A dança como força primordial da vida é o ponto de partida de “Eclosão – A Alma em Movimento”, espetáculo de Dança Cigana Artística que será apresentado no dia 20 de dezembro, às 19h, no Teatro Allan Kardec, em Vila Planalto. Inspirada nos quatro elementos da natureza; terra, fogo, água e ar, a montagem propõe ao público uma imersão sensorial que une movimento, emoção e simbologia, convidando o espectador a sentir a pulsação da criação e do renascimento humano por meio da arte.
Estruturado em blocos que representam cada elemento, o espetáculo traduz estados emocionais, ciclos da vida e forças internas que atravessam a existência. A terra evoca raízes e estabilidade; o fogo, transformação e intensidade; a água, fluidez e emoção; e o ar, liberdade e expansão. A proposta é conduzir o público por uma narrativa corporal que vai além da dança, transformando o palco em um organismo vivo, em constante mutação, onde cada gesto carrega significado.
Para ampliar essa experiência, “Eclosão” aposta em uma linguagem integrada, que combina coreografias com cenas de caráter teatral e lúdico. Recursos cenográficos, efeitos especiais, projeções de imagens e efeitos visuais ajudam a construir atmosferas específicas para cada elemento, reforçando o caráter imersivo da apresentação. O resultado é uma narrativa visual que dialoga diretamente com a sensibilidade do espectador, criando conexões entre corpo, natureza e espiritualidade.
Outro aspecto que dá força ao espetáculo é a diversidade do elenco, formado por mulheres, homens, crianças e idosos, reunindo diferentes corpos, tempos e histórias em cena. Essa pluralidade reforça a ideia central de que a vida e a natureza se manifestam de múltiplas formas, todas igualmente potentes.A presença de múltiplos corpos e experiências em cena dialoga com a proposta de representar a vida em suas diferentes fases. Os ingressos custam R$40 e a apresentação acontece na Avenida América, 653.
Terra, água, fogo e ar

Foto: Divulgação
O elenco de “Eclosão – A Alma em Movimento” é formado exclusivamente por alunos e bailarinos da companhia responsável pela montagem, o que confere ao espetáculo um caráter autoral e coletivo. A diretora da Escola de dança, Yordana contou para o Jornal O Estado, Em cena, intérpretes de diferentes idades crianças, jovens, adultos e pessoas da terceira idade dividem o palco, refletindo a diversidade de corpos, histórias e experiências que também está presente na natureza.
Cada bailarino contribui para a construção dos quatro elementos a partir de sua própria expressividade, sem associações fixas a idade ou tipo físico, reforçando a ideia de coexistência e transformação contínua.
“Esse elenco representa exatamente o que o espetáculo propõe. São alunos e bailarinos que constroem juntos essa narrativa, cada um trazendo sua vivência para os elementos. A terra aparece na força e na presença, a água na fluidez, o fogo na intensidade e o ar na leveza dos gestos. Quando crianças, adultos e idosos dançam lado a lado, mostramos que esses elementos se complementam, assim como as fases da vida, e que cada corpo tem um papel essencial na cena”, destaca.
A presença dos quatro elementos da natureza também orienta toda a concepção visual e cênica do espetáculo O espetáculo é organizado em quatro momentos distintos, cada um dedicado a um elemento; terra, água, fogo e ar, com identidade estética própria.
“Os figurinos trazem cores, tecidos e movimentos que dialogam diretamente com cada elemento e se tornam extensões do corpo em cena. A cenografia, as projeções e os adereços manipulados pelos próprios bailarinos ajudam a construir esses ambientes e intensificam a experiência visual, fazendo com que terra, água, fogo e ar sejam vivenciados pelo público ao longo da apresentação”, afirma.
Ensaios e preparação
A montagem de Eclosão envolveu cerca de três meses de ensaios e preparação contínua, que abrangeram desde a concepção artística e coreográfica até a produção e a construção cênica do espetáculo.
“Foi um período de trabalho muito concentrado e desafiador.O elenco é grande e diverso, o que exige um cuidado especial para que todos estejam integrados. Além disso, todo o espetáculo foi produzido de forma independente, com a direção, a criação coreográfica, os ensaios e a produção geral sob minha responsabilidade”.
O processo exigiu dedicação intensa do elenco e da equipe, com atenção tanto ao desenvolvimento técnico quanto à organização necessária para integrar todas as etapas da criação em uma apresentação coesa.
“Assumir essas funções ao mesmo tempo demandou esforço, mas também permitiu construir uma obra autoral, com unidade e proximidade com os alunos em cada etapa do processo”, explica.
Danças tradicionais

Foto: Divulgação
A base estética e conceitual de “Eclosão” está na dança cigana artística, linguagem que orienta a construção corporal, simbólica e visual do espetáculo. A partir dessa matriz, a montagem desenvolve coreografias inspiradas em diferentes vertentes da dança cigana, reinterpretadas de forma cênica e autoral.
“A dança cigana é o fio condutor de todo o espetáculo. Ela orienta o corpo, a energia e a forma de ocupar o espaço. A partir dessa linguagem, construímos performances que se conectam aos elementos da natureza pela intenção do movimento e pela emoção. Além disso, incluímos momentos cênicos e performáticos com um caráter mais teatral e lúdico”, detalha Yordana.
A dança cigana artística também se coloca como um gesto de valorização cultural no cenário local. Em Mato Grosso do Sul, onde essa linguagem ainda é pouco difundida, o espetáculo amplia o acesso do público a outras referências estéticas e simbólicas, contribuindo para o fortalecimento da diversidade cultural e para a ampliação do repertório artístico da cidade.
“Mais do que entreter, a ideia é aproximar o público dessa cultura e provocar reflexão.A dança permite conhecer a riqueza dessa tradição, ajuda a quebrar estereótipos e a combater preconceitos. Espero que as pessoas saiam tocadas pela experiência, reconhecendo nos elementos da natureza e nas emoções em cena algo que também faz parte delas, e que essa vivência permaneça mesmo depois do espetáculo”, finaliza a diretora.
Serviço: A apresentação “Eclosão” acontece hoje, dia 20 de dezembro, às 19h, no Teatro Allan Kardec, na Vila Planalto. Ingressos a R$40. Mais informações pelo telefone (67) 9 8158-5378.
Por: Amanda Ferreira