Espetáculo “A Sbørnia Kontr’Atracka” mistura música, humor e crítica social em experiência imersiva

Foto: Ronaldo Canos
Foto: Ronaldo Canos

Espetáculo mistura música, humor e crítica social em experiência imersiva que celebra o legado de “Tangos e Tragédias” e traz de volta o universo surreal da Sbørnia em única apresentação em Campo Grande

Em um mundo onde o impossível se mistura ao absurdo, surge “A Sbørnia Kontr’Atracka”, um espetáculo que desafia as convenções do teatro tradicional. A história se passa em uma ilha fictícia que, após explosões nucleares mal-sucedidas, se desprende do continente e passa a sobreviver reciclando o “lixo cultural” de todo o planeta. O público terá a oportunidade de conhecer a Sbørnia em sua apresentação única em Campo Grande, no Teatro Glauce Rocha, no dia 16 de outubro, onde a mistura de música, teatro e humor nonsense promete uma experiência imersiva e inesquecível.

Foto: Ronaldo Canos

A nova criação marca a continuidade do legado de Hique Gomez e do saudoso Nico Nicolaiewsky (1957–2014), que conquistaram gerações com o histórico espetáculo “Tangos e Tragédias”. No palco, voltam à cena o violinista Kraunus Sang (Gomez), a pianista Nabiha (Simone Rasslan), o professor MenThales (Tales Melati) e o excêntrico Pierrot Lunaire (Gabriella Castro). O Maestro Plestkaya, imortalizado por Nicolaiewsky, segue presente por meio de projeções no telão.

A montagem combina elementos de teatro, concerto e uma boa dose de humor nonsense para transportar os espectadores para o cotidiano surreal da Sbørnia. O trabalho técnico também se destaca: um som surround cuidadosamente elaborado por Edu Coelho, iluminação de Heloiza Averbuck e projeções interativas que criam uma atmosfera única, ampliando a experiência sensorial e imersiva da apresentação.

O espetáculo é apenas uma das últimas expressões de um projeto que, ao longo dos anos, se expandiu para diferentes formas de arte. Criado inicialmente como uma história de quadrinhos, a Sbørnia ganhou sua versão cinematográfica em 2013, com o filme “Até que a Sbørnia nos Separe”, que recebeu a direção de Otto Guerra e Ennio Torresan Jr., membros da Academia de Cinema de Hollywood.

Mais recentemente, a série “Sbørnia em Revista” se destacou com três prêmios no Rio Web Festival, incluindo as categorias de Melhor Websérie Nacional e Internacional. Cada nova versão da Sbørnia amplia os horizontes da proposta, sem perder o seu espírito irreverente.Com um elenco que transita entre o absurdo e a crítica social, o espetáculo convida o público a refletir sobre temas como identidade, tradição e modernidade de uma forma irreverente e envolvente.

 

Ampliando novos horizontes 

Em uma entrevista exclusiva para O Estado, Hique Gomez, um dos criadores da Sbørnia, refletiu sobre o processo de dar nova vida ao universo que há mais de 30 anos encanta o público.O criador também revelou que, após a perda de seu parceiro de longa data, Nico Nicolaiewsky, o início da jornada sem ele foi desafiador. Segundo Hique, a riqueza do legado da Sbørnia, construída tanto no filme de animação quanto na série que estreou no Prime Box Brazil, fez com que o universo da ilha fictícia se tornasse inesgotável.

“A responsabilidade foi do público, que sempre pedia para não deixar a Sbørnia morrer.Não foi fácil, depois de 30 anos juntos. Mas o conteúdo que criamos juntos permitiu uma vasta perspectiva.Tudo virou um conteúdo que nos parece infinito, sempre trazendo novas possibilidades para reinvenção e continuidade”, destaca.

