O espetáculo “Silêncio Branco”, da Ginga Cia de Dança leva um tema social tão difícil quanto urgente: a violência contra a mulher. A apresentação acontecerá amanhã (30) em Corumbá, em alusão ao dia internacional da dança que é celebrado hoje (29).
O espetáculo será apresentado na Oficina de Dança, às 19h, com entrada gratuita. Os ingressos podem ser retirados no local 01h antes do evento e tem classificação etária de 14 anos.
O espetáculo
Em todo tempo de atividade, a companhia abordou inúmeras vezes em suas produções o universo feminino e agora, enfrenta o que considera o maior desafio, apresentar com arte e dança uma realidade de objetificação da mulher que culmina em agressões e feminicídios.
O diretor e criador da Companhia, Chico Neller apresentou a proposta de espetáculo para o Fundo de Investimentos Culturais -FIC-MS da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul em 2019 e por conta da pandemia Covid 19, a estreia foi adiada e ao mesmo tempo, a pesquisa e todo o processo acabou aprofundado. E o que se viu, foi que o isolamento social, não apenas retardou o espetáculo como também aumentou em 33,3% os casos de assassinatos contra a mulher, saltando de 30 casos em 2019 para 40 em 2020 em Mato Grosso do Sul.
O feminicídio é o ápice da violência, mas as formas de ataque às mulheres têm os registros mais variados e isso tem um enorme impacto social, mesmo assim, segundo Chico Neller o assunto pouco extrapola as bolhas punitivas ou de proteção. “A comunidade não enfrenta este tema com a gravidade e a força necessária. Parece que estamos todos inertes, congelados, apenas assistindo os casos acontecerem e foi isso que nos motivou a fazer alguma coisa. Estamos colocando a dança à serviço desta discussão, colocando nossa arte para que, com outra linguagem, contribua para arrancar a venda dos olhos da sociedade”, explica Neller.
Pesquisa para o espetáculo
O processo de pesquisa para a montagem contou com uma rede de colaboradores, levou todo o elenco da companhia a conversar com autoridades ligadas aos direitos e à defesa das mulheres, em reuniões e encontros na Casa da Mulher Brasileira, entre outros.
Mais diretamente na reunião de estudos científicos e pesquisas sobre a bases históricas na origem da construção social da condição feminina, A Ginga contou com a colaboração direta do ex-bailarino da Companhia e estudioso do tema, Gilbas Pisa. Ele é criador, mestre em performance e cultura pela University de Londres e pós-graduado em intersecções do feminismo