projetos sociais, ONGs e escolas de regiões distantes que não poderiam estar presencialmente. Com 79 vídeos inscritos e 52 homologados de oito estados brasileiros, a iniciativa reforça o compromisso com a inclusão e a valorização da arte na educação.
A Mostra Online do Festival Florescer conta com um corpo de jurados formado por Luara Maria, Moacir Jr. e Bruno Ferraz, que trazem à avaliação o mesmo rigor e sensibilidade da mostra presencial. O resultado será divulgado no dia 1º de agosto, com premiações em dinheiro, troféus digitais e físicos opcionais. A recepção do público tem sido bastante positiva, reafirmando o sucesso do formato inclusivo.
Agora, parte do calendário oficial de eventos do município de Jardim, o Festival Florescer dá um passo importante para sua continuidade. Os planos para o futuro incluem ampliar parcerias, fortalecer as mostras presenciais e online, e desenvolver novas ações, como categorias específicas por linguagem e propostas em videodança. A organização também reforça o compromisso de valorizar profissionais do Mato Grosso do Sul e buscar novos incentivos para garantir o acesso democrático à arte e a participação de escolas e artistas de todo o país.
“O que se viu durante o festival foi a celebração da alegria que existe na periferia, nas comunidades, e que muitas vezes é invisibilizada. O papel do evento não foi julgar corpos nem técnicas, mas dar visibilidade à beleza e à força da arte que nasce do coletivo”, finaliza.

Foto: Wender Correa/Divulgação
Amanda Ferreira