Em alusão ao Dia da Consciência Negra, Coletivo Enegrecer realiza exposição no MIS

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Fotos: Nilson FIgueiredo

Hoje, dia 20 de novembro, é o dia em que se celebra a memória de Zumbi dos Palmares, líder negro cuja data do falecimento determinou o Dia da Consciência Negra. Em comemoração à data, o Coletivo Enegrecer, composto por artistas negros de Campo Grande, realiza a “Mostra Preta” no MIS (Museu da Imagem e do Som). Com entrada gratuita, a exposição permanece no museu até 30 de novembro.

O Dia da Consciência Negra foi oficializado em 9 de janeiro de 2003, sendo sancionado apenas em 2011, por meio do projeto de lei n°10.639. Válido em todo o território nacional, este dia promove, enfaticamente, a reflexão sobre a luta negra contra a discriminação racial e a desigualdade social. Durante esse período, diversos projetos e atividades são realizados em celebração aos afrodescendentes, que continuam em resistência e luta contra o que alguns grupos chamam de “falsa abolição”.

Com o propósito de homenagear e instigar reflexões, o Coletivo Enegrecer, formado em 2019, por 23 artistas negros campo-grandenses, apresenta a Mostra Preta no MIS. Inaugurada no começo do mês, a mostra apresenta diversas criações artísticas que estão dividas entre a exposição “Ori” e a exposição fotográfica “Olhares Negros”. A partir de diferentes linguagens artísticas, como pintura, fotografia, gravura e desenho, os artistas buscam transmitir suas vivências como negros brasileiros, explorando temas de ancestralidade, questões políticas e sociais. Conforme explica a artista visual Érika Pedraza, uma das integrantes do coletivo, a exposição “Ori” busca expor e discutir sobre a vivência particular de cada integrante do grupo.

“Ori é nosso orixá, é o primeiro, ele nasce conosco. Cada ser tem um Ori particular. Ori é nossa cabeça exterior e interior, ele nos guia em direção ao que mais queremos, dizendo a uma pessoa o que ela tem de bom, quando ela consegue escolher sabiamente seus caminhos e quais batalhas travar ou não. Nesta exposição, os artistas dialogam entre suas obras, explorando a particularidade que cada um carrega dentro de si e a necessidade de transmitir isso por meio de seus trabalhos. A pluralidade do autorreconhecimento do ser, abrindo espaço para que os artistas falem sobre suas vivências, seu cotidiano e externem seus pensamentos, de modo coletivo. A exposição apresenta a diversidade que há em cada ser, na complexidade de suas existências, com o intuito de afirmar que é por meio de nosso Ori que, mesmo em sua totalidade e unidade, há liberdade de ser, de se conhecer e se reconhecer individualmente”, explica Érika.

‘Olhares Negros’ 

Proporcionando um panorama da exposição, especialmente em relação à mostra fotográfica “Olhares Negros”, um trabalho artístico que integra a mostra, a fotógrafa Cecília Hanna descreve os registros que refletem as vivências dos artistas.

“A proposta da mostra de fotografia Olhares Negros é mostrar o olhar do artista negro por meio de sua vivência como pessoa negra, aquilo que observamos e sentimos, na importância de registrar, seja nossos corpos, nossa cultura e nosso povo. Nessa mostra de fotografia, podemos encontrar um pouco de tudo, de cada vivência particular do artista”, afirma a fotógrafa. As obras que integram a mostra foram realizadas por três artistas e são fotografias subjetivas e diversificadas, com registros de festas com protagonismo preto, retratos de pessoas pretas e registros detalhados de corpos e sombras. Cada artista com sua particularidade, mas envolvendo o mesmo tema”, comenta a fotógrafa.

União e oportunidades 

O Coletivo Enegrecer existe há quatro anos e visa contemplar a pluralidade e complexidade do artista negro. Formado por 23 artistas, o coletivo critica as desigualdades sociais que permeiam as diversas esferas da sociedade, trazendo à tona criações que possibilitam experienciar, de forma criativa, suas dores e conflitos. Conforme destaca a artista visual Thalita Valiente, oportunidades como essa são de suma importância.

“A meu ver, mostras como essa fazem as pessoas refletirem sobre algo além delas, da realidade em que vivem, e perceberem que existem pessoas organizadas para mostrar algo que não é clássico, que a arte contemporânea e afrodiaspórica vem se fazendo presente, ocupando todos os lugares que conseguem, desde museus até artes urbanas de rua”, afirma.

A mostra estará no terceiro andar do MIS até 30 de novembro. O museu é localizado na Av. Fernando Correa da Costa, 559. Para conhecer mais sobre o coletivo, acesse, no Instagram: @enegrecercoletivo.

Por – Ana Cavalcante.

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