Hique falou sobre o desafio de conciliar as funções de diretor e ator especialmente ao reviver seu icônico personagem Kraunus Sang, agora ao lado de novos personagens e tecnologias inovadoras.As tecnologias entraram de forma natural, principalmente as projeções, que foram feitas junto com o Rique Barbo, responsável pela edição do filme. Ele trouxe um novo mapa da Sbørnia com suas 8 regiões, que geram novas canções e abrem espaço para uma nova narrativa.

 “Eu já dirigia Tangos e Tragédias junto com o Nico Nicolaiewsky, então dirigir já é algo natural para mim. Dirigi outros espetáculos aqui no Sul, e esse processo se conecta muito com o conteúdo que venho desenvolvendo com outros colegas, como o Cláudio Levitane e a Simone Rasslan.A integração das novas tecnologias, especialmente as projeções, foi um desenvolvimento orgânico do espetáculo. Isso enriqueceu ainda mais o universo da Sbørnia”,afirma.

 

Projeções Inovadoras 

Ao ser questionado sobre a presença do Maestro Plestkaya (personagem eternizado por Nico Nicolaiewsky)  por meio de projeções em A Sbørnia Kontr’Atracka, Hique revelou que a integração da memória do parceiro à nova linguagem cênica foi um processo delicado, porém necessário. A ausência física de Nico, segundo Hique, não significa ausência criativa ou afetiva, mas de acolhê-la como parte do espetáculo

“Nico Nicolaiewsky deixou um grande legado com o conceito que dividimos por 30 anos. Seria impossível que ele simplesmente desaparecesse. Ele continua conosco em consciência. Às vezes tenho a impressão de que ele nos sopra algumas piadas. Foi difícil, mas não superamos a sua falta… simplesmente o integramos de outra forma”,explica. 

Sobre os elementos visuais, o som surround e a participação de coros locais no espétaculo destacou que todos esses recursos são fundamentais para tornar o espetáculo uma experiência verdadeiramente imersiva, que transcende os limites do teatro convencional. Segundo Hique, a montagem é tão envolvente que o público, especialmente as crianças, muitas vezes se deixa levar completamente pela fantasia.

 “Tudo traz mais credibilidade ao universo da Sbørnia. Nossa missão é convencer as pessoas de que ela existe de verdade. Tem gente que sai do show e vai procurar a Sbørnia no mapa. Crianças ficam na janela esperando para ver se a ilha da Sbørnia vai passar aqui no rio Guaíba.Essa fusão entre arte e imaginação é a prova do quanto o universo sbørniano consegue tocar e encantar diferentes gerações”.

 

 Caráter crítico

Sobre o caráter crítico e bem-humorado da Sbørnia, Hique Gomez acredita que o espetáculo continua sendo um espelho (ainda que distorcido)da realidade, mas deixa espaço para que o público tire suas próprias conclusões. “Acho que quem tira as conclusões são as próprias pessoas. É o principal papel delas vindo a nossos shows”, detalha.

Para ele, o que torna tudo ainda mais potente é a qualidade dos artistas que integram a montagem atual. Hique fez questão de destacar Simone Rasslan, maestrina, arranjadora e cantora que interpreta a hilária Nabiha Nabaha: “Só ela já garantiu uma boa quantidade de ingressos de pessoas que vêm de Dourados para vê-la”, disse.

Completam o elenco Tale Melati, que adiciona um toque folclórico com sua gaita de foles, e Gabriela Castro, sapateadora que, segundo ele, “é capaz de colocar uma escola de samba no seu sapateado”. A experiência se completa com luz, som e projeções que ampliam a imersão e com uma equipe de produção que acompanha o projeto há 38 anos. “Estamos muito felizes com a reação do público que tem lotado as capitais por onde passamos. Queremos que se repita em Campo Grande”, finaliza.

Serviço: O espetáculo A Sbørnia Kontr’Atracka será apresentado em Campo Grande no dia 16 de outubro, quinta-feira, às 20h, no Teatro Glauce Rocha, localizado na UFMS  (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Os ingressos estão disponíveis por R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia-entrada), com vendas online realizadas pela plataforma Blueticket. A classificação etária é livre.

Por Amanda Ferreira

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